Cais Cultural de Caíde de Rei adapta-se aos meios digitais

Ações de Solidariedade marcam agenda

A pandemia fez com que as iniciativas que implicassem público fossem canceladas, o que significou uma alteração profunda no trabalho dos agentes culturais. O Cais Cultural de Caíde de Rei, com as instalações encerradas, voltou-se para os meios digitais, tendo desenvolvido campanhas de solidariedade.

Luís Peixoto explica, nesta curta entrevista, como está a decorrer o trabalho nestes tempos difíceis.

O encerramento do Cais levou ao cancelamento de algumas atividades importantes. Como estão a viver com esta situação?

Devido a este problema, tivemos de encerrar as instalações do Cais Cultural. Muitas atividades foram canceladas, uma delas, pela qual temos um carinho especial, é o nosso Festival de Teatro Amador, que se iria realizar entre março e abril. Tínhamos 6 companhias de teatro e até a nossa companhia de teatro Linha 5 iria estrear a sua nova produção. Cancelamos os ensaios, ficou tudo parado até novos tempos surgirem.

Entretanto, viraram-se para os meios digitais…

Encerrando as instalações, tínhamos que arranjar forma de poder colmatar, de alguma forma, esta paragem e, em reuniões virtuais com a direção, juntamos um conjunto de ideias para nos mantermos sempre ativos e próximos daqueles que eram frequentadores e não só. Nesse sentido, criamos dois programas online. No Instagram, à terça-feira, um programa que se chama “Culturalidades”, que é um momento de conversa e de partilha, onde temos três convidados, um deles musical, que canta na abertura e no encerramento do programa, e mais dois convidados de diferentes áreas artísticas para nos falarem um bocadinho da sua experiência na área artística e também para perceber como estão a viver este momento do Covid-19.

Todas as sexta-feiras, temos um programa envolvendo o Teatro Linha 5, com 3 personagens do nosso grupo, uma delas o anfitrião, o Bino, que é quem apresenta o programa. Chama-se “Co-Bino às 19 +2”, que é em direto no Instagram, onde entram duas personagens. Algumas delas já fizeram parte das diferentes produções do teatro Linha 5 e o Bino vai falando um bocadinho com essas personagens.

▲Luís Peixoto

Como estão a correr essas experiências no mundo digital?

Este tempo levou-nos a explorar outros meios que não estávamos a explorar. Tem sido por isso um desafio interessante. Basicamente, vamos fazendo a partir do Skype e do Zoom. Esperemos que isto termine brevemente, mas queremos manter estes programas, diretos ou não, pois tem sido desafiante e interessante, principalmente para as pessoas mais velhas do grupo. Para elas, tem sido um desafio muito interessante e esses programas têm sido muito engraçados a vários níveis.

Entretanto, também têm desenvolvido iniciativas de solidariedade…
Nós, logo no início, fomos incentivando os nossos sócios e amigos para que nos enviassem desenhos “Vai ficar tudo bem” e partilhamo-los. Juntamos 40 desenhos, partilhando-os nas nossas redes sociais. Os famosos arco-íris serviram também para que as pessoas percebam que esta vida tem mais cor.

Lançamos também uma campanha para levar os alimentos e os medicamentos às pessoas. Entretanto, associamo-nos à iniciativa da União de Freguesias de Silvares Pias Nogueira e Alvarenga – SOS Vizinhos.
Para além disso, recentemente, no dia 25 de abril, achamos por bem fazer uma outra ação solidária: para além de oferecer aos nossos associadas máscaras, poderíamos conseguir ter uma abrangência maior junto daqueles que estão mais próximos do risco, na retaguarda, como os bombeiros e profissionais de saúde. Achamos por bem abrir uma campanha solidária. Aderimos também ao MB WAY e, há medida que vão surgindo fundos, vamos fazendo encomendas e enviando aos sócios e a algumas entidades. Proteger também é cultura e daí “Máscaras pela Vida”, que é o nome da iniciativa. Temos o objetivo de, num curto espaço de tempo, chegar às mil máscaras, para chegarmos a um público mais abrangente.

Como vê futuro?

Estamos à espera de desenvolvimentos. Sabemos que o Cais Cultural tem algumas limitações. Temos de ver quais serão as condições que o nosso espaço poderá ter para se adaptar, para ter as condições para estarmos protegidos. Para já, será nas rede sociais… Temos alguns sócios que nos ligam para matar saudades e aqui no Cais somos uma família. Por isso, tentamos estar sempre muito próximos uns dos outros. Acho que temos de ter muita prudência, muita cautela, não poderemos querer ter a normalidade de um dia para o outro.

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