por | 25 Fev, 2023 | Sociedade

Pavilhão Municipal de Lousada: Obras prejudicam clubes e escola

Os mais de 30 anos do Pavilhão Municipal obrigaram a realizar obras, que se revelaram demoradas, causando transtornos às turmas de Educação Física e clubes que usavam o pavilhão. No fim de semana o empreendimento foi utilizado para uma prova europeia de hóquei em campo, fazendo crer num regresso ao normal funcionamento do pavilhão. Mas não parece que aconteça para já. Aliás,  sabemos que foi colocado um piso provisório e alugado para essa prova.


Construído entre 1991 e 1992, o Pavilhão Municipal de Lousada, que é gerido pela Escola Secundária e pelo Município, há muito que estava a precisar de obras de fundo. A ampliação e beneficiação iniciada há dois anos incluiu, entre outras, a intervenção na cobertura, revestimento de fachadas e melhoria da “eficiência energética”, envolvendo um investimento global de cerca de 700 mil euros.  Dois anos depois de iniciados os trabalhos, as obras não estão concluídas.

Por isso, deixaram de se realizar eventos recreativos e culturais, que aconteciam naquele espaço, mas é sobretudo a atividade desportiva dos clubes e a educação física dos alunos da Escola Secundária que mais se ressentem com a falta daquela infraestrutura.

O professor de educação física e coordenador do respetivo departamento escolar, Paulo Veiga, disse-nos que “as obras de beneficiação prolongaram-se no tempo, pois iniciaram há mais de 3 anos e demonstraram que existiu pouca articulação nas partes envolvidas na obra, sem sensibilidade para a importância desta infraestrutura para a escola secundária, nomeadamente na disciplina de educação física e para as equipas desportivas das várias modalidades que dele usufruem e necessitam”.

Convidado a pronunciar-se sobre as vantagens das obras realizadas no pavilhão, o  professor reconhece que “solucionaram vários problemas”, salientando que “os trabalhos no seu interior incluíram a instalação de nova iluminação de LED, a colocação de novo sistema de som, a instalação de novos revestimentos de piso, a instalação de novas portas e janelas e a reformulação dos balneários. Além disso, foram realizados trabalhos de isolamento e impermeabilização, e todo o sistema elétrico foi atualizado. Essas melhorias garantem que o pavilhão tenha segurança e conforto, além de ser mais acessível para pessoas com necessidades especiais”.

Não obstante, este docente revelou que a obra “não se encontra finalizada, pois fomos alertados que apresenta erros de conceção no pavimento desportivo, que terá de sofrer nova intervenção”.

Aula de Educação Física

“PROFESSORES COM CRITIVIDADE EM ALTA”

O coordenador do setor de Educação Física da Escola Secundária de Lousada, Paulo Veiga, entende que “as obras realizadas no pavilhão gimnodesportivo solucionaram vários problemas. Os trabalhos no seu interior incluíram a instalação de nova iluminação de LED, a colocação de novo sistema de som, a instalação de novos revestimentos de piso, a instalação de novas portas e janelas e a reformulação dos balneários. Além disso, foram realizados trabalhos de isolamento e impermeabilização, e todo o sistema elétrico foi atualizado. Essas melhorias garantem que o pavilhão tenha segurança e conforto, além de ser mais acessível para pessoas com necessidades especiais” e acrescenta que “o pavilhão municipal oferece um espaço que permite que os alunos pratiquem todos os tipos de atividades físicas e modalidades desportivas, incluindo as salas do piso superior, adequadas para a realização das atividades rítmicas e expressivas, vulgarmente denominadas de dança”.

Reportando-se à importância do pavilhão municipal, este docente refere que “é muito importante para as necessidades escolares no âmbito da educação física conjugado com  a utilização da nave polidesportiva da escola, devido ao número elevado de turmas que realizam aulas em simultâneo, em determinadas manchas horárias diárias e aos erros graves de construção e conceção da nave polidesportiva, após a renovação da escola secundária que não apresenta as condições ideais para a prática desportiva”.

Paulo Veiga  aponta esta como a maior lacuna da disciplina de educação física na escola, “que viu o seu espaço destinado às aulas da disciplina reduzido e condicionado drasticamente”. As obras de beneficiação prolongaram-se no tempo, “pois iniciaram há mais de 3 anos e demonstraram que existiu pouca articulação nas partes envolvidas na obra, sem sensibilidade para a importância desta infraestrutura para a escola secundária, nomeadamente na disciplina de educação física e para as equipas desportivas das várias modalidades que dele usufruem e necessitam. Apesar de todo o tempo dispendido na realização da obra, a mesma não se encontra finalizada, pois fomos alertados que apresenta erros de concepção no pavimento desportivo, que terá de sofrer nova intervenção. Este facto até obrigou à colocação de um piso provisório e alugado para a realização do Campeonato europeu de clubes de hóquei de sala, realizado no passado fim de semana (10 a 12 fevereiro)”.

Para suprimir a falta de instalações devido às obras, os professores de educação física “tiveram de manter a sua criatividade em alta e realizar atividades ao ar livre, como caminhadas, corridas, jogos e outras atividades que pudessem ser realizadas fora do pavilhão municipal e como complemento à nave polidesportiva da escola, que por si só não é suficiente (tal como referido anteriormente),  utilizando sempre que as condições meteorológicas o permitiam, o parque urbano Dr. Mário Fonseca”, proferiu o docente.

Além disso, os professores “utilizaram materiais criativos e improvisados realizados com recurso às ferramentas digitais e colocados em prática em salas de aula normais da escola secundária, focando os regulamentos específicos das várias modalidades desportivas lecionadas ou temas mais abrangentes relacionados com a aptidão física geral e contextos de saúde relacionados com a prática desportiva”.

Contudo, Paulo Veiga lamenta que “existiram semanas em que as aulas práticas não puderam ser realizadas pois os balneários do pavilhão municipal não estavam disponíveis, devido às obras de beneficiação. Sem os mesmos, não possuímos balneários suficientes no lado escolar para abarcar o elevado número de alunos que realizam aulas, impedindo a realização da higiene pessoal obrigatória de cada um deles no final das aulas.  Nestes casos, as aulas foram sempre de carácter teórico o que neste período pós -pandémico, onde a necessidade de realização de atividade física regular é fundamental para a saúde mental e física dos alunos, se tornou num motivo acrescido de desmotivação dos mesmos para essas aulas”

Paulo Veiga

“SEVERAMENTE PREJUDICADOS”

A professora Daniela Matos, também de Educação Física, valoriza a intervenção no pavilhão, que vem melhorar as condições para a prática desportiva, mas não pode utilizar o local desde dezembro e é algo que faz falta pois em condições normais seria utilizado integralmente desde as 8.30h às 18.30h. 

Ainda sobre os inconvenientes das obras, a professora diz que devia haver um melhor “cumprimento dos prazos estabelecidos inicialmente, uma comunicação atempada e com respeito pelos profissionais que utilizam esta instalação desportiva e pelos filhos dos louzadenses que têm sido severamente prejudicados”

“Penso que as obras estão a ser extremamente demoradas, comunicadas de forma gradual e muitas vezes em cima da hora, não sendo cumprido o prazo que foi comunicado, o que tem levado a que a Direção da Escola em articulação com os Professores de Educação física tenham vindo a dar resposta a esta situação com aulas lecionadas no exterior da escola, nave desportiva escolar e parque urbano, muitas vezes com temperaturas baixas e sem espaço próprio para determinadas matérias”, salienta Daniela Matos.  

Daniela Matos

MODALIDADES TRANSTORNADAS

“Por causa das obras temos andado com a casa às costas, daqui para ali”, queixa-se Joaquim Moreira Cardoso, presidente da Associação Desportiva e Cultural de Figueiras (ADCF), coletividade que precisa do pavilhão para a prática do futsal. “Em tempos, estivemos no pavilhão do Valmesio, onde pagávamos aluguer, mas aproveitamos a vaga deixada pelo Gacer, no Pavilhão Municipal, cuja utilização funciona como um subsídio da Câmara para nós”. A construção de um pavilhão próprio é um sonho dos figueirenses que vem sendo adiado “mas parece que vai abrir candidatura para o nosso projeto concorrer, pelo menos foi o que me disse o senhor presidente da Câmara na Gala do Desporto”, revelou Joaquim Cardoso.

A equipa de basquetebol adaptado da Lousavidas também é “inquilina” do Pavilhão Municipal. As especiais necessidades dos atletas do basquetebol em cadeiras de rodas foram, “tidas em conta nas obras feitas pela Câmara, nomeadamente para facilitar as acessibilidades dos atletas”, segundo a Fátima Esteves, presidente da direção

Entretanto, as obras no Pavilhão Municipal causaram dificuldades: “os acessos exteriores, em tempo de chuva, foram o pior dos constrangimentos porque a locomoção não era feita com a celeridade desejada e as poças de água acumuladas dificultaram a acessibilidade”, afirma aquela dirigente. Outros contratempos “prendem-se com a mudança de espaço, uma vez que para a nossa modalidade e dada a especificidade dos atletas o pavilhão municipal tem, de longe, melhores condições”, que no complexo desportivo, para onde a equipa foi alocada.

Da parte do LAC – Lousada Académico Clube, que se dedica a modalidades desportivas indoor, como é o caso do basquetebol, foi-nos dito, pelo seu presidente, José Ferreira que ainda não utilizam o Pavilhão Municipal, “visto que estamos a utilizar as alternativas que a CML nos gentilmente facultou”.

Instado a pronunciar-se acerca da capacidade de resposta do Pavilhão para a procura de modalidades, atletas e clubes, aquele dirigente limitou-se a afirmar: “sempre tivemos horários de treino e jogos. Nunca ficamos sem treinar por falta de disponibilidade do Pavilhão”.

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