Será inaugurada dia 18 de janeiro, pelas 16: 30 h, a primeira exposição individual do pintor lousadense José Ferreira Neto, na Biblioteca Municipal de Lousada, patente ao público até ao dia 1 de fevereiro, uma exposição organizada pelo espaço cultural Primeiro Plano da cooperativa InovLousada.
O pintor, de 71 anos, natural de Sousela, possui formação em desenho de construção civil e, regressado da tropa, começou a trabalhar em desenho técnico, essencialmente para a Câmara Municipal de Lousada. Entretanto, mudou-se para Aparecida, continuando a trabalhar para autarquias por conta própria, das quais se destacam Felgueiras, Amarante e Lousada.
Mas a sua área profissional mudou radicalmente quando se tornou agente de lavandaria, o que lhe deu a oportunidade de conhecer imensas pessoas, aumentando o número de clientes, que chegou a superar as quatro centenas. Acabou por permanecer nessa área profissional até à reforma.
Paixão pela arte
Paralelamente às atividades profissionais, crescia o gosto pela arte: “Nas minhas férias, ia visitar museus”. Já após a reforma, fixou residência em Penafiel e começou, juntamente com a esposa, professora, a frequentar a associação Primeiro Plano, onde conheceu o arquiteto António Machado, que lecionava as aulas de arte. “Eu voltei a fazer alguns trabalhos que achava interessantes, ganhei gosto e nunca mais deixei de os fazer”, conta.

A necessidade de mais formação levou José Neto ao atelier do pintor José Melo, onde frequentou um curso de pintura durante um ano, que não teve continuidade no ano seguinte, o que o levou a procurar formação na Faculdade de Belas Artes, onde os cursos eram apenas noturnos. Decidiu, então ingressar na Cooperativa Árvore, no Porto: “Fui para a cooperativa para aprender mais a desenhar, pois sentia necessidade de bases e acabei por aprender a pintar. Estive lá mais um ano, com o professor Carlos dos Reis. Nesse ano, eu fazia 70 anos. Quis retratar os meus irmãos e fiz cerca de 15 quadros com os seus retratos”, explica. Até ao seu aniversário, concluiu quadros para oferecer aos 10 irmãos.
Atualmente, o pintor está numa escola em Amarante, a Gatilho, que frequenta há ano e meio. “Sou orientado por um professor jovem, dinâmico e pedagogo excelente, Diogo Cardoso (aka Boni Oso). Embora seja o aluno mais velho do grupo, José Neto convive com colegas de várias faixas etárias. “Acabo por ter nesta escola experiências novas”, afirma.

Influenciado por kandinsky, o pintor refere que desenha muito com triângulos, explicando que neles encontra maior versatilidade. “Comecei a perceber que podia fazer muitas coisas com os triângulos. Nas outras formas geométricas, só podemos aumentar e reduzir”, justifica. O pintor revela-nos que seus trabalhos inéditos vivem muito do triângulo.

Nadir Afonso é também uma das suas referências, “pela harmonia que encontra no ambiente e na natureza”.
“A Vida em Espiral”
“A vida em espiral” é o nome que receberá a exposição com o arranque marcado para dia 18 deste mês, que agregará um conjunto de obras que tem como elemento base o triângulo em espirais. “A vida para nós é em espiral, não tem retorno: as árvores crescem em especial, os ciclones também, os astros são apresentados em espiral. Depois de pensar como se podia fazer uma espiral, eu cheguei lá”, conta. Está curioso? Visite a exposição, onde encontrará cerca de três dezenas de quadros, que revelam as técnicas do autor, em acrílico, a maior parte, e algumas em aguarela.
Tendo já participado em algumas exposições coletivas, incentivado pelos amigos, decidiu realizar a primeira individual. Talvez por isso se confesse “expectante para conhecer a reação das pessoas, pois será a primeira vez que serei avaliado”.
À espera da reação do público
A reação provocada pela obra nas pessoas é, para o pintor, um critério importante para a sua classificação como arte: “Só é arte quando provoca reações nas pessoas, quer sejam positivas ou negativas. Quando não provoca reação, o autor sente-se defraudado, pois não criou o impacto que a verdadeira arte tem”, explica.
José Neto não vendeu qualquer obra até ao momento: “Tudo o que fiz ofereci a instituições e a familiares”, diz. Por isso, esta exposição é também desafiante do ponto de vista da comercialização das suas obras: “Este será um desafio também, pois alguns dos quadros que estarão na exposição serão pela primeira vez para vender. Não sendo esse o objetivo principal, acaba por ser também uma forma de ver o reconhecimento do meu trabalho”, sustenta.
A exposição é da responsabilidade da espaço cultural Primeiro Plano da cooperativa InovLousada . O artista explica porquê: “O arquiteto António Machado iniciou-me nesta arte. Como gratidão, pois acho que ele me deu a ignição para começar a pintar, pedi-lhe para a organizar integrada na Primeiro Plano”.
A abertura da exposição contará com a atuação de dois músicos, um deles de Sousela, com guitarra clássica. O coro da escola da Primeiro Plano também atuará. Já o teatro, uma arte que o pintor aprecia, marcará presença com Patrícia Queirós: “Eu liguei-me ao teatro há já alguns anos na CRACS, onde fui fundador do teatro, e estou ligado ao Cais Cultural há já quatro anos”, explica.
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