Carlos Manuel Pinto Alves, natural de Silvares, emigrou há 30 anos para a Suíça. É chefe de equipa de construção civil, no serviço após venda. Ele e a esposa Sofia têm 3 filhos nascidos em Genebra: o David com 28 anos, a Laura 17 anos e o Lucas 14 anos. O enraizamento dos filhos naquele país complica os planos para regressar de vez.
Diz o ditado que “quem casa quer casa”, mas neste caso, quem casa quer ir para a Suíça. Foi precisamente o que aconteceu com Carlos Alves: “na juventude eu conheci a mulher que é hoje minha esposa, que trabalhava na Kispo e começamos a namorar. Mas o pai dela estava na Suíça e arranjou-lhe emprego cá. Eu fiquei em Lousada, mas continuamos a namorar por carta e telefone e estávamos juntos nas férias. Entretanto, fui chamado para a tropa, andei ano e meio na Marinha. Em agosto de 1991 casámos e em setembro vim para Genebra”.
Nos planos iniciais deste emigrante estava o trabalho num restaurante, “mas como acontece em muitos casos, também me calhou um patrão que não se portou muito corretamente”. Mas não tardou a encontrar trabalho e empregador cumpridor: “fui trabalhar para a firma onde estava o meu sogro e ainda aqui estou há 30 anos”, revela.
A esposa já estava adaptada àquele país, mas Carlos Alves afirma que “no princípio não foi fácil por causa de muitas saudades. Como sou de uma grande família, fui habituado a estarmos juntos no primeiro domingo de cada mês em casa do meu falecido e grande pai, conhecido por todos como Augusto Foguete”.
A reunião familiar era uma festa e a falta disso deixou saudades. Mas não foi a única falta que Carlos Alves sentiu: “faltava-me o futebol, a minha Associação Desportiva de Lousada,que comecei a seguir com o meu avô, quando eu tinha 8 anos e depois com o meu pai e os meus cunhados íamos ver os jogos todos, mesmo aqueles que eram disputados longe”.
Outras dificuldades foram sentidas por este lousadense nos seus primeiros tempos na Suíça: “senti o problema da língua porque eu não falava nada em francês, mas andei num curso para aprender e acabei por ultrapassar isso”.
“A Suíça é um país excelente, mas o que eu mais gosto de Genebra, são as belas paisagens. Outra vantagem daqui é que tudo aquilo de que precisamos temos por perto. Mas nem tudo é positivo. O aspeto mais negativo de viver aqui, a meu ver, é o nível de vida, que é muito caro”, declara Carlos Alves.
O tema das saudades volta sempre à baila. É um assunto incontornável para quem gosta tanto da sua terra de origem e dos seus eventos: “além das que já referi, as maiores saudades que tenho de Lousada são relacionadas com a família, os amigos, a comida que comemos feita por pessoas especiais,o convívio e a minha casa. Claro que não podia deixar as Grandiosas fora desta lista e nos últimos dois anos senti muito a falta das nossas festas grandes”, salienta o emigrante.
Falando sobre os planos para o futuro e sobre uma eventualidade de voltar definitivamente à sua terra, Carlos Alves afirma que “faz parte dos planos voltar um dia, mas ainda é cedo para falar disso, além de que não é um assunto fácil porque os filhos estão muito enraizados aqui”.
Para terminar, esta entrevista, o emigrante lousadense disse sobre a pandemia: “nesta altura não está fácil, como por todo lado; nem todas as pessoas reagem da mesma maneira; há aquelas que querem que isto acabe e fazem o necessário ou o que está ao seu alcance e alguns que não se importam muito e é por isso que só há cerca de 60 e tal por cento de vacinados na Suíça”.

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