ACADEMIA DE GINÁSTICA DE LOUSADA
A ginástica em Lousada tem na professora Paula Oliveira uma timoneira em termos desportivos e formativos. A ela se deve a criação da Academia que se dedica à exigente prática desportiva que tem mais de meia centena de atletas. Aquela dirigente e treinadora falou ao O Louzadense das dificuldades e do crescimento da modalidade. Entre os próximos objetivos está a presença de atletas lousadenses no campeonato nacional, assim como conseguir instalações próprias.

Num concelho onde a prática desportiva é rainha na ocupação de jovens e adultos, faltava uma entidade que se dedicasse à formação de ginastas. “Esta modalidade germinou com a minha presença no projeto municipal ON MOVE, em novembro de 2016”, declara a professora de ginástica, Paula Oliveira. Esta mentora e dinamizadora desde há longos anos da prática da ginástica artística em Portugal, acolheu de bom grado o desafio de formar um clube que se dedicasse à prática da ginástica e assim nasceu um projeto que tem florescido paulatinamente.
Foi fundada a 16 de março de 2017 na forma de Cooperativa, sob a dominação AGL – ACADEMIA DE GINÁSTICA DE LOUSADA, constituída por cinco sócios, dos quais Paula Oliveira e Norberto Ribeiro se tornaram-se nos mais ativos e dinamizadores das atividades da academia.
“Atualmente a AGL tem inscritos 63 atletas femininos, ativos, na Federação de Ginástica de Portugal, nas modalidades de Ginástica Artística Feminina e Ginástica Rítmica, tendo duplicado o número de atletas em relação à época transata”, refere a dirigente.
A coletividade vai formulando os objetivos anuais a que se propõe alcançar e “atendendo a que na presente época conseguimos um nível técnico que nos permite a inscrição de algumas atletas na divisão superior à da época transata, ou seja, na 2ª divisão, um dos objetivos principais é o apuramento de duas ginastas da artística e uma da rítmica ao campeonato nacional”, revela Paula Oliveira.

Além desse desafio, há outros de igual importância, como “dar continuidade ao trabalho das atletas que frequentam a divisão base e criar uma nova modalidade Rope Skipping, ou seja, escalada com corda”.
A modalidade tem fraca adesão de rapazes e quando questionada sobre esse assunto, Paula Oliveira responde que “o clube ainda não abriu uma secção de ginástica masculina, principalmente por falta de espaço e recursos materiais e de técnicos”. Contudo a treinadora afirma que “em todos os clubes que fundei e por onde passei, sempre existiu a ginástica para rapazes”. E explica que na ginástica masculina treinam-se seis aparelhos: saltos de mesa, solo, cavalo com arções, paralelas simétricas, argolas e barra fixa. Na feminina são apenas quatro: os saltos de mesa e o solo, a trave olímpica e as paralelas assimétricas”. Daí resulta que “a carga horária é mais exigente para os rapazes e o futebol continua, em Portugal a ser o desporto rei”, pelo que a ginástica é muitas vezes declinada pelos rapazes.
Tendo em conta as exigências da modalidade a treinadora concorda que “para um clube de ginástica de competição, o perfil ideal inclui jovens talentosos e dedicados que tenham paixão pela modalidade” e acrescenta que “além disso, é importante que os ginastas sejam disciplinados, focados, comprometidos com os treinos e abertos a aprender e desenvolver constantemente as suas capacidades atléticas e técnicas: ter uma boa coordenação motora, flexibilidade, força e determinação e alimentação adequada”. Mas a ginástica “tem espaço para todos os perfis, a ginástica é para todos e ao longo dos anos tenho trabalhado com jovens especiais, detentores de palmarés mundiais, em competições do Special Olympics, atividades que a AGL pretende vir a desenvolver num futuro próximo”.
Falando em carências de equipamentos e infraestruturas, “faz falta um espaço próprio, apetrechado de forma fixa com todos os aparelhos necessários, nomeadamente um tapete-estrado e fossos com espumas, teríamos a possibilidade de alargar o número de atletas e melhorar as suas condições de trabalho e as suas performances”, afirma Paula Oliveira
Reportando-se à realidade portuguesa na ginástica, “o mesmo acontece com quase todas as modalidades que não tenham sido transformadas em empresas económicas. Como o caso do futebol. Para além disso o facto da modalidade exigir aparelhos de montagem permanente, dificulta a obtenção de espaços exclusivos para a mesma. Também temos de considerar que a ginástica é a base de todos os desportos e por isso deveria ser obrigatória, desde tenra idade, devendo iniciar-se no pré-escolar. Os apoios financeiros são bastante escassos”.
Por último, é inevitável falar dos apoios, sem os quais a existência da Academia de Ginástica de Lousada não poderia subsistir. Esses apoios são essencialmente provenientes do Município de Lousada e do Agrupamento de Escolas Oeste, em Nevogilde, com a cedência do pavilhão gimnodesportivo, fora do período de funcionamento das aulas. “Além disso, o pelouro do desporto tem assumido as despesas dos seguros desportivos e exames médicos como é hábito do municípios para as diversas modalidades, bem como a compra de algum material e ajuda em eventos”, salienta Paula Oliveira. Esta mentora revelou ainda que “a Academia também tem vindo a investir em material, no sentido de apetrechar um futuro espaço próprio, que contamos venha a ser designado pelo Município”.

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