Era tão discreto que poucos sabem que ganhou prémios de dança. Assim foi Joaquim Almeida Santos, que veio de longe, (Alijó, distrito de Vila Real) para aqui se instalar e dedicar à localidade e às suas gentes como se fosse a sua terra-natal. Foi tesoureiro da Repartição de Finanças de Lousada. Embora reservado, criou imensos e fortes laços de amizade e adquiriu amplo prestígio, devido às extensas virtudes que denotava, das quais se destacava a competência e a probidade.
Era natural de Alijó (Vila Real), onde nasceu em 9 de Janeiro de 1942 e ali estudou até ao 5º ano liceal. Aos 18 anos entrou como Proposto, para a Tesouraria da Fazenda Pública daquela localidade, dando início a uma carreira que terminaria, em 1996, na Lixa (Felgueiras).
Pouco depois de se estrear na carreira, fez concurso para Tesoureiro de 3ª Classe e foi colocado durante dois anos em Portel (Évora). Depois, foi para a tesouraria de Armamar (Viseu), onde também esteve colocado durante dois anos. Fez novamente outro concurso e passou para a categoria de Tesoureiro de 2ª Classe, altura em que casou com Elisa Santos, sua conterrânea de Alijó. Tiveram uma filha, Susana, que é docente no Agrupamento de Escolas de Águas Santas.
Entretanto, em 1972, Joaquim Almeida Santos concorreu para uma vaga na Repartição de Finanças de Lousada e ficou colocado em primeiro lugar do concurso. Tomou posse nesta localidade no dia 5 de setembro de 1972. A esposa, Elisa Santos, que seguiu a mesma carreira profissional, recorda que o marido “foi desafiado pelos colegas de Paredes e Penafiel e fez mais um concurso e passou para Tesoureiro de 1ª Classe sempre com muito êxito”. Aquela antiga funcionária da Repartição de Lousada evidencia que “como não queria ir para muito longe de Lousada, foi chefiar a Tesouraria da Lixa, que era de 1ª Classe, em 1990”. Naquele posto acabou por se reformar, em 1996, com a idade de 54 anos e 36 anos de serviço.
UM DIA CHEGOU A CASA SEM A PARKA…
A paixão pelo Futebol Clube do Porto era uma das características pessoais que mais cultivava, embora a sua serenidade e educação não deixassem transparecer tal devoção fervorosa. Era uma característica que tinha em comum com um dos seus principais amigos, Manuel (Nené) José Malheiro Magalhães, com quem também partilhava o facto de ter sido tesoureiro, mas neste caso, da Câmara Municipal.
“Era sócio, tinha lugar cativo no estádio das Antas e do Dragão e chegou a receber o dragão de ouro pelas mãos do Presidente Pinto da Costa. Era assíduo nos jogos do FCP nas Antas e posteriormente no Dragão e passou essa paixão para o neto mais velho”, revela Elisa Santos, que também destaca o gosto de Joaquim Santos “nos convívios com a família e com os amigos e adorava dançar, aliás, recebeu vários prémios em concursos de dança”.
Questionada sobre episódios ou ocorrências que tivessem ocorrido na vida do falecido marido e que caracterizassem a sua forma de ser, Elisa Santos afirma: “Houve um que me marcou e sensibilizou muito. Certo dia, chegou a casa sem a Parka com que tinha saído de manhã. Quando lhe perguntei o que tinha acontecido à Parka, disse-me que a deu a um senhor que estava com frio e como vinha de carro, a ele não lhe faria falta”.
QUATRO MANDATOS NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL
O anterior presidente da Câmara Municipal de Lousada, Jorge Magalhães, convidou Joaquim Santos para a lista do Partido Socialista (PS) na Assembleia Municipal, em 1998. Ali se manteve durante quatro mandatos consecutivos, sempre como representante do grupo parlamentar do PS. Quando faleceu, em 2 de Novembro de 2014, Joaquim de Almeida Santos era membro da Assembleia Municipal de Lousada.
O antigo autarca diz sobre Joaquim Santos: “Tive o prazer e a honra de ser seu amigo, com quem tive uma relação próxima até aos últimos dos seus dias. Era um lousadense por convicção, apesar de não ser lousadense de nascença e dedicava-se aos interesses municipais e dos lousadenses com empenho e preocupação como se esta fosse de facto a sua terra-natal”.
O presidente da Comissão Política do PS de Lousada, José Santalha descreve o antigo membro daquele órgão partidário e da Assembleia Municipal como “um indivíduo solidário, um homem de causas, a quem é muito difícil apontar qualquer defeito”.
Na opinião de Luís Jaime Peixoto, amigo e colega de profissão, “ele era uma pessoa muito metódica e competente na profissão de tesoureiro, uma pessoa muito honesta e rigorosa, que tinha, entre outras particularidades, uma grande paixão pelo F. C. do Porto e pelo Partido Socialista”.
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