A 12 de Maio assinala-se o Dia Internacional do Enfermeiro (DIE). O dia ganhou preponderância, ao longo dos últimos anos, fruto de lideranças incisivas e demonstradoras da importância dos cuidados de Enfermagem para a população.
Hoje, o país fala dos e para os Enfermeiros com reconhecimento, destacando a sua importância, ao contrário do que acontecia há dez anos.
Neste dia de celebração, cabe-me a ingrata tarefa de dizer que agradecemos a consideração, mas preocupa-nos a inação.
Os cuidados de saúde têm de ser planeados, de forma estratégica e com vista ao futuro e às reais necessidades da população. De nada serve dizer que o Enfermeiro está sempre lá, quando o governo assume que faltam ao SNS 14.000 profissionais de Enfermagem.
O desinvestimento contínuo e prolongado nas carreiras da saúde faz-nos aproximar de forma galopante dum colapso irreversível. Este prognóstico mais não é do que observância e antecipação de políticas públicas erradas, que nos têm levado a exportar talentos e testar soluções para tentar mitigar a bola de neve que esta má política propicia.
Enfermeiros a menos para uma população mais envelhecida e em maior número, é uma equação em que o resultado será, provavelmente, o desmoronamento do SNS. Quanto menos cuidados existirem, mais doenças surgirão. Isto significa maior pressão na sustentabilidade do sistema.
Tudo isto, associado à falta de recursos materiais, insegurança profissional e física em determinados contextos, assim como a exaustão física e emocional que os baixos rácios potenciam, torna Portugal um sítio pouco motivador para ser Enfermeiro.
Assim, neste ano, em que o Conselho Internacional de Enfermeiros, escolhe como tema “Os nossos Enfermeiros. O nosso Futuro. Cuidar dos Enfermeiros fortalece as economias”, urge pensar no futuro que queremos para o país e começar a agir antes que cheguemos ao ponto de não retorno.
A dedicação dos Enfermeiros requer mais atenção. São o pilar do SNS. Merecem, além de reconhecimento, valorização pelo bem-estar que proporcionam e pela diminuição de gastos que os seus cuidados representam.
Assegurar o futuro da saúde em Portugal só se conseguirá, ouvindo e valorizando os Enfermeiros.
O diagnóstico está feito! Não percamos mais tempo.
Enfermeiro Miguel Vasconcelos
Presidente do Conselho Diretivo Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros
Comentários