Pedro Magalhães é presidente da Associação de Solidariedade de Nespereira, que completou este ano 30 anos. Três décadas de existência comemoradas de forma especial, já que está em curso um projeto arrojado para o futuro de Nespereira e do concelho de Lousada: as novas instalações da Associação.
É presidente há 10 anos, mas a história da Associação tem já três décadas.
Este ano celebramos o 30.º aniversário. O início da Associação remonta a 1990, mas foi pensada nos anos 80 e concretizada apenas a 21 de Março de 1990. Há um conjunto de pessoas que marcam o início desta associação. Um deles é o sócio número um, o senhor José Nunes, que faz parte da associação. Teve um papel importantíssimo como todos os outros na fundação desta associação, e ainda é um pilar importante. Na primeira fase, a associação foi fundada, mas não tinha valências, conforme acontece com todas as associações. Ela foi fundada em 1990 e trabalhou numa primeira fase para arranjar receitas para concretizar o edifício que iria dar valências à instituição. Mas é como tudo, faltando dinheiro, a motivação quebra-se um bocadinho e para-se para fazer novos balanços. Houve de facto uma paragem para balanço. Após alguns anos, na segunda fase, criaram-se estas novas valências, até ao momento.
As instalações debaixo da Junta são já pequenas para as necessidades…
Em termos de localização, as instalações da instituição funcionam por debaixo da junta de freguesia e do Rancho Folclórico. É um edifício de partilha do espaço. No fundo, está na totalidade do espaço a nossa associação e, em cima, repartido, a Junta e o rancho Folclórico de Nespereira. Quando foi criado, servia para as necessidades da época. Foi legalizado, com uma capacidade para centro de dia (20 pessoas), serviço de apoio domiciliário (20 pessoas) e para a creche (35 crianças). São estas as valências que temos. E temos uma procura muito grande de todas estas valências. Até nos custa não termos capacidade de resposta às pessoas. Temos o espaço limitado e não podemos exceder, pois estaríamos a cometer uma ilegalidade. Além disso, temos os funcionários de acordo com esta lotação, atualmente 16 funcionários, pessoas incansáveis, inexcedíveis! A nossa maior publicidade é aquela que passa depois de cliente em cliente, que tem sido sistemática. Eu também fui cliente e já conhecia esta vertente humana das colaboradoras, que deixam as pessoas muito mais tranquilas.
Que dificuldade sentiram nesta fase de pandemia, nomeadamente no centro de dia?
Sentimos uma falta imensa da parte humana. A parte da creche abriu em junho e correu bem. Esperávamos que viessem ordens para a abertura dos centros de dia. Notávamos que os idosos estavam carentes desta proximidade, do convívio a que estavam habituados. Passaram muitas horas nesse período sozinhos em casa. Nós fazíamos a domiciliação dos centros de dia, íamos muitas vezes com uma expectativa de uma hora, que muitas vezes não chegava. A parte psicológica e mental começa a ficar afetada e há já problemas que nunca mais serão resolvidas. Estamos agora a trabalhar para abrir a 15 de agosto, com um conjunto de regras associadas ao centro de dia. Estamos a procurar cumpri-las todas. É a parte mais burocrática, carece de uma análise médica individual de cada utente, o que só possibilitará a abertura em meados de setembro. Em termos de instalações, não será possível abrirmos nas mesmas instalações, pois há uma ligação com a creche. Com a abertura do centro de dia, vamos aproveitar um espaço que a junta de freguesia tem mesmo ao lado da nossa instituição. Para quem conhece, é um salão muito amplo, com muita luminosidade, que tem casas de banho e uma copa. Com a colaboração da Junta de Freguesia (à qual faço o meu agradecimento na pessoa do presidente de Junta) já se procedeu a todas as obras de requalificação do espaço, de pintura, da parte elétrica, melhoramento das casas de banho, climatização… Tudo isto com a colaboração da Junta e da Autarquia. Os técnicos da Segurança Social vêm avaliar o espaço e as autoridades de saúde, mas estou em crer que aquilo permite que o centro de dia funcione de forma isolada. Tem refeitório, sala de convívio, tem todas as condições, garantindo as regras de segurança impostas pela DGS.
As novas instalações vêm suprir uma grande necessidade de espaço. Fale-nos desse projeto.
Efetivamente, já era uma aspiração de há muitos anos fazer um novo edifício. Na altura, pensava-se no programa PARES e estava-se na expectativa. Ao lado da instituição, havia um terreno e inclusive existiu projeto para isso. Quando entramos na instituição, já lidamos com este sonho. Em 2015, surgiram outras condições para isso, pelo facto de se terem criado no concelho novos espaços escolares. Há um conjunto de edifícios que ficaram devolutos, que têm sido entregues às instituições, às juntas de freguesias… Nós solicitamos um ao município, que entendeu, e bem, que um dos edifícios poderia vir para a associação, a escola da Boavista. Projetamos a remodelação do espaço nesse edifício e vamos ficar com uma capacidade extraordinária. O edifício que lá está ainda conserva umas boas estruturas e tem um logradouro muito significativo. Vamos passar a ter quase três mil metros de área, quando agora estávamos confinados a 700 m2 de área.

Quais serão as fontes de financiamento e o valor da obra?
Nós trabalhamos na expectativa de que viesse um programa para nos candidatarmos. Neste caso, surgiu o Norte 2020, pelo que grande parte deste financiamento será pago pelo Norte 2020. Este projeto estava previsto para 720 mil euros, mas começou a ser feito em 2015. A estimativa orçamental foi feita no início de 2018 e estamos em 2020. Fizemos recentemente uma primeira parte do concurso público e estamos agora próximos dos 900 mil euros base. Estivemos a repensar. Para além do Norte2020, temos de recorrer às nossas receitas e ao município, que já nos garantiu apoio, pelo menos em parte. Vamos ter de recorrer também à banca, e precisamos do contributo dos nespereirenses e dos lousadenses. Vamos conseguir pagar os custos da obra. Se for necessário um empréstimo, fizemos um estudo: com as nossas receitas, conseguiremos suportar o empréstimo.
Que mais-valia traz o novo espaço em termos da vossa oferta?
Reforça a nossa capacidade de resposta. Nós, no edifício onde estamos, atualmente, temos uma capacidade no centro de dia para vinte pessoas e só temos acordo para 13 utentes. Com o novo espaço, vamos passar de 20 para 36 de capacidade legal para o centro de dia. O serviço de apoio domiciliário passará de vinte para quarenta, e na creche iremos passar de trinta e cinco para quarenta e duas crianças, um aumento menor, mas significativo. Estes aumentos só são possíveis devido ao aumento do espaço que vamos ter e a capacidade de resposta futura para todas estas valências. Vamos ter novos recursos humanos, dependendo dos rácios da segurança social. Este projeto do Norte2020 garante-nos os acordos de cooperação PROCOOP (Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais), de forma automatizada para este espaço em concreto.
Para quando o início das obras?
Contamos iniciar as obras no final de setembro ou início de outubro. Estamos neste momento no segundo concurso público e, se correr bem desta vez, a partir do dia 7 de setembro vamos abrir as propostas. Contamos que em outubro se comece estas obras. Prevemos 42 dias para a execução. Nesse sentido, no final de 2021, teremos tudo concretizado, não existindo problemas pelo caminho.
Agradeço à direção da instituição, que tem sido uma direção presente e amiga e agradeço a todos os sócios que colaboram com a instituição e desejo que mantenham este espírito de colaboração. Espero que colaborem na ajuda que iremos precisar para a concretização deste projeto, um projeto de todos e para todos.
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