Lousada é o município da região do Vale do Sousa que regista o mais baixo índice de poder de compra.
O poder de compra é a capacidade de adquirir bens e serviços com determinada unidade monetária. Na última década, Portugal recuou no indicador de poder de compra face à média da União Europeia. Está atrás de países como a Estónia e a Lituânia.
Segundo o estudo sobre o poder de compra concelhio, realizado pelo INE, Lousada, que regista uma proporção de poder de compra de 0,324%, em 2017, é o município da região do Vale do Sousa que regista o mais baixo índice.

Carlos Ribeiro ‘Rocha’, empresário, acredita que se deve ao facto “de o trabalho laboral ser remunerado baseado no salário mínimo nacional e, como tal, salários baixos. Já excluindo o ano ‘pandémico’, que deixou e está a deixar muitas pessoas a passar mal”. Este fator interfere no seu negócio, “pois o meu público-alvo são as famílias e pessoas que gostariam de fazer sessões fotográficas e álbuns personalizados e, embora querendo, quase não fazem por não terem verba disponível”, lamenta.

Já Laura Torres pensa que os lousadenses “tinham um bom poder de compra, mas a pandemia veio agravar a situação toda. Enquanto alguns tinham um dinheiro de lado e foram utilizando, agora é mais difícil”.

Embora se relacione o poder de compra com o binómio “valor do dinheiro vs. valor dos produtos”, na realidade, esse fator pode também estar relacionado com a inflação da cidade onde cada cidadão reside.
Assim, e tendo em conta que a medida dos níveis de vida deve partir, não dos valores monetários diretos dos rendimentos per capita, mas do efetivo poder de compra que resulta da utilização desses rendimentos pelas pessoas, torna-se necessário estabelecer uma ponderação a esse fator de forma a tornar a comparação mais correta.
Para César Araújo, empresário, os números podem ser enganadores. “Em 2018 e 2019, acredito que Lousada deu um salto muito grande e tem a ver com a fixação da indústria e também por muitas mulheres que começaram a trabalhar nessa mesma indústria. Isso está a permitir maior empregabilidade das pessoas. Acho que os dados estão longe do horizonte atual”, refere.

Por sua vez, Simão Ribeiro, presidente da concelhia de Lousada do Partido Social Democrata (PSD), entende que este índice “é algo extremamente negativo para Lousada e, principalmente, para o bem-estar e qualidade de vida das famílias Lousadenses. Hoje, lamentavelmente Lousada é o concelho da região, cuja população aufere os mais baixos rendimentos, e consequentemente, é a população que apresenta menor índice de poder de compra. Isto é claramente o resultado de uma estratégia errada, ou a falta dela, que ao longo destes 30 anos não se privilegiou a formação académica e profissional da população, nem a captação de investimento de valor acrescentado que permitisse a criação de postos de trabalho mais bem remunerados”.

Contactada pel’O Louzadense, a autarquia, até ao fecho desta edição, não prestou declarações.
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