Chama-se Through the Mountain o novo disco dos Sun Mammuth, uma banda lousadense que foi fundada em 2013, por Nuno Henriques (guitarra), João Ferreira (bateria) e Nuno Magalhães (baixo). Embora com uma formação diferente, os Sun Mammuth são uma das bandas locais mais antigas em atividade e integram atualmente Nuno Henriques (guitarra e voz), Mano Marques (guitarra), Beatriz Cruz (bateria) e Cafi (baixo). Estes dois últimos fazem parte de Spitgod, outra banda muito ativa na região.
O Rock Progressivo mantém-se como estilo predominante dos Sun Mammuth, que começou por se enquadrar no estilo Stoner Rock.
Há muito que havia planos para lançar este Through the Moutain, que agora está cá fora e convidamos três especialistas musicais para comentar esta obra.
SIMÃO MALHEIRO
(guitarrista)
“Ao longo dos anos tenho acompanhado de perto os Sun Mammuth no seu percurso musical desde o primeiro álbum “Cosmo” até ao novo EP “Through the Mountains”.
A experiência musical oferecida por este novo EP é bastante diferente da do primeiro álbum, mesmo mantendo presente alguns aspetos chave que os fazem reconhecer. A presença de vocais e a onda mais relaxada das faixas transporta uma carga equilibrada de riffs pesados e andamento descontraído. O som stoner está bastante presente, mas com algumas pitadas de complexidade nas mudanças de ritmo, riffs e até construção das diferentes secções de cada faixa. O EP segue uma continuidade num todo, mas cada uma das 3 faixas é diferenciadora o suficiente para ter impacto na sua individualidade.”

EDU SILVA
(Baixista e Compositor)
Through the Mountain é uma lufada de ar fresco no cenário do rock/metal português. No que toca a bandas portuguesas, é um dos melhores instrumentais dentro do género que já ouvi, extremamente bem executado por todas as partes. Uma mistura de metal progressivo com stoner rock psicadélico, que oferece à banda uma sonoridade bastante particular e original, com composições complexas sem ser demasiado complicadas, como é, por vezes, comum neste estilo de música.
Riffs de guitarra espetaculares, ora melódicos e profundos, ora mais dark e pesados, intercalados com solos do mais puro rock, sempre com muito feeling. Linhas de baixo muito boas, bastante presentes, tal como pede este estilo de música, que se aliam à obscuridade da guitarra nalguns momentos, mas também com bastante groove e originalidade. Bateria sempre firme e com bastante power, que dá muita força a todos os temas, com destaque para a introdução do tema The Gaze, onde se pode escutar bem a qualidade da secção rítmica. Destaque ainda para os vocals espontâneos, que aparecem no momento certo, e que reforçam a sonoridade dos temas, principalmente na faixa Moh Maayah (provavelmente o tema que mais apreciei), onde a voz aparece como uma espécie de cântico, como se estivesse a ecoar pela montanha.

CARLOS S. RICHTER
(compositor)
“Não tens outra pessoa para isso?”, foi a minha primeira resposta ao convite do Louzarock para escrever sobre os Sun Mammuth e o seu novo disco. Nada contra esta produção, muito menos contra a banda, que já vi ao vivo por duas vezes noutras andanças, uma das quais em 2016, no Cave 45, na primeira parte do concerto dos americanos Karma to Burn. Mas, na verdade, já não estou preferencialmente sintonizado na onda stoner ou post rock, embora aprecie. Mas, diante da insistência do convite, aqui estou a minha opinião.
Antes de mais, lembro que esta banda foi uma das muitas que nasceu num viveiro que se chamou Fonte do Baco, de onde brotaram grupos como Ecko, Maga, entre outros.
Sobre Through the mountain desde logo os meus parabéns pela produção muito bem conseguida. E um obrigado aos Sun Mammuth por me fazerem revisitar os Caspian, a banda do saudoso baixista Chris Friedrich. Estava a meio do tema The Gaze e foi essa glória do estilo post rock que me veio à mente. Significa isto que Sun Mammuth tem uma maturidade instrumental e uma construção sonora muito boa, própria de quem ama o que faz e vive o que transmite, com excelente simbiose entre power e melodia. Recomendo vivamente.

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