Sousela é uma das freguesias mais afetada pelo aterro de Lustosa, estando a sua população preocupada com as notícias vinda a público sobre a deposição de resíduos vindos de Itália.
Digo Aires, presidente da Junta de Freguesia, revelou a’O Louzadense as suas preocupações e mostrou-se triste com a situação, independentemente dos materiais que estão a ser depositados no local.
O autarca diz que a preocupação é antiga e que tem a ver com os resíduos provenientes dos concelhos vizinhos. Os factos recentes vieram adensar as preocupações: “Vai ser muito prejudicial para os lousadenses, mas preocupa-me a minha freguesia, pois tenho a certeza de que, com o passar dos anos, vai sair muito prejudicada com esta situação”.
Descargas no rio Mesio preocupam população
A população da freguesia partilha das preocupações de Diogo Aires, mostrando-se mesmo indignada com a situação, em parte devido às descargas nos afluentes do rio Mesio, provenientes do aterro. “Descargas essas confirmadas pelo Município, que acabou por se deslocar ao local e percebeu que existiram anomalias”, refere, acrescentando que as mesmas foram também confirmadas pelo SPNA (Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente) e pelo CCDRN (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte). “Tudo vem para baixo, prejudicando Sousela. Quer queiramos quer não, Sousela, além de Lustosa e Barrosas S. Estêvão, é e será sempre a freguesia mais prejudicada com toda esta situação”, lamenta. O autarca souselense fala em descargas feitas em 2013, 2015, 2017 e 2019.
Diogo Aires não aceita negócios com os resíduos: “Se eu fosse autarca, no ano em que foi feito o aterro, em 1990, nunca aceitaria tal coisa em cima da minha terra. A recompensa, que pode ser monetária, não justifica os problemas de saúde pública que aquilo vai causar”, refere.
Diogo Aires é da opinião, que o poder político protege as entidades ligadas à recolha e tratamento dos resíduos sólidos e avança com um relato que sustenta a sua posição: “Na primeira descarga, foi-me dito que foram ao local e não presenciaram nenhuma anomalia. Contestei na SPNA, fui com eles ao local e realmente presenciaram a situação. E o grupo Ambisousa ou RIMA foram notificados da coima.”
Diogo Aires considera a situação demasiado grave para se deixar passar em branco, ainda mais porque já dura há anos. Acha, que em particular o Município deverá agir, “pois é um município reconhecido nacional e internacionalmente pelas boas práticas ambientais. Orgulhava-me se chegassem ao local e dissessem que isto não pode acontecer”, comenta.
Desconhecimento por parte do Município surpreende autarca
Diogo Aires mostra-se surpreendido com o facto de o Município desconhecer que há camiões a descarregarem resíduos vindos de Itália no aterro. “Quando vivemos numa casa, gostamos de saber quem lá entra”, diz. Acrescenta ainda o facto de o vereador Manuel Nunes fazer parte do conselho de administração da RIMA: “Tinha obrigação de saber o que se passa. É que não foi um camião, foram 600 camiões”.
Sobre a criação de uma comissão técnica independente para acompanhar a situação, Diogo Aires refere que esta pretensão foi comunicada pelo PSD à autarquia, que entretanto aceitou a sugestão. “Na primeira proposta, disseram que as juntas não poderiam estar nessa comissão. Quando obtive essa resposta, disse logo que não concordava, pois quero estar presente. É uma situação que já se arrasta há muito tempo. Tenho de estar presente e lutar o máximo”, diz. Entretanto, quer que parem imediatamente o despejo de contentores, para se perceber “que tipo de resíduos foram lá colocados, pois os resíduos que essa comissão considere perigosos terão de ser retirados do aterro”, defende.
“Não estão a valorizar o rio Mesio”
O autarca sente que os aterros estão a condicionar a aposta da autarquia a nível ambiental, particularmente no que diz respeito à limpeza do rio Mesio. Diogo Aires ainda teve esperança de que este fosse alvo de intervenção ambiental, à semelhança do que aconteceu no rio Sousa, até porque chegou a ler essa notícia nos jornais, mas o vereador do ambiente negou que estivesse prevista qualquer intervenção. “Não estão a valorizar o rio Mesio, está um bocado de lado. O rio Mesio valorizado e trabalhado era uma riqueza para o concelho. Tenho feito tudo por tudo e lutado para conseguir fazer o passadiço que tanto desejo”, garante.
os governantes sabem da situação claro mas o dinheiro fala mais alto pena que o lixo que eles aceitaram em troca de $$ nao traga doenças a eles e assim compreendiam bando de abutres