por | 27 Mai, 2022 | Espaço Cidadania, Sociedade

Ana Cristina Moreira: A mulher dos setes ofícios

Ana Cristina Moreira, a cidadã lousadense, representa nos seus cargos o empoderamento de um sexo que pode ser tudo, menos frágil. Aos 26 anos de idade, as suas ações orientam-se no sentido da mudança e da justiça. Desafiar as probabilidades é tarefa que executa notavelmente em todos os projetos que se vê envolvida. Advogada estagiária, presidente da JSD de Lousada, vice-presidente do conselho de fiscalização da ELSA Portugal, coordenadora nacional do gabinete do associativismo juvenil da JSD … entre tantas outras coisas que ao longo da entrevista serão explanadas. 

O ballet e o voleibol foram modalidades praticadas no começo da sua vida. Além do mais, desde cedo nutriu uma ligação a projetos que envolviam crianças mais desfavorecidas e, consequentemente, desenvolveu-os na Colômbia e no Camboja. Atualmente, é formada em direito pela Universidade Portucalense e, neste momento, atua como advogada estagiária. Faz parte de diversas associações e projetos. “Acredito que valores como a coragem, a empatia e a compaixão podem mudar o mundo”, principia.  

Projeto no Camboja

Natural de Nespereira, freguesia do concelho de Lousada, Ana Cristina é uma jovem proativa na sua terra natal. Atualmente, habita no centro da vila. Fez o ensino primário no Colégio São José de Bairros e, de seguida, transitou para a Escola Básica de Nevogilde para realizar o 2º e 3º ciclo. A sua escolaridade obrigatória foi concluída na Escola Secundária de Lousada. Todavia, a sua vida académica estava longe de terminar. 

No ano de 2014, entrou na Universidade Portucalense para a licenciatura em Direito que foi finalizada na íntegra em 2018. Os ideais de justiça manifestaram-se desde cedo e, dessa forma, os seus estudos avançados encaminharam-se nessa orientação. 

Na flor da idade afirmava que queria ser juíza, “acho que se devia ao facto de não gostar de injustiças e ter a genuína ambição de diminuir as desigualdades sociais”, reforça. Contudo, acredita que se deve passar pelo lugar de defensor, em primeiro lugar, e só depois pelo lugar de julgador. Assim o está a fazer. A magistratura não está fora dos seus objetivos, mas quando enveredou pela advocacia apaixonou-se que, nos dias de hoje, já não a vê tão perto quanto acharia que seria. 

“Ser advogada é uma profissão muito nobre e, ao mesmo tempo, desafiante”, afirma. Desenvolver o poder de argumentação e o pensamento crítico, bem como estar na constante ânsia por novos conhecimentos foram ingredientes primordiais no deslumbramento por esta área. 

Neste momento, Ana Cristina é advogada estagiária e aguarda pelo exame da Ordem dos Advogados. “Nós acabamos a licenciatura em direito e somos juristas. Cada pessoa no final escolhe o que pretende seguir, eu decidi ir para a Ordem dos Advogados que engloba um estágio com duração de 1 ano e meio de formação teórica e prática”, explica. Até ao final deste ano vigente, almeja se tornar advogada plenamente habilitada ao exercício da profissão. 

De acordo com a lousadense, quem exerce advocacia necessita de saber variadas áreas de conhecimento, porém acaba por despertar maior interesse por algumas em específico. O Direito Penal, Civil, Económico e Empresarial são as esferas que aprecia mais e, assim sendo, este ano vai candidatar-se ao mestrado para obter especialização numa destas. 

“O início da carreira não é fácil e, cada vez mais, haverão mais barreiras no acesso à profissão”, sublinha no decorrer da proposta defendida pela Ordem dos Advogados que prevê que só passem a ser admitidos nesta, ou seja enquanto advogados estagiários, quem for detentor de licenciatura em direito com o grau de mestre. Todavia, apesar de reconhecer a complexidade, deixa uma mensagem positiva a quem pretende seguir o mesmo rumo, “não desistam dos vossos sonhos, o que tem de ser tem muita força”

Os projetos na vida de Ana Cristina são avultados. Neste momento, é vice-presidente do conselho de fiscalização da ELSA Portugal. A ELSA é uma associação europeia de estudantes de direito que tem como visão um mundo justo baseado no respeito pela dignidade humana e pela diversidade cultural. Esta visa potenciar a capacidade profissional dos futuros juristas e fomentar a intercomplementaridade dos vários sistemas legais num espírito de cooperação científica.

No ano de 2020, Ana Cristina foi desafiada a se tornar Presidente da JSD de Lousada, no sentido de reavivar a estrutura apagada. Não era, de todo, algo que imaginasse, mas como não consegue dizer não a um verdadeiro desafio, aceitou. “A política sempre me despertou muita atenção e porque, efetivamente, acredito que a mudança está nos jovens”, salienta. 

Eleições Autárquicas 2021

“Eu e a minha estrutura pretendemos dar conhecimento e poder aos jovens para que eles possam fazer a mudança que tanto necessitamos. Queremos aproximar jovens lousadenses da política, sem clichés, é a pura verdade”, afirma visivelmente orgulhosa do papel ativo que a JSD de Lousada tem desenvolvido com os visados. 

Intervenção no Congresso Nacional da JSD

“Sinto-me uma agente de mudança e de conhecimento para os jovens”, declara sobre este cargo. Todavia, as suas funções não se regem somente ao concelho de Lousada. É também vice-presidente da mesa do congresso da JSD distrital do Porto e, recentemente, foi nomeada coordenadora nacional do gabinete do associativismo juvenil da JSD. 

Esta última deixa-a muito feliz pois, desde sempre, esteve envolvida em associações. Ana Cristina considera que o associativismo é a primeira experiência que os jovens têm e, através desta, nasce o conhecimento, a astúcia e o pensamento crítico. “Aquilo que eu tenho para dar será diminuto aquilo que irei receber”, conta acerca da nomeação. 

Além disso, desde outubro do ano passado é deputada municipal pela coligação Acreditar Lousada e, recentemente, é membro da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Lousada. Esta comissão visa proteger os direitos das crianças e dos jovens, assim como pôr termo a situações suscetíveis de afetar a criança. “Irei dar sempre o meu contributo, na medida em que sei que poderei zelar pelo interesse superior tanto da criança como do jovem”, sublinha. 

Tomada de Posse da CPCJ

No meio de uma vida preenchida, são poucos os tempos livres que usufrui. Contudo, quando os tem não dispensa a presença dos amigos que são a família que escolheu. Ouvir música, dançar e ler pertencem também a atividades que gosta de realizar. “Para além de outros valores como a lealdade, confiança, solidariedade, a amizade para mim tem uma importância muito grande”, afirma. 

Todos os projetos e associações em que está envolvida preenchem-na, contudo, a ambição de novos desafios manifesta-se. “O ser humano é insaciado por natureza e, certamente, haverão ainda mais desafios e estarei pronta para os concretizar”, evidencia.  

“Põe quanto És no Mínimo que Fazes” é um poema de Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, que, segundo a própria, a define na integridade. “No mínimo que faço coloco tudo o que sou, com o coração”, conclui Ana Cristina Moreira, a cidadã lousadense que apresenta irreverência, visão e rigor em tudo aquilo a que se propõe. 

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