Opinião de Ana Regadas – militante da JS Lousada
Atualmente com a pandemia são cada vez mais os números de vítimas de Violência doméstica. Como podemos verificar pelos dados da APAV no período do primeiro confinamento foram reportados cerca de 700 casos à associação.
Torna-se por isso importante, clarificar o conceito de Violência Doméstica. Segundo a APAV: “Pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus tratos físicos ou psíquicos, uma ou várias vezes, sobre cônjuge ou ex-cônjuge, unido/a de facto ou ex-unido/a de facto, namorado/a ou ex-namorado/a ou progenitor de descendente comum em 1.º grau, quer haja ou não coabitação. Também pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus tratos físicos ou psíquicos, uma ou várias vezes, sobre pessoa particularmente indefesa em razão da idade, deficiência, doença, gravidez ou dependência económica, desde que com ela coabite.” Ou seja, “as vítimas podem ser ricas ou pobres, de qualquer idade, sexo, religião, cultura, grupo étnico, orientação sexual, formação ou estado civil.”
O que quer dizer que, qualquer um de nós pode ser vítima de violência doméstica. No contexto atual que vivemos, derivado do isolamento social da COVID a que estamos sujeitos, o mesmo pode ser gerador de situações de stress e provocar situações de conflito, tensão e agressividade o que torna a probabilidade de violência maior.
São muitas as vítimas que se viram obrigadas a conviver com os/as agressores(as) durante mais tempo e que ficaram isoladas da sociedade, pelo medo, pela vergonha, pela falta de suporte familiar ou até pela dependência financeira. O que acaba por tornar a sua própria casa/espaço um local inseguro.
A Violência Doméstica é um CRIME PÚBLICO, apesar de estarmos em isolamento, é da nossa responsabilidade DENUNCIAR, qualquer um de nós PODE e DEVE fazê-lo.
Não podemos continuar com a típica frase “Entre marido e mulher não se mete a colher”, é tempo de mudarmos mentalidades, de apoiarmos estas vítimas, fazê-las saber que não estão sozinhas e que há sempre uma alternativa e que poderão ter uma vida diferente.
É importante, prevenir e sensibilizar desde muito cedo para que num futuro todos estes números sejam cada vez mais escassos, só assim conseguiremos ajudar.
Muito se tem feito neste longo caminho a percorrer, ainda recentemente foi criada equipa RAP – Respostas de Apoio Psicológico para crianças e jovens vítimas de violência doméstica, no âmbito da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD), no sentido de reforçar o apoio psicológico e psicoterapêutico a crianças e jovens vítimas de violência doméstica, mas ainda há muito que se terá de fazer.
Vamos quebrar o silêncio e denunciar, só assim conseguimos ajudar todos aqueles que vivem estas situações, sejam crianças, mulheres ou homens. Não deixemos que a pandemia esconda este fenómeno, e que estes números aumentem!