Criado em Lousada, em 2012, o Bando das Gaitas é um projeto musical pensado por um grupo de amigos que, para além da amizade, partilham o amor pela música. Marcando a diferença no concelho, o grupo segue o conceito Street Band, mas, mantendo a tradição e os instrumentos clássicos.
O Bando das Gaitas é uma brass band, conjunto musical geralmente composto inteiramente de instrumentos de sopro, na maioria das vezes com uma seção de percussão, “com uma formação diferente”, como assim o caracterizam os elementos.
É um projeto musical criado em Lousada, no ano de 2012, por um grupo de jovens amigos estudantes de música. Decidiram juntar-se para animar as ruas do concelho e participar no cortejo de Carnaval desse mesmo ano.
Começaram por um estilo mais popular e isso refletiu na sua primeira participação num “espetáculo em teatro de rua tendo por base o ‘O Cortejo dos Amortalhados’, também conhecido pela ‘Procissão dos Caixões’: um evento singular que durante décadas viveu integrado na Festa da Senhora Aparecida, em Lousada”, acrescentam. No entanto, o crescimento do grupo foi notório e paralelo à formação musical dos seus músicos.
O projeto adquiriu conhecimento e reconhecimento a nível nacional pela sua diversidade estilística e presença energética nas atuações. Tiveram, ainda, a oportunidade de trabalhar múltiplas vezes diretamente com a comunidade, “como nas atuações dos cortejos festivos, animação de eventos públicos e nos projetos teatrais em que estivemos envolvidos, que até incluíam associações de várias artes, não só de Lousada, mas do restante Vale do Sousa”, relembram.
O conceito Street Band era totalmente desconhecido nesta região: “os instrumentos musicais tidos como ‘clássicos’ eram apenas entendidos em contextos orquestrais ou em bandas filarmónicas”, explanam.
O Bando começou por ser só um grupo de amigos que se juntava para fazer o que mais gostavam e alargou-se para a partilha de conhecimento entre as várias vertentes artísticas, querendo tornar-se “uma referência para um público de todas as faixas etárias mostrando que, como outras áreas, a música é uma arte diversificada”, comentam.
“Queremos ser uma referência para um público de todas as faixas etárias mostrando que, como outras áreas, a música é uma arte diversificada”
O Bando das Gaitas é constituído por 11 elementos, divididos em três secções: madeiras, metais e percussões. Contrariamente à formação dos seus elementos, bandas filarmónicas, conservatórios e universidades de música, o estilo musical deste projeto centra-se nas vertentes Pop e Funk.
Joana Ferreira, Cristina Baptista, Hugo Barbosa e Fábio Ribeiro pertencem às madeiras, João Fernandes, Daniel Batista, Samuel Malheiro, João Neto e Gabriel Lopes estão nos metais, e Zé Stark e Fábio Mota são responsáveis pelas percussões.
Composições originais
O estilo musical deste Bando centra-se no pop e funk. Os arranjos, como as composições, são feitas por vários elementos, havendo assim um envolvimento mais liberal e multifacetado na sonoridade do grupo, mas o principal compositor é “o nosso trombonista Samuel Malheiro, ou seja, o que tem mais arranjos no grupo. O tema original foi feito pelo mesmo”, acrescentam.
Ao longo do seu crescimento o grupo teve a necessidade de se associar a “uma entidade para simplificar certos contratos com entidades públicas, como por exemplo municípios”, dizem.
“A Associação Recreativa de Nogueira teve a amabilidade de nos filiar. Estamos muito gratos pela ajuda ao longo destes anos, as caras administrativas sofrem pequenas alterações, mas o ambiente familiar e a solidificação associativa permanecem”, garantem.

No que diz respeito às questões artísticas, também nem sempre foi fácil para o grupo afirmar-se como brass band: “no início apareceram vários convites para trabalho filarmónico, fazer procissões e até mesmo fazer parte musical das cerimónias como por exemplo na igreja. Mas ‘cada macaco no seu galho’”.
O objetivo do Bando das Gaitas consiste em fazer animação em casamentos, mas, explicam, “na saída dos noivos da igreja e/ou durante o copo de água. Fazemos animações de eventos públicos, projetos teatrais e cortejos festivos, como nós lousadense conhecemos bem, como a marcha alegórica”
Sonhos do Bando passam por um disco
Com o surgimento da covid-19, em 2020, todos os contratos previstos foram cancelados. Porém, o grupo não se deixou vencer pelas dificuldades e aproveitaram a paragem para gravar novas músicas. Cumprindo todas as normas da Direção Geral da Saúde, gravaram o “I´m So Excited”, das Pointer Sisters e “Let Me Entertain You”, de Robbie Williams.
Na primeira composição, “I’m So Excited”, o som foi gravado na sede da BML – Banda Musical de Lousada, com a colaboração do técnico e amigo José Diogo Novais e, a parte visual, gravaram no Route 66, em Freamunde, Paços de Ferreira.
No segundo tema,“Let Me Entertain You”, foi gravado em diversos pontos turísticos de Lousada, com a ajuda de outro profissional e amigo, Sérgio Magalhães. “Tivemos também ajuda de várias entidades tais como o Município de Lousada, Gil Sonorizações e outros particulares”, acrescentam.
E com a celebração da primeira década de carreira do grupo à porta, já em 2022, o Bando das Gaitas sonha com a criação de um documento discográfico, onde pudessem demonstrar o que de melhor caracteriza o grupo e o que ainda são capazes de fazer. “Assim, criamos uma ponte ao tocar algumas músicas que já costumávamos tocar, mas com outras ‘aragens’, com novos e mais diversificados arranjos”, afirmam.
“Tanto os arranjos, como as composições, serão feitos por vários elementos, havendo assim um envolvimento mais democrático e eclético na sonoridade do álbum.”
“Para além disso, a identidade musical será reforçada pela composição de, pelo menos, duas músicas. Tanto os arranjos, como as composições, serão feitos por vários elementos, havendo assim um envolvimento mais democrático e eclético na sonoridade do álbum. Para que haja um trabalho coeso na gravação do disco”, explicam.
Quando o conceito estiver enraizado, esperam concretizar outro projeto, integrando festivais e outros eventos. O projeto consiste num Festival de Brass Band de rua e “gostaríamos que fosse cá em Lousada a primeira edição. Em Portugal, já existe este tipo de festivais na zona do Fundão e o ambiente que se cria e se vive na rua é bastante efusivo para todas faixas etárias”, testemunham.
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