Opinião de Ana Beatriz Carvalho – militante da JS Lousada
“O novo normal terá muito de novo e pouco de normal”, uma frase que me acompanha desde o início da pandemia e que faz cada vez mais sentido. O ser humano já não é o mesmo, a nossa realidade foi alterada, perdura sempre a incógnita do que acontecerá amanhã e, mesmo assim, as responsabilidades e expetativas que nos são destinadas são as mesmas.
A meu ver, é percetível que o mundo, outrora habitual e inalterável, nunca mais será o mesmo. Todavia, todos esperam o mesmo de nós, ou até mais, seja a nível académico, profissional ou pessoal. Como é que se pode realizar o normal num panorama anormal? Uma questão sem resposta fixa, a doutrina divide-se e dificilmente encontrará uma “resposta equilíbrio”.
Apesar disso, nós continuamos por aqui, uns vivem, outros lutam para viver da melhor maneira e uma grande parte tenta simplesmente sobreviver. E é nesta linha de pensamento que compreendemos que, por mais mudanças que ocorram, há coisas que dificilmente se alteram: uns vivem, uns querem viver e a maioria sobrevive.
Hoje em dia, as pessoas focam-se tanto nesta mudança que estamos a testemunhar que se esquecem que o ciclo do mundo é mesmo assim. Só há evolução através da mudança, só se escreve uma nova história através do “diferente”, nós só não estamos prontos para a encarar porque nos habituámos a lê-la nos livros de História, apesar de ela estar constantemente a influenciar-nos.
Como afirmou John F. Kennedy, a mudança é a lei da vida e aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente perderão certamente o futuro. Contudo, é óbvio que a mudança que emerge é demasiado repentina e exige tanto de nós num espaço de tempo tão curto que não conseguimos alargar o nosso campo de visão. Não conseguimos acompanhar a nova realidade, faltam-nos respostas, tempo, calma e, acima de tudo, um bocadinho do que antes chamávamos normalidade, mas as responsabilidades são as mesmas.
Em suma, partilho um excerto que guardo comigo para os momentos difíceis: “Quando era pequeno, os campos eram enormes. Cresci mais do que podia imaginar e, no entanto, os campos continuam enormes. Entre o que me puxa de um lado e de outro, há o meu lugar a manter-me firme, a fornecer-me equilíbrio infinito. A diferença de forças é incomparável. Por isso, nunca me perco no mundo imenso.”, da autoria de José Luís Peixoto. Por mais difícil que seja esta caminhada é preciso continuar, é preciso pensar no nosso bem-estar, mas sem nunca colocar em risco o bem estar do próximo