Nos últimos dias, sob o falso pretexto da luta contra o racismo e comportamentos esclavagistas, temos assistido a uma onda de vandalismo das evocações históricas. Escuso de as enunciar! Parece ser contagiante a ideia de querer apagar os episódios e as figuras da História. Esquecem-se os ignorantes que somos o resultado de uma construção histórica? A nossa identidade e os nossos valores resultam de uma evolução (por vezes revolução) que nos tem levado a um futuro melhor… Um futuro que é o nosso presente e será o presente de alguém no futuro! Portanto, o que somos hoje é o resultado de um aperfeiçoamento efetuado ao longo dos tempos. Evoluímos e chegamos aos atuais padrões morais! O passado tem um contexto próprio e deve ser entendido de acordo com os padrões próprios da época. Se removermos as reminiscências históricas de acordo com a cegueira dos modelos de comportamento atuais, então não sobrariam quaisquer estátuas ou outras evocações históricas. Por outras palavras, teríamos que rasgar todas as fotos dos nossos avós só porque tinham uma atitude machista… O bom entendedor entenderá esta afirmação!
Temos vindo a assistir a um comportamento radical e descontextualizado. Por esta lógica leviana teríamos de «riscar» da História todas as lembranças de períodos passados com os quais não nos identificamos! Considerem alguns exemplos! Terão os Liberais de destruir as memórias do absolutismo joanino ou as evocações ao Marquês de Pombal, a mão do despotismo absoluto? Terão os republicanos de destruir as reminiscências de oito séculos de monarquia? Terão os sufragistas de destruir as estátuas dos defensores do voto censitário? Terão os democratas de apagar as alusões ao Estado Novo e aos seus agentes? Claro que não!
Sobre a última questão, em Lousada, o que seria da Rua Dr. Afonso Quintela ou da Avenida Major Arrochela Lobo? Teríamos de as rebatizar só porque as individualidades comungaram dos ideais da Ditadura? Devemos ignorar o contexto próprio em que a Ditadura surgiu e se desenvolveu? Devemos esquecer o empenho que estes homens devotaram à sua terra?
Perguntarão alguns se defendo a imutabilidade das escolhas memoriais? Claro que não! Contudo, defendo a educação histórica e o respeito pelas escolhas do passado… Se mesmo assim, os contemporâneos defendem as mudanças dos nossos «santos» urbanísticos, então de se debata o assunto de forma participada nos locais apropriados. Nunca com o recurso à vandalização da História!
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