A Estrutura Arquitetónica de Lousada, segundo as Memórias Paroquiais de 1758
Os Efeitos do Terramoto de 1755 em Lousada.
Freguesia de Santo André de Cristelos.
A freguesia de Cristelos tinha oitenta e nove fogos e «moradias vezinhas com separacao, que dividem os predios de cada morador.» (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 2169). A igreja, com residência anexa, estavam a Norte, distantes do centro da freguesia.
Igreja de Cristelos, junho de 2023 (Arquivo de José Carlos Silva).
No que à Igreja diz respeito, era em boa silharia, com volumetria harmoniosa e um elegante portal a condizer com um curioso pináculo, equilibrado com uma pequena sineira de cada lado e uma cruz no ponto mais central e elevado da cimalha da fachada (Jornadas Europeias de Património, 2003:9); a torre, essa, porém, tinha, aos olhos de alguns a forma de «cupula chinesa, atarracada e baixa.» (Vieira, 1886: 355).
Em 1751 dispunha de cinco altares, «o mayor com o Sacrário, o do Menino Deos, o de Santo Antonio, o das Almas, e o de Christo Crucificado» (Cardoso, 1751: 641), e em 1758 contava com o mesmo número de altares.
Interior da Igreja de Cristelos (Stº André à esquerda) e altares colaterais.
No altar da capela-mor estavam várias imagens: Santo André, o Padroeiro desta freguesia, a imagem do Santo Cristo, Ecce Homo, preso a uma coluna, a imagem do Senhor Ressuscitado, a imagem do Senhor dos Passos com a Cruz às costas, a imagem de Nossa Senhora do Pilar, a imagem de Nossa Senhora da Lapa, a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus e Santa Ana; e ainda o Santíssimo Sacramento no sacrário do Viático. A igreja possuía ainda quatro altares colaterais:
– O altar colateral da direita tinha quatro imagens: Santo António, S. Sebastião, S. Roque e o Menino Jesus; no altar colateral, à esquerda, achava-se a imagem do Menino Jesus; a imagem do Senhor Crucificado encontrava-se no altar lateral – que se situava à direita, junto à porta travessa; o altar lateral da esquerda era da irmandade das Almas e tinha as Almas pintadas (Cardoso, 1751: 642).


No ano de 1751, Cristelos exibia «duas Ermidas, huma de N. S. do Loreto no monte do Laboreiro, outra de N. S. da Conceição no meyo da freguezia.» 1
Em 1758, já contava com três capelas, duas públicas e uma privada:
– a de Nossa Senhora do Loreto: «com a imagem da mesma Senhora cita no monte chamado Laboreyros de que he administrador o Reverendo Abbade desta freguezia;»2
– a de Nossa Senhora da Conceição: «cita na Aldea de Bayxo e he de toda a freguezia, em que se acha huma confraria da mesma Senhora, que a sustenta e repara;»3
– a de S. José: «cita na quinta da Ribeyra (…) de Sam Joze de quem he administrador a caza da mesma quinta da Ribeyra. Tem as imagens seguintes a saber Sam Joze padroeyro, de Senhora do Bom Sussesso, Sam Bento, Sam Bernardo, Santa Umbelina, ou Humelina.»4

No adro da igreja, logo à entrada, erguia-se um «cruzeiro, em granito, data de 1660» (VIEIRA, 2004: 53).
E existia um moinho que só moía (no tempo do inverno quando ha muitas agoas.)5
Cruzeiro de Cristelos, no adro da igreja, referido nas Memórias Paroquiais. Arquivo: José Carlos Silva. Junho de 2023.
Freguesia de Cristelos: Património Edificado | ||||||
População/ Habitantes | Fogos | Igrejas/Residência | Capelas | Moinhos | Cruzeiro | |
318 | 89 | Igreja de St.º André de Cristelos Residência paroquial | Públicas | Particulares | Um moinho no regato do Fontão | Um, no adro da Igreja |
Nossa Senhora do LoretoNossa Senhora da Conceição | S. José |
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1 – I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 11, fl. 2170.
2 – I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 11, fl. 2171.
3 – I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 11, fl. 2171.
4- I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 11, fl. 2171.
5 – I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 11, fl. 2171.
Obras consultadas:
– À Descoberta do Vale de Sousa. Rotas do Património Edificado e Cultural.
– CARDOSO, P. Luís – Dicionário Geográfico, ou Noticia Histórica de Todas as Cidades, Vilas, Lugares, e Aldeias, Rios, Ribeiras, e Serras dos Reinos de Portugal, e Algarve, com todas as coisas raras, que neles se encontram assim antigas, como modernas. Braga: Regia Oficina Sylviana, da Academia Real, Tomo II. MDCCLI.
– COSTA, P. António Carvalho da – Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica do famoso Reyno de Portugal Com as Noticias das Fundações das Cidades, Villas, e Lugares, que contem, varões ilustres, Genealogias das Famílias nobres, fundações de Conventos, Catálogos dos Bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edifícios, & outras curiosas observaçoens. Segunda Edição. Lisboa: Typographia Domingos Gonçalves Gouveia. 1868.
– Jornadas Europeias de Património. Lousada: Edição da Câmara Municipal de Lousada. 2003.
– VIEIRA, José Augusto – O Minho Pitoresco. 2ª Edição. Valença: Edição Rotary de Valença, Tomo II. 1987.
– VIEIRA, Leonel – Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004.
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