Cidadã lousadense de gema, nasceu e cresceu rodeada de amor na vila das Camélias. Ana Raquel, é detentora de um notável percurso profissional alicerçado, em todas as ocasiões, pelo suporte incondicional da família. Ao longo da sua carreira como Advogada tem trabalhado com especial ênfase, com o Direito Penal. Nos dias de hoje, exerce o cargo de professora convidada da Faculdade de Direito da Universidade do Minho e é sócia da CMB, sociedade de advogados, RL, no meio dos infindáveis desafios.
Proveniente de Lousada, até à data com 43 anos feitos em outubro do ano transato, Ana desenvolveu-se enquanto mulher nesta vila onde atualmente ainda reside e não vislumbra mudar. Fez todo o seu percurso escolar em Lousada até ao 12º ano na Escola Secundária de Lousada.
Caracterizada pela sinceridade, contou ao Louzadense várias propriedades da sua vida, inclusive como o amor pelo Direito surgiu. Quando começou a ganhar personalidade e maturidade, detalhes naturais da adolescência, desencadeou o interesse bastante forte pela ideia da concretização da justiça. O objetivo de tentar ajudar as pessoas a atingir a justiça nasceu com esta, segundo afirma a própria. Contudo, o esforço de minimizar um conflito pela pacificação ao esclarecer e argumentar, também desde sempre fascinou Ana.
A frequentar o liceu, já no último ano de escolaridade deste, surgiu na Escola Secundária de Lousada a possibilidade da existência de uma disciplina com noções base de introdução ao Direito. Como esta era sujeita ao número de inscrições, Ana convenceu e quase corrompeu, de acordo com mesma, os seus colegas de turma no sentido de se inscreverem. Desta forma, conseguiria ter um contacto mais real com a sua paixão ainda antes de ingressar no mundo acadêmico.
Precisamente com este propósito, entrou na Universidade Lusíada do Porto, estabelecimento de ensino superior privado, em 1996 no curso de Direito. Em 2001, deu como concluída a sua Licenciatura. Apaixonada pela área, quando terminou o curso foi convidada para ficar a lecionar como Assistente na Universidade na qual tinha iniciado os seus estudos avançados.
Filha e sobrinha de professoras, a docência fez sempre parte da vida da família de Ana, porém esta nunca se imaginou a seguir o mesmo caminho. O convite irrecusável surgiu de um professor adorado. “Fiquei extremamente honrada com a invitação que não poderia dizer que não”, afirma Ana.

O seu verdadeiro primeiro emprego foi como docente, mas daí seguiram-se outros projetos. Ingressou na Ordem dos Advogados e teve o prazer de estagiar com um prestigiado Advogado. “Estagiei em Lousada com o saudoso Doutor José Vieira e tive a honra de ele ter aceite, conhecido até à data como o Advogado do crime”, sublinha.
Entretanto Ana após estagiar com o Dr. José Vieira, abriu sozinha, numa primeira fase, um escritório de advocacia em Lousada. Ao mesmo tempo, continuava a dar aulas na Universidade Lusíada do Porto. Mais tarde, criou um escritório com mais duas colegas também sediado na vila.
O facto de existir uma ordem social sempre fascinou Ana, todavia o Direito Penal é a especialidade que mais agrado lhe traz em trabalhar e, consequentemente, aprofundou os seus conhecimentos nesta área tanto no Mestrado como a posteriori no Doutoramento. O amor que no momento atual ainda nutre pelo crime surgiu com o professor que a convidou, mais tarde, para lecionar. “Marcou-me completamente pela forma apaixonada que abordava o Direito Penal”, declara.
Para além desta figura que a afetou positivamente, Ana acredita que dentro das pessoas há sempre uma curiosidade mórbida em perceber o motivo para certos indivíduos praticarem crimes. Ademais, a olhar-se numa visão mais prática o crime encontra-se presente nos filmes, nas séries, nos documentários, na televisão por mais que não se pesquise sobre o mesmo. “É uma das ciências mais interessantes”, sustenta Ana.
Com a necessidade de provar e demonstrar apenas a si própria que os resultados académicos obtidos numa Universidade Privada eram de igual qualidade que numa Universidade Pública, decidiu candidatar-se à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Em 2003, entrou no Mestrado em Ciências Jurídico-Forenses onde se tinha inscrito e, posteriormente, tirou o Doutoramento na Universidade Lusíada Porto, a sua primeira casa superior. Enquanto realizou os mesmos, continuou a dar aulas e a ser advogada.
O trajeto profissional de Ana seguiu novos horizontes. Corria o ano de 2014, quando entrou para uma sociedade no Porto, a CMB, onde desde 2016 é sócia da mesma.
Em 2019, por força da questão académica apareceu, de forma inesperada, um convite para dar aulas na Universidade do Minho. Ana aceitou e ainda doutrina na mesma sempre no âmbito das Ciências Jurídico-Criminais, a sua verdadeira preferência.
Surpreendentemente, Ana apaixonou-se pela docência, bem como, desde a “nascença” pelo Direito. “Saber transmitir o Direito, e contactar com gente nova é sempre tão importante que não tem preço”, reconhece.
Ana afirma piamente que continua a ser uma aluna, uma vez que, enquanto leciona aprende com os seus próprios estudantes. As perguntas, os enquadramentos feitos pelos mesmos por força do contexto diferente obrigam-na a pensar de forma singular. “É bastante enriquecedora toda a experiência como docente do Ensino Superior”, conclui Ana, convicta que não se imaginaria a não exercer este cargo.
Hoje em dia, o seu Curriculum é numeroso. Além destes desafios profissionais enumerados até então, é também Comentadora do Público e do Porto Canal, Formadora na Ordem dos Advogados de práticas processuais penais, Consultora na Associação Portuguesa de Criminologia, entre outras coisas. Todos estes bocadinhos preenchem-na, mas está sempre aberta a novos desafios. “Não é que eu seja uma constante insatisfeita ou demasiado ambiciosa, porém este percurso da vida profissional tem me mostrado que às vezes as coisas que me aparecem inesperadamente são as que mais me apaixonam”, sublinha.
Quando questionada sobre as suas maiores satisfações enquanto Advogada, Ana prontamente afirma que se sente privilegiada por conseguir ajudar as pessoas através das estratégias que delineia, utilizando o poder de argumentação para convencer um ou vários juízes. “Não há melhor sensação que ganhar, sobretudo pelo cliente. Significa que o Tribunal reconheceu o pensamento jurídico”, completa.
Uma das habilidades que considera essencial para alguém que pretende seguir a área de Direito, é o ser resiliente, palavra que está na ordem do dia. De acordo com a mesma, é preciso muita capacidade para resistir porque é um setor penoso que contacta com várias pessoas diferentes. Além desta, o ser metódico e, fundamentalmente, humano é primordial.
Já no final da entrevista, Ana frisou o quanto a sua família foi e continua a ser importante e imprescindível na sua vida. “Sem o suporte familiar que tenho metade do meu caminho não existia”, afirma sem hesitar. Segundo a própria, tem muito a agradecer ao seu núcleo pela possibilidade de fazer este percurso profissional da qual a deixa orgulhosa.
Mãe de duas meninas, uma com 14 anos e a outra com 8, Ana acredita que a sua ausência não foi relevante, até ao momento, na formação delas, dado que já se encontram com os valores certos com a ajuda das pessoas que lhes são mais próximas. “Tenho um apoio incondicional do meu marido e de toda a minha família”, finda com um brilho nos olhos.

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