Álvaro Feijó – poeta neorrealista – nasceu em Viana do Castelo, a 5 de junho de 1916, e ainda na força da juventude desapareceu precocemente, três meses antes de completar 25 anos de existência. O concurso literário, aufere o seu nome, traduzindo-se numa forma singela de lembrar o escritor que deteve ligações familiares à Casa de Vilar, na freguesia de Vilar de Torno e Alentém.
O jornal O´Louzadense contactou a coordenadora, professora Graça Coelho, bibliotecária da Escola Secundária de Lousada.
“Um dia, numa das minhas aulas de Português do secundário, e em conversa com alguns alunos do lugar da Aparecida, em Lousada, entusiasmei-me ao saber que Álvaro Feijó […] teria sido irmão do dono da conhecida Casa de Vilar […] uns dias depois, dirigi-me à Biblioteca Municipal e requisitei o livro “Os poemas de Álvaro Feijó” […] não descansei enquanto não consegui um exemplar para o fundo documental da biblioteca Secundária. Era aquilo que faltava para que se pudesse criar um concurso de escrita criativa na escola! […]”. (Coelho, 2021).
E, foi, a partir da curiosidade aguçada da prof. Graça que tudo começou. Responsável pela promoção e dinamização do concurso que já possui 15 anos consecutivos de um envolvimento considerável de alunos e professores, dos vários agrupamentos de escola do concelho de Lousada.

Um percurso que ao longo dos anos foi tomando novas formas, crescendo, ganhando notoriedade na população lousadense de todas as idades. Com uma periodicidade anual, preliminarmente, o objetivo passou por incentivar a criação e divulgação literária. No entanto, no ano de 2012, com o apoio do professor Alexandre Ribeiro, de artes visuais, complementou-se a escrita com ilustração.
Além desta implementação, outras surgiram. No momento da abertura do concurso, este era somente para alunos pertencentes à Escola Secundária de Lousada – estabelecimento de ensino que o concretizou – e, mais tarde, outras escolas dos agrupamentos de Lousada aderiram à iniciativa.
Os horizontes expandiram-se. A sensibilização das crianças e jovens tornou-se recorrente, começando a participar no concurso e, por conseguinte, a apropriar-se de um poeta com memória à terra. “A poesia não diz, sugere e faz-nos ser seres pensantes”, afirma a coordenadora do concurso.
O mote de um poema é ponto de partida para a escrita, sendo qualquer trabalho aceite desde as modalidades de poesia a narrativa/conto, enfim. Há 5 escalões no âmbito da ilustração, em contrapartida, dos 4 existentes na esfera da escrita. As obras entregues pelos alunos são avaliadas por um júri composto por cinco professores da Escola Secundária.
Apesar do concurso ser uma marca da Secundária de Lousada, a prof. Graça Coelho enaltece – com orgulho – a bibliotecária do Agrupamento Lousada Oeste pelos prémios ganhos e, sobretudo, pela aderência constante. No entanto, sem desprestigiar os restantes que também mostram empenho e dedicação, resultado da afirmação deste projeto no concelho.
A escola é um trampolim para a vida artística e profissional, ajudando a promover o talento dos seus alunos. Marggie Yulieth Ararat, aluna do 12º ano da Escola Secundária de Lousada, é um dos muitos exemplos que aproveita o melhor que o ensino tem para oferecer.

Marggie, de nacionalidade colombiana, obteve o 3.º prémio no Concurso Literário Álvaro Feijó em 2021. O´Louzadense teve a oportunidade de conversar com a mesma.
“A Marggie é uma aluna especialmente interessante porque sempre disse que queria ser escritora.”, salienta a prof. Graça. Oriunda de uma realidade distinta para uma vila com dimensões e características completamente diferentes, encontrou imensas dificuldades na adaptação e integração, essencialmente, por ser não falante de português. No entanto, com a vontade de aprender tornou-se numa aluna excelente que frequenta regularmente a biblioteca.
“Após 3 anos da minha vinda, digo que precisava da calma de Lousada ao invés da agitação da capital da Colômbia”, confessa Marggie já distanciada da complicação inicial. De acordo com a própria, é uma mais valia ter vindo para Portugal, especialmente, devido aos níveis académicos mais complexos, exigentes e específicos.

Interrogada acerca do prémio que ganhou, Marggie afirma piamente ter sido uma concretização derivado a ter um léxico pouco abrangente em português, comparativamente, aquele que possui em castelhano. Contudo, esta não foi a 1.º conquista, tendo ganho outros na sua língua materna.
Caracterizada por ser uma escritora com uma tendência melodramática e melancólica, sentia que todos os livros continham finais felizes e desejava algo mais trágico. E, assim foi tendo aplicado a sua imaginação nessa vertente.
Ao final do dia, a escrita torna-se o seu refúgio. “A minha motivação é concretizar os meus sonhos”, finda Marggie ciente que jamais desistirá de si e dos seus objetivos por mais voltas que sua vida dê.
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