por | 27 Mai, 2020 | Desporto, Grandes Louzadenses

CCD Ordem é a primeira instituição do Vale do Sousa a obter a Certificação da Bandeira da Ética

Alegria da distinção não apaga preocupações com o recomeço

O CCD Ordem é a primeira instituição do Vale do Sousa a obter a Certificação da Bandeira da Ética, atribuída pelo IPDJ – Instituto Português Desporto e Juventude, relativo ao PNED – Plano Nacional de Ética no Desporto. Para o Centro Cultural e Desportivo da Ordem, esta bandeira é o reconhecimento de uma visão e estratégia diferenciadora nas boas práticas da ética e fair play. O projeto “Jogas Comigo, sentes o que eu Sinto” foi determinante nesta conquista. Um projeto que tem como objetivo a promoção do conhecimento, consciencialização, valorização e fomentação dos valores da ética e fair play.

O Louzadense esteve à conversa com Jorge Furtado, presidente do CCD Ordem, que se mostrou satisfeito com esta distinção e esclareceu que a valorização da ética desportiva vem de trás. A aposta na formação evidencia essa forte preocupação. “Nós sempre estivemos focados na formação”, realça, acrescentando que tal aposta implicou um esforço para conseguirem meios que a sustentassem. “Uma das coisas fundamentais foi nós termos no ano passado iniciado a questão das entidades formadoras e isso será o que vai diferenciar as coletividades”, acredita.

A Bandeira da Ética é, assim, a concretização de um desidrato da época. “Foi-nos concedida pelo projeto que já estava aqui implementado, que é a formação, não com o intuito de ganhar apenas”, esclarece. Trata-se de formar no campo desportivo e dos valores. Para além das parcerias que o CCD Ordem fez com a Escola Secundária de Lousada e do protocolo com o Figueiras Futsal, Jorge Furtado explica que foi criada uma escola de explicações no clube, onde os atletas podem estudar.

Inversão de papéis para levar à perceção global do mundo do futebol
Também muito importante foi o projeto “Jogas comigo, sentes o que eu sinto”, dinamizado por Luís Leal, do departamento de formação, que consistiu em inverter os papéis: “Pegar nos atletas e pô-los em todas as outras funções que não as dos atletas e pôr os pais no papel de atletas”, explica o presidente. Realizado o evento, foi documentado e submetido a análise. “Submetemos a candidatura e ficamos a aguardar pelo resultado pelo IPDJ. No dia 10 deste mês, recebi um e-mail a dizer que o nosso trabalho foi considerado. Não cabia em mim de contente por ver o nosso trabalho o trabalho reconhecido”, declara. O orgulho é ainda maior se considerarmos que, a nível nacional, não chega a uma centena o número de instituições distinguidas. “Ficamos muito contentes. Vamos ser portadores dessa bandeira, que nos vai trazer alguns encargos, mas é certo que vamos envergá-la até maio de 2022”, constata. A associação continuará a ser vistoriada e avaliada, já que este galardão acarreta uma grande responsabilidade.

Certificação da Federação poderá chegar em julho

À espera da certificação por parte da Federação Portuguesa de Futebol, que poderá acontecer em julho, para poder competir nos campeonatos nacionais a partir da época 2022-2023, Jorge Furtado acredita que o trabalho desenvolvido será premiado com o “sim” da Federação. “Apercebemo-nos logo no princípio, que a formação seria a sustentabilidade dos clubes e, por isso, no ano passado, começamos este processo a sério, que terminará no dia 31 de julho. Nós temos a certeza de que iremos ser contemplados com a certificação da FP de Futebol e do Instituto Português do Desporto. Vamos ver qual a qualificação que nos vai ser atribuída, se uma, duas ou cinco estrelas”, comenta.
O CCD Ordem tem todos os escalões de formação e, na próxima época, terá também formação feminina, esperando, na época 22/23, obter a certificação no futsal feminino.

Interregno preocupa direção

A interrupção inesperada do campeonato veio criar constrangimentos na Associação. “Este interregno prejudicou-nos muito, pois vivemos do dia-a-dia. Não há clube nenhum que tenha uma perspetiva de longo prazo”, explica. O fecho das portas acabou com o que dá sentido à Associação. “Isto, financeira, desportiva e socialmente é violento”, lamenta. Relativamente ao campeonato, “muito se fala, mas não se terá uma decisão tão cedo. A resposta que nos dão é que, se até agora era difícil, daqui para a frente será ainda mais difícil”, afirma. Este dirigente está convencido que será necessário reinventarem-se e procurarem novas formas de se financiarem. Para já, a próxima época está a ser preparada com cautela, “para perceber qual será a recetividade das pessoas perante este receio de que alguma coisa possa voltar a acontecer”, explica. Quando surgir luz verde para o reinício das atividades, todos terão de se readaptar. Jorge Furtado salienta que se trata da saúde de meninos, alguns de 5 anos, que são difíceis de controlar e que querem jogar e divertir-se. “Sendo uma atividade coletiva é um ambiente de risco”, reconhece, acrescentando, que aguarda indicações sobre o recomeço.

Indecisão quando às subidas de divisão

Em termos desportivos, ainda persistem as dúvidas sobre quem sobe de divisão. Jorge Furtado reconhece que não se consegue agradar a todos e que o problema não é fácil de resolver. “No futsal ainda não há decisão nenhuma. Não movimenta o dinheiro de uma liga profissional. Estou preocupado com a nossa realidade e com a formação”, confessa.
Atualmente são 132 os atletas inscritos, com seguros válidos até 31de junho. Tratou-se de um investimento grande para doze meses, mas que acabou por ficar pelos dois terços. “Quero perceber o que as federações e associações vão fazer, sabendo de antemão que todas as ajudas vão ser poucas. Não tenho dúvidas nenhumas de que outros clubes provavelmente se vão extinguir”, lamenta. A preocupação maior do CCD Ordem são os escalões de formação, sendo os seniores a “cereja no topo do bolo”: “Se eu não tiver uma formação estruturada e com muita gente a praticar, o que vai acontecer é que não haverá equipa de seniores”, justifica.

A ajuda da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia tem sido importante, reconhece este dirigente. Critica, no entanto, os critérios adotados nos apoios atribuídos aos clubes. “Na próxima época, quando nos virmos privados de todas as fontes de rendimento, a Câmara vai dar-nos o apoio e a Junta também, mas acho que será sempre pouco para recomeçarmos. Isto é quase como começar do zero”, garante.

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