A Adega Cooperativa de Lousada, com quase 70 anos de história, é detentora de um património material e cultural invejável, tendo sido, desde a sua fundação, um marco histórico e cívico no concelho de Lousada e é, ainda hoje, uma inspiração para novas realizações. No entanto, o que outrora era uma referência de sucesso e inovação, em especial na produção de vinho verde, hoje enfrenta uma crise profunda que ameaça não só a sua existência, mas também a vitalidade do setor vitivinícola local.
A deterioração da cooperativa é um reflexo de diversos fatores, entre eles, a ineficácia da sua administração, a falta de atratividade da instituição e uma crescente desconexão com os interesses e necessidades dos produtores locais. Para agravar a situação, a globalização do mercado de vinhos, as mudanças nos padrões de consumo e as crescentes exigências de qualidade e inovação colocaram ainda mais pressão sobre a cooperativa, a que se soma uma crise generalizada no setor vitivinícola do país, com excedentes de produção, a par da importação de vinhos mais baratos, de menor qualidade.
A ausência de uma gestão capaz, a falta de correspondência às necessidades dos produtores, a falta de modernização e de iniciativas inovadoras para se adaptar às exigências do mercado contemporâneo contribuíram para o seu declínio. O resultado é uma entidade que, em vez de impulsionar o desenvolvimento local, encontra-se paralisada, com dívidas, sem influência no setor e sem rumo (aparente).
As dificuldades económicas, a concorrência desleal e as mudanças climáticas são desafios que requerem respostas rápidas e eficazes. Ora, estamos a dias de uma nova campanha de vindimas, mas com os problemas do passado ainda por resolver. Esta inércia revela uma falta de visão estratégica e coloca em risco o futuro da instituição, que deveria ser um pilar de apoio para os produtores da região.
É imperativo que a Adega passe por uma revitalização urgente. Essa renovação deve começar pela reestruturação da sua administração, integrando profissionais com outras competências, capacidade de liderança e visão de futuro. Olhar para além do óbvio e do sofrível. É necessário resgatar a confiança dos produtores, de se reinventar e de recuperar o espírito de cooperação que a fez prosperar no passado.
A cooperativa precisa redescobrir a sua missão original e adaptá-la aos tempos modernos, valorizando o seu património enquanto se reinventa para enfrentar os desafios atuais e futuros. Só assim poderá garantir a sua sobrevivência e continuar a ser um exemplo de cooperação e sucesso no concelho de Lousada. Caso contrário, e se nada disto acontecer, deve o Município intervir e salvaguardar o património existente, mantendo-o na esfera do interesse e usufruto público, dotando-o de outras valências socioculturais que beneficiem a economia local e as gerações presentes e futuras.













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