Património não é mais do que as dissímeis memórias legadas ao longo de milénios, acarinhadas ou preservadas; esquecidas ou ocultadas; dissimuladas ou acobertadas. Dessemelhantes.
Contudo, evidências de valor de civilização ou de cultura, portadoras de interesse cultural precípuo. Ou seja, um conjunto de bens, de natureza material ou imaterial, de reconhecido interesse cultural, histórico, ambiental e imaterial. Daí ser primordial preservá-lo e tudo fazer para que permaneça intocável e seja transmitido às futuras gerações.
Há um «património» que excede toda a tipologia de variantes de patrimónios considerados: o humano. É este património que quero relevar – único e indiviso, arquivo de memórias, de usos e costumes, de tradições, de histórias, que contribuem para definir e contextualizar micro comunidades, assim como determinar idiossincrasias e particularidades de uma época.
Urge, portanto, enveredar por um projeto que se funde no princípio de que um território só é inteiro quando sente que o saber dos mais velhos é protegido, conservado e incorrupto, não omitido ou desbaratado. Ademais, somos memória; recetáculos de sapiência e património singular; possuidores de uma existência pontuada por vivências profundas ligada às tradições, práticas, comportamentos, técnicas e crenças.
José Carlos Silva, historiador e professor
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