O Campeão Nacional de Karting na Categoria 4T ou, diga-se, o pequeno Lourenço Rocha. Ambas as designações são congruentes. Com, apenas, 10 anos já subiu a inúmeros pódios e é uma referência ao nível do empenho, da concentração e da garra que injeta em todas as suas corridas.
Lourenço Rocha, um filho de Lousada, eleva a vila em todas as entrevistas que dá. O orgulho por onde nasceu e habita é uma palavra primordial que este e o pai fazem questão de frisar quando sobem aos palcos nacionais.
A história do início da sua paixão surgiu por uma mera brincadeira. Numa conversa descontraída, Lourenço contou ao Louzadense a memória intrigante que resulta, até ao momento, de todo o êxito. Dirigiu-se juntamente com o seu progenitor, Filipe Rocha, até ao Kartódromo de Baltar para observarem uma corrida de amigos. Estes desafiaram Lourenço a experimentar e aliciado pela adrenalina não hesitou a vivenciá-la.
Inicialmente, não soube travar e com a ajuda do seu pai “desenrascou-se” pela primeira vez com bastante sucesso. “Só parei quando a gasolina acabou”, frisa Lourenço visivelmente entusiasmado com o relato. Esta aventura deu-se quando o mesmo tinha 5 anos.
Após este episódio que o marcou, Lourenço recebeu inúmeras informações para se inscrever no Campeonato de Karting do Porto e, sem qualquer dúvida, participou. Com 6 anos fez o primeiro Campeonato da Taça do Porto e passado um ano deste envolvimento entrou para o Campeonato Nacional.

Este fascínio de Lourenço apareceu casualmente, mas houve uma influência exercida positivamente pelo seu pai, amante do desporto automóvel. Este realizou algumas provas de Rallycross e na base da diversão, com colegas, fez várias corridas de karts onde o troféu era premissa. “Acho que é uma boa maneira de passar tempo”, revela Filipe Rocha.
Quando começou, era somente Lourenço e Filipe, pai e filho de Norte a Sul de Portugal. Os fins de semanas a percorrer quilómetros com o veículo na mala do carro, tornaram-se habituais. Leiria, Bombarral, Portimão e Lisboa foram alguns dos destinos destes. “Aí iniciou a viagem de pai e filho”, declara Filipe.
Filipe, no princípio do percurso – ainda breve – do filho era mecânico, instrutor, entre outras funções. Hoje em dia, fruto da evolução de Lourenço já têm uma equipa composta por diversos elementos. Um exemplo de um dos membros desta, é Carlos Figueiredo, mecânico, treinador, diretor e, sobretudo, amigo.
Atualmente, a rota não é feita, exclusivamente, a dois. A Lourenço e Filipe, e aos elementos que compõem a equipa, uniram-se mais dois jovens, o Vasco e a Leonor e, consequentemente, os seus pais. Como as ajudas são poucas, torna-se necessário a divisão de despesas pois estas são bastantes, conforme declara Filipe.
“Quando o Lourenço tem uma corrida no Algarve, durante o mês dirigimo-nos cerca de 6 a 9 dias ao Kartódromo de lá para treinar antes da derradeira”, afirma o pai. Assim sendo, esta é uma amostra do quão dispendioso é o desporto que Lourenço pratica.
No primeiro Campeonato Nacional de Karting que Lourenço participou entrou já a meio da prova. “Nós sabíamos que era muito difícil conseguir resultados”, sublinha Filipe, porém, inesperadamente Lourenço acabou a meio da tabela, em 8º lugar. Os 16 miúdos concorrentes deste eram cheios de experiência, mas nem isso abalou a força do atual Campeão Nacional.
Lourenço evoluiu desde o começo e, depois de três anos intensos de dedicação, tornou- se um habitual frequentador dos pódios. “Ganhei muitos prémios”, salienta Lourenço. Nas duas vezes que disputou o Campeonato do Porto ficou em 3º lugar, todavia quando participou no Campeonato Nacional usufruiu de uma subida significativa. Do 8º lugar transitou para o 3º lugar e, finalmente, triunfou.
“Foi uma sensação incrível, embora com alguns contratempos”, anuncia Lourenço sobre o 1º lugar no Campeonato Nacional.
Lourenço ainda é uma criança e, como tal, as conversas com os amigos acerca do desporto que pratica e, por conseguinte, dos títulos que ganha poderiam surgir. Contudo, este reconhece o seu lado reservado. “Ele fecha-se e concentra-se, desde pequeno que sempre foi muito focado”, sublinha o pai.
Questionado se porventura a hesitação e o receio tinham, em algum momento, tomado conta de si, Lourenço afirma que nunca aconteceu pois sempre gostou muito daquilo que estava a fazer. Ademais, o espírito constante de vitória ajudaram-no a conquistar muitos dos troféus.
Lourenço destaca três habilidades essenciais para quem – da sua idade – quiser seguir o mesmo percurso. “A pessoa tem que acreditar naquilo que faz, tem que gostar do que pratica e também não pode desistir à última da hora”, revela.
No entanto, a constância é uma das características mais importantes porque existe muita regra no Karting, de acordo com Filipe, “a nível de horários, de telemetria, de tempo”. Lourenço evidencia que se habitou fácil a todo o regulamento.
Além desta vida, é importante ressaltar que Lourenço tem 10 anos. Frequenta o 5º ano de escolaridade, o segundo ciclo, e apesar de considerar ser complicado conciliar as duas tarefas, assume-se um aluno com bons resultados. “Ele tem apoio escolar que o acompanha sempre, é a minha muleta para conseguir organizar tudo”, frisa Filipe.

O pai de Lourenço, ao longo da entrevista, ressaltou várias vezes a importância da Câmara Municipal de Lousada. Esta tem ajudado monetariamente Lourenço, assim como, os pilotos de automóveis que pertencem à vila.
O filho e o pai contaram em primeira mão aquilo que o futuro reserva ao possível piloto promissor. Lourenço vai participar no Rotax Max Challenge Portugal 2022, na categoria Mini-Max. No fim de semana passado, realizou o seu primeiro teste privado juntamente com os dois colegas, Vasco e Leonor.
“Temos a noção que vai ser uma categoria muito difícil porque já andam lá crianças há 4 anos”, sublinha Filipe. Ao atuar nesta prova, Lourenço sobe dois escalões, uma vez que o seu objetivo é realizar uma competição em Espanha. Além disto, apesar de Lourenço adorar o Karting a ideia da sua equipa e do mesmo é irem para o Kartcross, o futuro.
Lourenço e o pai vão continuar neste mundo – com muita luta à mistura – sempre na busca do sonho. O foco de trabalhar a imagem, a participação em eventos, a procura por mais patrocinadores, os feedbacks televisivos… irão permanecer. “Estou muito entusiasmado”, finda Lourenço Rocha.

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