Opinião de Magda Santos – Psicóloga Clínica Infantil
O desenvolvimento emocional na infância direciona as nossas vidas, afetando os rumos que tomaremos e as escolhas que faremos. Essa etapa tão primordial começa ainda nos primeiros dias de vida. Trabalhar as emoções desde cedo é fundamental. É o reconhecimento das emoções que nos irá auxiliar a compreende-las, lidar melhor com as situações e o com aquilo que sentimos, solucionar conflitos com mais facilidade e com menos sofrimento. Ensinar a criança a reconhecer e falar sobre as emoções é tão importante quanto ensinar a ela o reconhecimento das cores, do alfabeto ou dos números.
Quando as crianças entendem as emoções e as comunicam de maneira assertiva e eficiente, elas podem e conseguem, ao reconhece-las, escolher melhores estratégias para resolver problemas e lidar com eventos negativos, ou positivos, desenvolvendo, gradualmente, a perceção sobre a perspetiva do outro. Enquanto as dificuldades associadas à inteligência emocional têm vindo a ser associadas a consequências negativas, o domínio destas mesmas habilidades está associado a consequências muito positivas.
O estado emocional infantil pode ser dividido em duas dimensões: reatividade e autorregulação. A reatividade está relacionada à forma com a qual a criança reage a uma situação de frustração, com intensidades diferentes. Já a autorregulação diz respeito a como ela se corrige, dando mais atenção ao controle motor. Já no primeiro ano de vida ocorre o desenvolvimento dessas duas dimensões da personalidade emocional infantil e permanece durante a fase pré-escolar e escolar.
A partir dos três anos de idade, a criança tem competência para exprimir o seu estado emocional, conseguindo atribuir significados emocionais às vivências do dia-a-dia, tendo como referência as experiências do passado. O desenvolvimento da linguagem tem nesta fase uma grande importância e passa a ser um utensilio relevante para a criança expressar e comunicar as suas emoções. O seu domínio fará com que haja uma grande mudança no desenvolvimento emocional. Por volta dos cinco anos de idade, a crescente capacidade cognitiva permite à criança analisar e refletir sobre as emoções de uma forma mais abstrata e impessoal. Progressivamente vai percebendo como é que as emoções funcionam, questiona as formas mais eficazes de as controlar e, é também capaz de ajudar os outros a regular as emoções. As crianças vão-se apercebendo da possibilidade de controlar as suas próprias emoções, e consequentemente consideram a possibilidade de manipular ativamente as suas expressões emocionais e as expectativas sociais acerca da adequação das reações emocionais. A partir dos sete anos, a criança torna-se mais independente no controlo das emoções. Em situações de algum controlo percebido as crianças começam a recorrer a estratégias de resolução de problemas para lidarem com as emoções, mas recorrem ainda ao evitamento e afastamento quando sentem pouco controlo sobre a situação.
Eis algumas dicas para os pais ajudarem as crianças a saberem gerir as emoções: 1) desde cedo, incentive seu filho a falar sobre suas emoções boas e más, positivas e negativas. Mostre-lhe que entre vocês há um espaço seguro para que ele possa falar sem medo, para que possa expressar-se sobre o que está a viver no seu dia a dia, as suas conquistas e desafios; 2) tão importante quanto identificar as emoções é saber respeitá-las. Grande parte dessa aprendizagem virá do seu exemplo como pai, como mãe. Geralmente, criamos uma aversão a sentimentos que julgamos negativos, como tristeza e deceção, porém é essencial que a criança compreenda que eles fazem parte da vida de qualquer pessoa. Todos nós os experimentamos. Deste modo, incentive o seu filho a lidar com o que está a sentir de forma autêntica, sem “fingir” um sentimento positivo em momentos nos quais está a sentir o oposto; 3) sempre que a criança conseguir dominar as suas emoções perante uma situação difícil, elogie a capacidade demonstrada e incentive-a a perceber que foi capaz; 4) respeite o tempo do seu filho, algumas crianças conseguem falar mais abertamente sobre o que sentem, outras levam mais tempo para se sentirem seguras para se abrir emocionalmente; 5) converse com seus filhos sobre os seus sentimentos diários, conte-lhes o que você sentiu no seu trabalho para, depois, perguntar a eles o que eles sentiram na escola; 6) seja exemplo, aprenda a falar de si e como se sente, conte-lhes suas histórias da infância e diga como se sentia; 7) acolha-os nas suas frustrações e elogie-os quando eles se superarem. Elogie-os também quando eles conseguirem falar de seus sentimentos e desabafar.
Sendo um tema de extrema importância no desenvolvimento infantil, foi criado o programa Emotion Kids, que visa potenciar nas crianças um desenvolvimento socio-emocional harmonioso, com o objetivo de se tornarem crianças que consigam lidar com as emoções e expressá-las de uma forma adaptativa.

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