Opinião de Pedro Amaral
Tenho dado por mim a pensar nos últimos tempos na famosa expressão atribuída a Salgueiro Maia perante a formatura da Escola Prática de Cavalaria na madrugada de 25 de Abril de 1974: “Há diversas modalidades de Estado: os Estados socialistas, os Estados corporativos e o Estado a que isto chegou!”
Sinto que se o capitão tivesse chegado aos dias de hoje se sentiria desiludido por perceber que, afinal, o “Estado a que isto chegou” não terminou com a revolução de Abril. Infelizmente, o “Estado a que isto chegou” é, não só, o estado natural em que o país se habituou a estar, mas também o estado em que presumivelmente se manterá no futuro próximo.
Nas últimas semanas, os portugueses foram presenteados com uma crise política que não desejaram, mas da qual foram, em certa medida, algo culpados. A geringonça de PS, BE e PCP/PEV estatelou-se no próprio muro que António Costa incessantemente apregoou ter destruído.
Da minha parte, fui daqueles que desde 2015 afirmou que António Costa não tinha derrubado muro nenhum à sua Esquerda, que a geringonça se movia exclusivamente por preconceito ideológico pelos anos da troika e que iria acabar no exacto momento em que, aos primeiros sinais de crise, Bloco e PCP/PEV percebessem que as suas impressões digitais ficariam, indissociavelmente, ligadas às do Partido Socialista na percepção dos eleitores. Nem sequer precisamos chegar a esse ponto caro leitor, bastaram umas eleições autárquicas desfavoráveis à extrema-esquerda para o baralho de carta se desmoronar.
Quando em 2019 o Parlamento se fragmentou, acolhendo novos partidos, e o apoio formal ao Governo por parte dos parceiros da “Esquerda além muro” passou de formal a uma mera garantia de subsistência, recordei a expressão de Carlos II de Inglaterra perante o seu próprio parlamento, dizendo: “Não é expectável que venha a acabar bem algo que começa com tamanha divisão.”.
António Costa, tal como Júlio César, atravessou o Rio Rubicão e agora vê-se a braços com a alienação de todas as forças políticas que rodeiam o Partido Socialista. Mal-amado à Esquerda que o colocou entre a espada e o “muro” com as suas exigências, pasme-se, radicais e absolutamente arredado da Direita que durante anos diabolizou ao ponto de potenciar o ressurgimento da extrema-direita.
Nunca tanto esteve em causa numas eleições legislativas e, simultaneamente, nunca foi tão provável o resultado que delas sairá. O ainda Primeiro-Ministro, estratega que é, sabe-o bem e procurará incessantemente uma maioria absoluta.
Alguém se admira com as recentes polémicas em torno da líder do PAN? Na cruzada socialista pela maioria absoluta, todos os votos contam para a meta dos 116 deputados e Costa não se importa onde os irá canibalizar. O aparelho do PS já o percebeu e a “credibilidade” do PAN já sofreu as consequências.
Mas não se preocupe caro leitor, no dia em que Costa precisar apenas dos deputados do PAN para uma maioria parlamentar, rápido esquecerá as estufas dos seus membros e trocará a geringonça a combustível (que está caríssimo) por uma geringonça elétrica e lhes estenderá a mão. Afinal, assim se vai mantendo o perpétuo “estado a que isto chegou”.
Deixo aqui os Parabéns ao senhor Pedro Amaral, pelo seu texto de Opinião acima referido, porque sendo muito jovem, conseguiu demonstrar o quanto o sistema político português está degradado e corrompido, em que a maioria dos políticos que tem governado este Pais, tudo tem feito para se governar e não para o governar, fazendo alterações ao Código Penal e Processo Penal, que só serviram ate agora os seus interesses e facilitaram o aumento de corrupção, enterrando este pais de cada vez mais na miséria e permitindo o aumento da divida portuguesa de tal forma que breve nem vendendo todo o pais será possível liquidar tal divida. Manuel Freitas