Por José Carlos Carvalheiras
“E o sol que os trouxera à Festa ainda viu muitos a ir da Festa”
Foi de arromba a Festa Grande de Lousada em 1965. A RTP enviou uma equipa de reportagem para filmar as festividades que “atingiram invulgar brilhantismo”, frase que é título na primeira página do Jornal de Lousada de 31 de Julho desse ano, que era administrado por Manuel Afonso da Silva e dirigido por Jaime Amador e Pinho, da Casa da Bouça, de Nogueira. No artigo, da autoria do escritor José Dinis, de Vila Nova de Gaia, lê-se:
“A manhã de sábado mostrou-se prazenteira, e a alegria do sol que nasceu radioso espalhava-se no rosto dos primeiros forasteiros. De perto e de longe, lá chegavam eles. A pé ou nos mais variados meios de transporte. Farnel recendendo da sacola recheada, ou carteira bem provida, na perspetiva de um abundante repasto. Que as diversas pensões da Vila primavam em suplantar a habitual franqueza de bem receber e bem trabalhar.
No domingo, a Vila foi tomando aspeto buliçoso e aos poucos se foi enchendo até ficar como um ovo. Por todo o dia era vê-los felizes e contentes, limpando no seu fato novo, garbosos daquela galhardia, que o povo simples sabe ostentar nestas ocasiões.
À noite, um ondulante mar de gente bem disposta, indo e vindo, enchia por completo de vida, bulício e animação todas as ruas e recantos. Duas Bandas de Música afamadas atiravam ao ar as belas peças de seu reportório.
Divertimentos, barracas de comes e bebes, tudo era invadido, a espaços, por ondas sequiosas de folia e bom trato. Pela noite fora, longe de diminuir, a animação cresceu, e o sol que os trouxera à Festa ainda viu muitos a ir da Festa.
Mas ninguém se cansou e no dia 26 a Vila novamente se encheu. De mistura com o estrondo dos foguetes animavam ainda a Festa os Ranchos Folclóricos com danças e descantes.
Enfim, uma alegre cornucópia de folguedos e diversões que deleitaram estas gentes e deixaram em todos, forasteiros e Lousadenses, a mais grata impressão”.
Poderá ver o vídeo aqui.