Contam-nos as melhores histórias e abraçam-nos com todo o carinho. Os avós são aqueles que nos confortam, o sorriso que nos acalma e o carinho que embala o nosso coração. São amor que não envelhece e sabedoria que não acaba. No Dia dos Avós que se assinala hoje, dia 26 de julho, celebramos as experiências espelhadas nos cabelos brancos de cada avô e avó lousadense.
Avô de nove netos e um bisneto, Luís Carvalheiras dos Santos, define-se como um homem “rigoroso, altruísta e amigo” e sente-se um “sortudo” por tudo o que os netos lhe proporcionam. Mas não é apenas Luís que é um avô babado, também os netos se sentem “eternamente gratos” pelo avô que lhes “saiu na rifa”.
Se nos avós encontramos amor, carinho e diversão, é também neles que “encontramos respeito e os valores para sermos melhores pessoas e tornarmos o mundo que nos rodeia num sítio ainda mais bonito. O meu avô educou-me a mim e a mais nove netos, de maneira exímia. Ensinou-me o que eram os valores e o respeito. Ensinou-me tudo”, refere Rita Santos, neta de Luís Santos.
“O meu avô educou-me a mim e a mais nove netos, de maneira exímia.” – Rita Santos
Sempre ligado aos netos, Luís Santos acompanhou-os desde os seus primeiros passos até à idade adulta. Foi com ele que aprenderam as coisas mais básicas da vida, como ler, escrever e a fazer as contas de matemática: “fazia as minhas contas de matemática como ninguém”, conta a neta.
Mas como os avós não dão carinho só em bebés, este super-avô não deixou o caminho a meio, “acompanhou a minha vida académica até hoje, que estou no último ano do meu mestrado de Design de Moda, mesmo não sabendo o que é ser designer”, brinca.

Para Rita, ser neta do avô Luís é “a melhor coisa do mundo, porque o meu avô é mesmo o melhor do mundo. Eu sei que isto pode parecer clichê, mas é verdade”, sendo-lhe eternamente grata por tudo o que já fez por ela e pelo que continua a fazer. “Gostava que o meu avô fosse eterno”, afirma.
“O avô Luís é a pessoa mais portista que eu conheço e passou a todos os netos o seu gosto pelo futebol e pelo clube”, revela, por isso, o passatempo preferido dos netos é ver todos os jogos com o avô Luís.
Se ser neto é receber mimos e ser avô é dar, “é como ser pai pela segunda vez. Na casa dos avós é sempre tudo melhor. Principalmente a comida da avó”, comenta Luís. O sentimento que os avós sentem ao verem os netos crescer é “inexplicável”, principalmente “quando parte dos valores que têm são os avós que os transmitem, é um gosto ver os meus netos voarem e concretizarem os seus sonhos”, confirma o avô.
Assim como os netos gostam de ver os jogos do FC Porto com a companhia do avô, Luís também não esconde este gosto: “adoro ver os jogos do Porto e ter a casa cheia de netos”. O que mais deseja é “estar aqui e vê-los realizar todos os seus sonhos e, acima de tudo, conseguir ajudá-los a concretizar esses mesmos sonhos”, revela.
Ser a segunda mãe
Quando questionados de qual é o sentimento de ser avô ou avó, a resposta é sempre a mesma: “inexplicável”. E para Mina Oliveira não é diferente. “Ser avó é sentir-me como se fosse mãe de primeira viagem”, revela.
Vê-los dar os primeiros passos “é uma sensação de júbilo com um misto de preocupação, porque, daqui em diante, os cuidados dobram, é como se estivessem a fazer uma maratona fora da idade”, comenta Mina.
“Ver os netos crescerem é reviver o passado e sentir que algo nosso cresce com eles.” – Mina Oliveira
Para os avós não é fácil ver os netos saírem de casa e ganharem asas, mas é um orgulho que se torna “imensurável”. “Ver os netos crescerem é reviver o passado e sentir que algo nosso cresce com eles”, revela a avó.
Mina revela-se uma avó que não gosta de deixar nada por fazer: “a avó está lá quando eles precisam para os mimar e dar conselhos quando lhe pedirem. Ser avó é também como ser uma segunda mãe e poder fazer parte da vida dos netos, é um sonho que se torna realidade, acho que é o desejo de qualquer avó”.

Esta super avó deseja para os seus netos um futuro brilhante e que sejam sempre felizes: “que nunca percam os valores incutidos pelos seus pais e que nunca se esqueçam dos laços que nos une”. Acredita que sempre fez tudo o que pode para dar o melhor aos seus netos e “tudo para que se sintam felizes”. “Agradeço a Deus por me ter dado a oportunidade de poder fazer parte das suas vidas”, afirma.
Para Francisca, sua neta, poder crescer com a avó ao seu lado é das melhores coisas que podia pedir. “É aprender coisas antigas e novas ao mesmo tempo. É saber que terei sempre um ombro amigo, uma pessoa em quem posso confiar, é saber que nunca estarei sozinha e abandonada”, revela,
“É uma avó moderna e que gosta de manter os netos com estilo”, afirma. O que Francisca mais gosta de fazer com Mina Oliveira é “ir às compras e gosto que me ajude na decoração do meu quarto. Ela tem jeito”, brinca.
Amar a dobrar
Maria Rosa tem 75 anos e é avó há 26. Tem seis netos e teve a oportunidade de cuidar da primeira neta nos seus primeiros anos de vida. “Senti-me muito contente. Tomei conta da minha neta até aos cinco anos. Quando ela foi para a escola fiquei muito triste, mas tinha de ser assim. Depois não cuidei de mais nenhum, porque tinha muito terreno para fazer”, explica Rosa.
“Tenho muito gosto em todos os meus netos”, revela. Quando começou a ficar mais debilitada, mudou-se para a casa da família do neto mais novo, há cerca de quatro anos, e, desde então, têm aproveitado para criar laços ainda mais fortes.
Sempre muito divertida, acredita ser a alegria do Centro Social e Paroquial de Sousela, onde passa os seus tempos livres. “Sempre gostei sempre muito de cantar e dançar. Ainda agora gosto de dizer as minhas brincadeiras e tudo se ri”, brinca.

E o neto, Carlos Leonel, de 18 anos, confirma: “esta é uma avó diferente de todas as outras, é uma das melhores pessoas que tenho na minha vida. É uma pessoa que demonstra sempre algum ensinamento, principalmente a mim, que só tenho 18 anos e tenho muito para viver. Tem os melhores conselhos e está sempre ali para mim. Nunca falha e dá sempre a sua opinião de pessoa mais experiente”.
“Ela é incrível e acho mesmo que os avós deviam ser eternos”, refere o jovem, acrescentado: “já foi tempo de ela cuidar de mim, agora sou eu a cuidar dela”.
Apesar de os querer junto a si, Rosa admite que tem de os “deixar voar e cada um seguir o seu caminho, não podemos estar sempre juntos, cada qual tem de seguir o seu destino”.
No futuro, só espera que consigam realizar todos os seus sonhos, “que arranjem sempre bons empregos, que tenham uma vida estável, que sejam muitos felizes pela vida fora e só depende de cada um deles”.
“Este é um dia que marca sempre, mas acho que o Dia dos Avós é como o Dia das Mães: é todos os dias. Colocando-me no lugar de quem não tem avós, é um dia mais triste. Felizmente, ainda tenho as minhas duas avós e para mim é um dia muito especial”, conta o neto Leonel.
“Nunca abandonem os idosos e, acima de tudo, nunca abandonem os avós.” – Carlos Leonel
Questionado se a avó é a sua segunda mãe, o jovem não hesita: “sem dúvida que sim, é um ponto de abrigo”. Considera que os jovens “deviam dar mais atenção aos idosos”, referindo que, no período de estágio na Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração, no Hospital Agostinho Ribeiro, em Felgueiras, “vi avós que não têm possibilidade de estar com os netos e acabam por falecer numa cama de hospital, que já não vêem os netos há mais de um ano, tendo em conta a pandemia”.
“Nunca sejam orgulhosos, devemos estar sempre prontos e devemos deixar tudo para irmos ver os avós. Nunca abandonem os idosos e, acima de tudo, nunca abandonem os avós”, alerta o neto.
Assinalar o dia à distância
No Centro Social e Paroquial de Sousela, onde Maria Rosa tem passado o Dia dos Avós dos últimos anos, é habitual celebrar-se numa atividade com a presença dos netos de todos os utentes, “fazem-lhes uma visita e são presenteados”, revela Tânia Magalhães, diretora técnica da instituição.
“Normalmente, aderiam muito bem a esta iniciativa e para os idosos era um dia de emoções ao rubro. Fazíamos o registo fotográfico e divulgávamos”, conta.

Além disso, “já foram preparados alguns presentes para assinalar o dia, uns feitos por eles e outros oferecidos pela instituição, porque é um dia importante para eles, uma vez que os netos acabam por ser a retaguarda, a companhia e aquilo que eles mais adoram e mais precisam para estar mais distraídos”, alerta.
Num ano normal, iriam receber, também, a visita dos alunos do Centro Escolar de Sousela, que preparavam a recitação de um poema, uma música ou uma lembrança para os idosos. “Eles sempre nos apelidaram como ‘os nossos avós’. Tanto neste dia, como em qualquer outra atividade”, confirma a diretora. Este ano, o dia vai ser celebrado de forma diferente, mas com a mesma intenção: celebrar a vida de quem tanto tem para ensinar.