Opinião de Luís Cunha – militante da JS Lousada
As preocupações ambientais estão na ordem do dia dos planos políticos e agendas eleitorais dos diversos partidos em todo o mundo. São vários os exemplos onde houve já a vontade e a necessidade de migrar para uma política pró-ambiente.
Por cá, em Portugal, são ainda poucos os representantes que querem verdadeiramente enveredar por uma luta ambiental. Muitos líderes utilizam as “bandeiradas verdes” a seu bel-prazer. Ora servem para espevitar a revolta do povo, ora para arremessar críticas à oposição, porém não deixam de ser vontades fúteis, pois, quando verificamos o seu comportamento no quotidiano, revelam-se insurgências meramente teatrais.
No entanto, não há melhor altura para exigirmos alterações neste, e noutros campos, do que uma época eleitoral. Pois bem, iremos ter uma muito em breve. É inegável a necessidade de alterar urgentemente os nossos hábitos e comportamentos perante o mundo, de forma a assegurar a sustentabilidade de exploração dos recursos e a manutenção dos serviços dos ecossistemas, com a finalidade última de garantir a qualidade de vida e a sobrevivência dos humanos como espécie.
Tudo isto parece demasiado abstrato para a nossa escala individual, mas não é! Não o é em local nenhum do planeta, e Lousada é, talvez, o exemplo mais paradigmático que existe no nosso país. Com um território altamente fragmentado, onde a paisagem se resume, grosso modo, a 4 unidades distintas – eucaliptal, milheiral, vinha e construção – sem qualquer área natural notável, em setembro de 2013, e em plena crise, dificilmente alguém vislumbraria uma forma de promover o ambiente e proteger os escassos espaços naturais.
Todavia este executivo conseguiu-o. Em 2017, o povo revalidou a aposta que o Município de Lousada fez no, e pelo ambiente da nossa terra, estando os resultados ainda mais à vista de todos. Agora, é justo dizer que, em Lousada, ninguém é deixado de fora da agenda para o ambiente.
Contudo, esta temática é controversa no sentido em que muitas das vezes somos levados a associar a abertura dos espaços naturais à população como algo bom. Bom para quem e para quê? Existem algumas modas que não são nada mais que isso. Falamos de “parques naturais”, de praias fluviais ilegais e de, claro está, passadiços! Todos estes estão, quase sempre, associados a um elemento natural com valor para a conservação. Cá em Lousada são os rios Sousa e Mezio.
A equação da construção destes equipamentos, nomeadamente de passadiços, é algo bastante contestado, e que, a meu ver, nada acrescenta ao património natural. Muito pelo contrário. São uma ferramenta de demagogia política e de deseducação ambiental. A construção destas infraestruturas é insustentável, pois, para além dos astronómicos custos de instalação e manutenção, leva também à desestruturação do ecossistema, culminando, por vezes, no desaparecimento de valores naturais únicos. Promessas eleitorais deste calibre carecem de escrutínio quanto ao verdadeiro intuito. No planeamento de um programa político construtivo deve ser dada primazia à salvaguarda e conservação da natureza, em detrimento do equipamento lúdico que visa apenas a autopromoção!
Há imensas soluções para a valorização do património que não implicam necessariamente a adição de instalações, mas que vertem sobretudo na reabilitação e educação ambiental, envolvendo a comunidade local que será sempre a parte mais interessada e determinante na sustentabilidade do nosso território.