A propagação do coronavírus tornou-se um tema incontornável nos nossos dias, sem fim à vista, que tomou conta de nós, é controlo da nossa vida e temos de ter capacidade de controlá-lo, até o mais possível. Poucas ou nenhumas certezas, muitas dúvidas, pairam em nós, como indivíduo, como entidade empresarial, como país, como europa, como mundo, em sociedade. Nuvens negras abundam no horizonte.
Vivemos marcados pela presença eminente de um vírus, com impacto transversal, na esfera profissional, social, educacional, de saúde pública e económica, mudando diversos aspetos da vida.
Vírus que a todos nos atinge, não há diferenças, não há nacionalidades, apoquenta ricos e pobres, nações poderosas e menos poderosos, com efeito devastador nas nossas vidas. Sabemos quando começou, mas não como e quando vai acabar, e pelo caminho, como vão ficar as vidas e as economias.
Nasceu na China, em dezembro de 2019, seu epicentro marcado na Ásia Oriental, distante de nós, mas teimando em fazer valer a diversidade em países. A sua presença atormenta, pela facilidade de propagação, o contágio é de uma forma “banal”, que até assusta. Tem a peculiaridade de afastar o contacto físico, mas aproximar no afeto, na entrega de nós aos outros, de sermos mais unidos, de fazer prova do que realmente somos quando isolados e em sociedade. Curioso e assustador, é como uma rede social, estamos todos interligados, em que quanto mais contactos se cria, mais se desenvolve, mas depois perde-se o controlo, aí entendemos que o mais nem sempre é sinónimo do melhor, do adequado, do certo. Ele comanda e só a união faz retorno de paragem, porém, só se manifesta se formos detentores de consciência, de responsabilidade, de pensar em mim, em nós, no outro, em todos. Prolifera sem rumo e com rumo há quem o queira deter, mas ele ainda assim passa no invisível.
Será um momento de reflexão, de vários pensamentos e caminhos incertos, à procura e deriva, qual o melhor, qual o que se ajusta melhor, de forma mais equitativa e que chegue a todos.
Reporta uma simbiose, um encontro de dois eixos que nos é tudo, a vida – a saúde, o mais precioso que temos, o valor que está na qualidade desta, naquilo e daquilo que dispomos, mas esse valor advém e é rasto do impulsionador mercado – economia. Para dispormos desse rasgo de bem-estar/saúde a economia tem de funcionar. A saúde e a economia são mútuas, indissociáveis, não é possível a sua desagregação, para termos saúde, temos te ter condições financeiras, que incorre em obtenção de recursos (humanos e materiais), que nos permitam a mesma.
A Vida tem preço, tem Valor? É muito comum a expressão “não há nada que pague a Saúde”, mas a saúde/vida só é sustentada com base no bom funcionamento da economia, caso contrário não faz jus às nossas necessidades básicas de alimentação e até de higiene, e Saúde também é isto. Por isso, a economia tem necessariamente de funcionar. O valor da vida deve prevalecer relativamente ao valor económico, em necessário reencetar prioridades, pois a mais profunda crise económica é recuperável, vidas humanas não. Neste momento, a prioridade é salvar as pessoas – vidas, porém salvar a economia é igualmente fundamental, pois é salvar as empresas, os empregos – rendimentos das famílias.
É um complexo furor em tempo e em prazo, um leque de ideias ferozes para dar resposta às efémeras e diversas situações que o indivíduo, a empresa, o país se depara, se suficiente o que está na mesa para execução, se flexível de reporte, se comporta a exequibilidade.
É uma luta contra o tempo, procurando em constante, minimizar os efeitos negativos deste período, tendo o Estado em mãos decisões várias, numa tentativa de atenuar o impacto económico, por forma, a tomar medidas de suporte à vida – indivíduo e Sistema Nacional de Saúde. Sucedem-se iniciativas/medidas, por vezes insuficientes e tardias, para ultrapassar e mitigar os tremendos constrangimentos, de índole económico e financeiro, que as empresas e as pessoas enfrentarão nos próximos meses. Várias decisões são anunciadas e acessíveis no Portal do Governo – “Estamos On”, por forma, a garantir liquidez às empresas, a proteger o emprego, a garantir o rendimento às famílias e a evitar a destruição/insolvências das empresas (por incumprimentos diversos). Um esforço que compete a todos, na tentativa de impulsionar o motor da economia. Porém, a justificar uma reavaliação, nas repercussões económicas, nos mecanismos de apoio, alinhados com as efetivas necessidades das empresas, de forma integrada, sustentável e coordenada, evitando o colapso do país. Os apoios devem ser usados eficientemente e direcionados para quem efetivamente precisa, por vezes, incorre em oportunismo.
Com escolas/faculdades, lojas, restaurantes, empresas/indústrias paralisadas, sobrepondo-se o apelo às pessoas para ficarem em casa – um congelamento da mobilidade dos cidadãos, por um período indeterminado, o consumo, motor da economia, vai diminuir em tudo o que não sejam bens de primeira necessidade e afetará significativamente o crescimento económico e os ganhos das empresas. Outras empresas/instituições têm de continuar a laborar para garantir os serviços imprescindíveis de abastecimento alimentar, de equipamentos, segurança e saúde.
A nossa linha de resposta à crise, parte de ações conjuntas e coordenadas a nível europeu, estando perante dois cenários económicos, uma quebra significativa do PIB, com uma recuperação em 2021 e 2022, em V (desce rápido e recupera rápido), ou entrar numa espiral de crise de saúde pública, que leva a uma crise económica e a uma crise financeira, implicaria uma evolução em L (quebra rápida e recuperação não tão rápida).
No futuro, afiguram-se tempos difíceis, diferentes, de repensar, de refletir, para rever modelos sociais, económicos, políticos, de comportamentos, padrões de consumo, de uso, de abuso dos recursos, como indivíduo, como empresa.
Ninguém é imune ao cenário atual e à vivência marcada. É um tempo de união, de desafio ao nosso Eu e ao do Outro, num embarque de consciência e racionalização. Somos o resultado de um todo, da soma. Devemos ser um Mais nesta luta que merece ser travada, mas que só se manifesta com a cooperação, no Outro, no País, no Mundo! Em conjunto e não de forma isolada, podemos obter resultados favoráveis, não esquecendo que, nesta controvérsia estão inúmeros heróis.
Vírus, ser misterioso, buscamos o seu mundo, mas ele no mundo permanece…
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