por | 24 Dez, 2019 | Educação, Opinião

Os resultados de Portugal no PISA 2018

Foram publicados a 3 de dezembro, a nível nacional e a nível internacional, os resultados do PISA (Programme International for Students Assessement – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Neste programa participam, de três em três anos, alunos com quinze anos de dezenas de países de todo o planeta. Os dados agora publicados dizem respeito ao teste aplicado em 2018. Daí o título deste artigo. Apesar de terem sido publicados nesta data, os resultados são do PISA 2018. Ora, os dados disponíveis (em www.iave.pt) demonstram que Portugal tem vindo a melhorar sucessivamente os seus resultados, encontrando-se atualmente nos três domínios avaliados (Leitura, Matemática e Ciências) em linha com a média dos países da OCDE. Este facto é digno de realce, sobretudo se tivermos em consideração que Portugal partiu, em 2000, de uma posição muito abaixo da média da OCDE.

Estes dados significam, em primeiro lugar, que a Educação em Portugal, nomeadamente aquela que acontece nas escolas públicas, fez grandes progressos quando comparada com o que aconteceu noutros países, tanto europeus como do resto do mundo. Na realidade, participam atualmente neste estudo alunos de 79 países da Europa, da América do Norte, da América do Sul, da Ásia, do Médio Oriente, da Oceania, etc… Estão, por isso, de parabéns as escolas portuguesas, designadamente as escolas públicas portuguesas onde estuda a maioria dos alunos avaliados. Estão também de parabéns os próprios alunos, sem o empenho dos quais não era possível estarmos a melhorar consecutivamente os nossos resultados, quase há duas décadas. Estão de parabéns todos os docentes e não docentes que todos os dias dão o seu melhor em prol de uma educação cada vez com mais qualidade. Estão de parabéns as famílias portuguesas que têm vindo a dar cada vez mais importância à Escola à formação dos seus filhos, contribuindo para que estes também valorizem cada vez mais a cultura escolar.

Em segundo lugar, estes dados significam que, apesar dos políticos e das políticas, a sociedade portuguesa, nomeadamente as escolas, os seus parceiros e as famílias, tem vindo a fazer um percurso de sucesso, a todos os títulos, assinalável. Sublinhe-se que Portugal é um dos poucos países que tem um percurso no PISA de melhoria constante, se tivermos em consideração o ponto de partida (ano 2000) e os dois últimos anos de aplicação (2015 e 2018). Imagine-se, agora, os resultados que não teríamos conseguido se, nos últimos anos, tivéssemos tido políticos a sério e políticas sérias de Educação em Portugal. Esse é que é o cerne da questão: Portugal tem vindo a conseguir bons resultados, apesar de tudo. Como se sabe, e usando os números do próprio Mário Centeno, estão a ser desviados 650 milhões de euros todos os anos, quase há uma década, que deveriam ser investidos na Educação para investir nos bancos e nos banqueiros. Os cortes na Educação e na Saúde continuam a ser a principal fonte de receita de Mário Centeno para injetar biliões de euros no sistema financeiro português. Sistema financeiro esse que, como já assinalei noutros artigos de opinião, foi o principal responsável pela crise que ainda estamos a resolver. Acresce a este desvio de verbas para outros fins a falta de orientação política do Ministro da Educação. Nos últimos anos, as políticas e as medidas educativas têm surgido de forma avulsa, sem uma linha estratégica que se perceba, demonstrando que o Ministro não tem peso político, nem densidade política, nem conhecimentos consistentes sobre Educação, nem nada que o qualifique minimamente para o desempenho da função de ministro… Está no cargo apenas para fazer o que Costa e Centeno lhe mandam e nas condições que aqueles dois lhe vão impondo.
O único que parecia compreender a situação dos docentes era o Presidente da República, que disse, em tempos, que Portugal tinha “os melhores professores do Mundo”. Os dados disponíveis parecem confirmar isso. Lamentavelmente para o professores e para as suas famílias, os políticos que os elogiam são os mesmos que se têm esquecido de reconhecer, nos sucessivos Orçamentos do Estado (OE), o valor do serviço público de qualidade que oferecem a milhões de alunos no nosso país.

Termino, apesar disso, com uma nota de esperança. Se as Escolas e as famílias continuarem a trabalhar como têm vindo a trabalhar nos últimos anos, o futuro da Educação em Portugal dever merecer a nossa confiança. Se temos conseguido ótimos resultados mesmo com a perseguição salarial do Primeiro Ministro e do Ministro das Finanças, acrescida da (quase) inexistência de um Ministro da Educação, no dia em que tivermos os meios adequados e as políticas certas poderemos estar ao nível do que melhor se faz no mundo em termos de Educação.

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