LouzaRock – Por José Carlos Carvalheiras
A história do Rock em Lousada também inclui músicos lousadenses que participam ou participaram em bandas de outras localidades. De Paula Teles (Waterland, de Barcelos) a José Pedrosa (Typical Me, de Famalicão), passando por Bruno Tavares (Cintura, de Penafiel), Fábio Mota (Marvel Lima, de Lisboa), são vários os músicos dessa lista, onde se inclui Pedro Cesário de Vasconcelos, que integrou bandas rock e pop do Porto na década de 1990.
“Tive aulas de canto, aprendi solfejo (uma seca) e piano com a D. Maria Ângela (na casa do benemérito lousadense José da Costa Sampaio) e fui «menino do coro», na igreja do Senhor dos Aflitos”, recorda este lousadense há muitos anos a residir em Lisboa.
Pedro Cesário, de 53 anos, começou desde muito cedo a mostrar uma forte propensão para as artes, não só do palco. Ainda não tinha 18 anos quando foi ensaiar com o Baco: “fui a dois ou três ensaios da banda do Almeida, mas a minha amiga Alexandra Guerra contou-me que uma banda do Porto, os BBC, estavam a fazer audições para vocalistas. Decidi concorrer e fui escolhido”.
Decorria o ano de 1988. Os BBC descendiam dos Albatroz, uma lendária banda portuense e era liderada por Rui Carvalho, filho de um dos fundadores da editora Valentim de Carvalho. Embora tivesse curta duração, sobretudo por causa do falecimento precoce do teclista e líder da banda, os BBC tiveram bastante sucesso. “Fizemos concertos memoráveis em muitos sítios, nomeadamente na Spotlight, uma grande discoteca em Mindelo. Depois entrei para outra banda do Porto, os Dr. Divago, com quem fiz apenas um concerto, no Postigo do Carvão, na Ribeira. Após essa experiência ainda fiz parte da banda João C’est Bom, além de projetos pontuais com o DJ Rodrigo Afreixo, nos Maus Hábitos, etc”, revela Pedro Cesário.
A sonoridade deste vocalista é em quase tudo semelhante ao seu ídolo maior, Morrissey, carismático líder da emblemática banda britânica The Smiths. “Foi sempre essa a minha grande referência musical. Mas também The Cure. O Pop teve sempre mais influência em mim que o Rock. Mas também segui estilos mais pesados, como os Iron Maiden, que vi ao vivo em Lisboa”, explica.
Na segunda metade da década de 1990, Pedro Cesário cortou com a música. “A última vez que cantei foi no casamento da minha amiga Carla Lopes, de Freamunde, vocalista dos Frei Fado Del Rei”, revela.
Desde então, passou a dedicar-se à dança jazz e ballet contemporâneo, entrando para a escola Ballet Teatro, do Porto. Esta foi uma via que o levou ao teatro, colaborando com companhias como a Seiva Trupe e o TEP, na cidade invicta.
A ida para Lisboa, onde prosseguiu a carreira de bancário, motivou-o a trilhar a via universitária e licenciou-se em Antropologia. Foi mais uma manifestação da versatilidade e amplitude de paixões deste artista lousadense: “a experimentação e adesão às várias artes esteve sempre ligada à minha busca de mim, do meu Eu,
Já não dança, nem canta, nem faz teatro. “Acho que já não sei cantar. Mas pinto. Ganhei um gosto pela pintura. Nada de muita qualidade. Pinto sobretudo o que a minha mãe me pede”, afirma, com o sentido de quem faz da pintura algo terapêutico e didático.
No final desta entrevista, Pedro Cesário presentou o projeto Louzarock com o empréstimo de um CD e uma cassete áudio, que em breve colocaremos online.
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