Natural da freguesia de Cristelos, desde pequeno cresceu rodeado à música, influência do seu pai. Hoje, Rodrigo Fernandes, com 68 anos, gosta e serve os factos e personalidades da sua terra. Apesar de ter pertencido ao Corpo de Fuzileiros das Forças Especiais da Marinha Portuguesa, é na área da comunicação que sempre encontrou o seu fascínio.
Oriundo de Cristelos, nos dias que correm, é na freguesia de Silvares que reside juntamente com a sua mulher. Proveniente de uma família humilde, assim a caracteriza Rodrigo Fernandes, a sua casa de família era formada por 12 crianças. Filho de pessoas ligadas à cultura, o seu pai era músico, compositor e intérprete da Banda Musical de Lousada, havendo realizado diversas obras. Dada a paixão incutida pelo seu progenitor desde menino, pertenceu à mesma em simultâneo com mais três irmãos.
Rodrigo Fernandes começou a sua carreira profissional como voluntário do Corpo de Fuzileiros, na capital do país. “Sou do recrutamento de 1971”, sublinha o próprio. Quando tirou o curso de Fuzileiros envolveu-se na área da saúde, exercendo funções no Hospital da Marinha e, mais tarde, nas enfermarias dos quartéis.

Após um longo período, decidiu inscrever-se para o Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, atuando no âmbito da proteção das pessoas, de bens e do ambiente, essencialmente no Município do Porto.
Não obstante do serviço realizado até então, envergou pelo jornalismo. “Quando estava nos Sapadores arranjei tanto lá como fora, amigos jornalistas do jornal O Comércio do Porto”, declara Rodrigo. Posto isto, convidaram-no para fazer certas tarefas na área, sendo que também foi requisitado pela própria administração para se tornar responsável pelo território do Vale do Sousa e Vale do Tâmega. No entanto, caso aceitasse o convite para se tornar coordenador das notícias, cabia-lhe o encargo de arranjar profissionais em todos os concelhos para conseguirem matéria.
Durante algum tempo, Rodrigo Fernandes chegou a fazer o respetivo trabalho, mas transitou com um amigo para o jornal O Jogo, incutindo-lhe o dever pela parte do ciclismo. Todavia, o colega com quem partilhou esta vida havia morrido e dada a tristeza afastou-se da ribalta dos jornais.
Seguidamente, começou a frequentar mais a sua terra de origem, Lousada, e dedicou-se com profundidade aos factos e personalidades desta. “Agora é aquilo que faço, gosto e sirvo.”, afirma Rodrigo Fernandes. A sua ação prendeu-se a colaborar com associações através de todo o equipamento que recolhia, acabando as mesmas a pedir-lhe determinado material. “Sabem que tenho várias coisas que não as quero só para mim e estou sempre disponível para ajudar quem precisar.”, reforça.
O colecionador consegue todos os materiais por meio das conversas que mantém com indivíduos do concelho. Iniciou o trajeto dessa forma, mas, hoje em dia, as pessoas já sabem e conhecem a ocupação de Rodrigo que o procuram para entregar qualquer espécie de factos.
Na entrevista dada ao jornal O Louzadense, Rodrigo Fernandes, conta uma história curiosa resultante do seu trabalho. “Houve uma casa em Lousada que foi demolida e lá dentro encontraram um baú que tinha várias coisas, dentro das quais, uma bandeira que foi hasteada no 5 de outubro de 1910, feita artesanalmente com novelos de lã, verde e vermelha.”, afirma Rodrigo Fernandes manifestando contentamento por se lembrarem dele no momento de oferta.
A respetiva bandeira havia sido hasteada em Lousada nos Bombeiros, sendo a terceira a nível nacional em conjunto com Coimbra. Todavia, Rodrigo como ato de bondade e respeito ofereceu esta à Câmara Municipal de Lousada.
A importância que estas ações representam para Rodrigo Fernandes é a divulgação das pastas que para muitas pessoas da vila torna-se interessante todos os factos e fotografias empregadas nas mesmas. “Se gostam daquilo que eu tenho, naturalmente fico bastante feliz”, afirma Rodrigo. Este considera que as coisas que possui e dispõe apresentam uma significativa relevância para a história de Lousada.

Há 30 anos que anda, gradualmente, a preencher espaços da pasta e, ao longo destes já realizou 6 exposições. A primeira apelidada de: “O desporto em Lousada”, seguiu-se “Lousada ontem e hoje” onde na mesma foi possível observar 140 fotografias que estabeleciam o paralelo entre a vila de antigamente e a atual. Desta forma, quem assistiu conseguiu formar comparações. Produziu uma exposição sobre a Banda Musical de Lousada, conseguindo arranjar vários instrumentos e outra sobre os bombeiros de Lousada.
Rodrigo Fernandes não tem dúvidas quando lhe perguntam se é feliz naquilo que faz. “Eu não faço isto em troca de nada, não faço isto com objetivos de me darem o que quer que seja, faço com todo o gosto.”, evidencia.
A finalidade de se empenhar nos factos e personalidades de Lousada é a de ajudar o outro. O colecionador afirma que não faz isto com o propósito de mostrar a alguém, uma vez que, não pretende obter qualquer gênero de recompensa. “Já entreguei fotografias de pessoas a familiares das mesmas dado não terem. Quando estas situações acontecem muitas acabam a chorar.”, conclui Rodrigo Fernandes.
A premissa de ajudar o próximo é constante na vida de Rodrigo, considerando-se persistente e empenhado, não desistindo apesar de muitas barreiras que lhe possam surgir.
“Não sei se amanhã os meus filhos irão dar continuidade ou se interessam pelos factos e personalidades da terra”, afirma Rodrigo quando questionado sobre a opinião da família pela ocupação do mesmo. Contudo, mantém a certeza que pretende continuar na procura infindável por material interessante sempre com o apoio do seu núcleo familiar.
Além da ação de recolha de documentação, foi presidente das festas grandes de Lousada, em 1988, a convite do presidente da Câmara Municipal, Amílcar Neto. Na área do desporto, encontrou-se ligado ao futebol, como vice-presidente da associação desportiva de Lousada, ao hóquei em campo e foi presidente da patinagem artística.
Em virtude da sua presidência na festa da vila, e como homem que procura homenagear e ajudar o próximo, decidiu mandar fazer de livre vontade miniaturas de vacas de fogo para, posteriormente, entregar em mão a todos que trabalharam em prol do bem de Lousada. “Faço por iniciativa própria, arranjo e ofereço à pessoa que já foi presidente”, conclui Rodrigo Fernandes.

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