Joaquim Cardoso nasceu em Travanca, em Amarante, em 1946. Mudou-se para Lousada depois do casamento e desde então tem dedicado parte da sua vida à Associação Desportiva e Cultural de Figueiras, que ajudou a criar, na freguesia de Figueiras.
É o mais velho dos quatro irmãos e com apenas dez anos viu o seu pai partir. Por isso, muito cedo teve de colocar os “pés ao caminho” e ingressar no mercado de trabalho. “Naquela altura havia muita dificuldade e a minha mãe fez o melhor que conseguiu. Fiz a quarta classe e fui trabalhar para uma quinta de fruta e pecuária”, conta Joaquim Cardoso.
Como os jovens da sua idade, esteve ao serviço no Ultramar, como motorista, durante 32 meses. “Foi uma experiência difícil, durou muito tempo, mas regressei sem problemas, embora isso nos traga hoje problemas na nossa saúde e na nossa vida”, reflete.
“Fiz a quarta classe e fui trabalhar para uma quinta de fruta e pecuária.”
“Felizmente o Ultramar acabou. Mas, apesar da tropa ser muito difícil, havia regras e mais noção da vida. É sempre uma boa experiência para os jovens”, comenta. Depois de regressar da guerra, casou-se e mudou-se para Figueiras, há cerca de 50 anos.
Mais tarde, “comecei a trabalhar no Sport Clube Freamunde, junto à Associação de Futebol do Porto, e o clube insistiu para vir para cá profissionalmente, onde fiquei até há seis anos. Era secretário do clube, com a responsabilidade de organizar os jogos e tudo o que os envolve”, explica.
Durante o percurso, foi sócio fundador da Associação Desportiva e Cultural de Figueiras, em 1984, juntamente com Luís Peixoto e Jaime Peixoto, que fazem parte da direção. “Mas a minha mais profissional foi dedicada ao SC Freamunde, desde o futebol profissional ao amador”, afirma.
“Já tínhamos uma equipa de futebol, o Figueiras Futebol Clube, que ganhou um torneio no antigo Campo de Lousada, em 1974/75. Depois o bichinho do desporto falou mais alto e decidimos criar esta associação”, explica o presidente.
Atualmente, é composta pelo futsal, pelo grupo de bombos e pelo BTT, que nasceu há três anos. “O BTT tem andado muito rápido e já temos atletas campeões. Apesar de nos dar muitos encargos, também nos dá muita felicidade”, afirma, acrescentando que “gostávamos de ter mais modalidades, mas a freguesia é pequena e já temos diversas associações. Gostávamos de fazer formação no futsal, mas não podemos, porque não temos espaço”.
“Sou uma pessoa que ao longo do tempo soube-me comportar como acho que quem está à frente das coisas se deve comportar.”
Acredita que soube manter o seu lugar e que é “uma pessoa que ao longo do tempo soube-me comportar como acho que quem está à frente das coisas se deve comportar e, inclusivamente, em 2002, fui condecorado pela Associação de Futebol do Porto na gala dos 90 anos, no Coliseu do Porto, pelos grandes serviços prestados ao desporto. Não pedi nada, mas uma pessoa fica sempre contente”, orgulha-se.
Mais recentemente, o SC Freamunde “fez-me uma condecoração pelos anos que lá estive como diretor e, no ano passado, a Câmara de Lousada também me quis atribuir o prémio carreira”, revela.
“Ao longo destes anos todos, ao contrário do que acontece hoje em dia, nenhum árbitro me castigou um minuto ou me deu um cêntimo de castigo. Até hoje tenho a minha ficha limpa e isso conta muito no desporto”, reflete.
Nos seus tempos livres aproveita para ver jogos de todas as modalidades, porque “é aí que me sinto bem, que gosto de estar. E pensando sempre em fazer mais alguma coisa”, termina.
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