Armando Morais, de 45 anos, partiu há 14 anos de Lousada para a Suíça, onde é montador de andaimes na construção civil. Vive com a esposa Glória Machado e uma filha de de 8 anos, em Bex, cidade próxima da fronteira com a França. A história de emigração e muito idêntica à de outros, mas há algo que nunca se repete: os sentimentos e a sua intensidade. É disso que trata esta entrevista.
“Eu sempre tive um certo desejo de aventura pelo estrangeiro, daí a minha ida para a Suíça à procura de outras oportunidades de trabalho e melhor qualidade de vida”, comenta Armando Morais, que se considera “uma pessoa ambiciosa e por isso procurar mais e melhor. Eu tinha emprego em Portugal, mas o salário que ganhava não me inspirava para um futuro melhor. Sou de uma família de sete irmãos e sempre fui o mais aventureiro e único que emigrei”
Diz que o primeiro ano foi difícil, principalmente na adaptação à língua (francês) e à cultura “que é muito diferente da nossa e, na minha opinião, aqui não são tão liberais como nós, são até mais conservadores”.
As diferenças em relação a Lousada “também são muitas, as ruas, as casas e própria cidade em si, estando situada num vale nos Alpes Suíços, não tem qualquer semelhança”.
“Cheguei à Suíça no Inverno de 2008 e aqui essa época é muito rigorosa e nesses meses não há muita oferta de trabalho. Fiquei dois meses procurando até que me surgiu uma proposta de uma agência de trabalho temporário, que aceitei e teve a duração de um mês e uma semana. Vim para casa e continuei à procura de outra oportunidade. Entretanto fui conhecendo pessoas emigradas cá, muitos deles lousadenses, e tive a sorte de conhecer uma boa família de Lousada que estava já há algum tempo na Suíça, e que são para nós amigos para a vida, pois ajudou-nos a procurar trabalho nos sítios certos”, revela Armando Morais.
“Semanas depois, outra agência surgiu com uma proposta de trabalho e lá fui eu, mas desta vez mais duradoura (5 meses), entretanto a minha esposa encontrou trabalho também e as coisas começaram a melhorar”, acrescenta.
Plenamente inseridos na comunidade
“Chegamos a pensar desistir e voltar a Portugal, pois o primeiro ano foi sem dúvida muito difícil , mas com coragem, determinação, muita vontade e ajuda cá ficamos e atualmente estamos bem inseridos na vida daqui”, afirma o emigrante.
Acrescenta que “até agora estamos orgulhosos de tudo o que conquistamos, porque foi tudo fruto do nosso sacrifício e foi para nós sem dúvida uma grande lição de vida termos emigrado”.
As principais vantagens, além de financeiras, que tiram da Suíça “são as paisagens, são sem dúvida muito bonitas, principalmente na Primavera e até no Inverno com as camadas de neve tem um encanto único. Também gosto dos lagos no meio das montanhas, do sistema suíço de saúde, é um país muito limpo e organizado, paga-se muitos impostos, mas são para benefício do país”, justifica.
“Saudades, oh, saudades, tenho saudades de muita coisa, do quotidiano, das grandes superfícies comerciais abertas ao Domingo, das festas e romarias, da boa gastronomia e sem esquecer o bom vinho verde”, exclama este lousadense.
Por fim, colocamos a questão do regresso: “Voltar de vez? Claro que sim, apesar de não estar nos planos regressar por enquanto, mas sim penso em voltar de vez nem que seja na reforma, a ver vamos”.
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