Orlando Ferreira Pinto foi um escritor e agente cultural que se notabilizou pelo espírito criativo e irreverente, que começou a despontar enquanto colaborador do Jornal de Lousada, em 1991. Foi convidado de vários programas televisivos, onde as suas qualidades de comunicação e excentricidade foram amplamente propaladas. A exposição que obteve nos órgãos de comunicação fez dele uma figura popular.
Prematuramente nascido aos sete meses de gestação, a 29 de Abril de 1970, na freguesia de Lustosa, concelho de Lousada, Orlando Ferreira Pinto foi registado em Valongo, onde viveu a infância e parte da adolescência. Mas foi na freguesia de Nespereira, em Lousada, que se radicou até falecer, em 16 de Abril de 2013. Utilizava o pseudónimo “Móquinhas” (que mais tarde alterou para “Mókinhas”), alcunha de nascença, pois quando ainda menino enrolava na mão um pano e chuchava. Quando a mãe lhe tirava o pano ele reclamava pela sua “móquinha”.
Com a orientação do distinto professor Adolfo Teles, na ocasião diretor da escola secundária de Lousada, o autor lousadense publicou “Imagem”, o primeiro de vários livros de poesia, aos 21 anos, cujo lançamento teve lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Lousada.
Em 1992 o jornal diário O Comércio do Porto fez referência aos livros de Moquinhas, contribuindo para a expansão da sua imagem além Lousada. A estreia em televisão aconteceu a 22 de Outubro de 1993, quando foi convidado do programa “Pela Manhã”, com vários vultos da cultura portuense: Manuel António Pina, Albano Martins, José Campos e Sousa, entre outros. Nesse programa, o autor lousadense disse: “Eu pinto poemas, é algo que me sai da alma, é sangue que sai do meu coração. Mas eu não me compreendo, nem me sei definir” (in Jornal de Lousada, de 27 de Outubro de 1993).
Em 1999, participou no “Praça da Alegria”, da RTP, onde foi entrevistado na qualidade de editor, escritor popular e figura popular Lousadense.
De 1991 a 2007, lançou na região do Vale do Sousa e Vale do Tâmega livros de poesia, prosa e desenho, notabilizando-se sobretudo pela extravagância temática e pela singularidade da sua escrita. A par da atividade literária desenvolveu apetência para os programas radiofónicos. Foi produtor de Barquinho de Papel, programa de natureza infantil e juvenil, na mesma linha criou Disco Voador, ambos na Rádio Clube de Amarante. Colaborou também em termos radiofónicos no programa Clube dos Traquinas, na Rádio Marcoense.
Orlando Pinto fazia questão de se identificar como lousadense e promotor da sua terra. Nessa qualidade, foi produtor do programa Ponto de Partida, da Rádio Clube de Amarante, onde divulgava música, desporto, política e cultura de Lousada. Também foi colaborador da Rádio Felgueiras, no programa Estação de Serviço.
Em 2000, a sua obra foi divulgada no programa Via Rápida, da Rádio Renascença. Nesse ano participou na coletânea de textos de autores do Vale do Sousa, livro designado por “Encontr’Artes”, uma edição e lançamento da Câmara Municipal de Paredes.
Chegou a planear a criação de uma editora (Publicações Mokinhas), que teve existência efémera. Foi membro da AEJAVAS – associação de escritores, jornalistas e artistas do Vale do Sousa, e foi prefaciador e autor da nota de abertura de livros de outros escritores e poetas de Lousada, tais como Amélia Rosa e Natália Magalhães.
Fazia questão de promover o que chamava de “moralidade sem preconceitos, livre de mentalidade e livre no comportamento, assim como também a diferença de idades entre casais”. Proferiu estas declarações no programa televisivo “Você na TV”, na TVI, em 2005. Dois anos depois voltou àquele canal televisivo para ser figura de proa no programa “Tardes da Júlia”. Também marcou presença de destaque no programa “Praça da Alegria” (RTP), em 2009.
UM LIVRO GIGANTE
As exposições foram uma das formas prediletas de Móquinhas para divulgar produções artísticas. Nesse sentido, foi o autor da exposição de desenho “Na idade de brincar com os brinquedos de papel”,que esteve patente ao público no Café Paládio, em Lousada, em 2008 e 2010. O Espaço AJE e a Biblioteca Municipal de Lousada foram outros locais onde organizou exposições, feiras do livro, tertúlias e outros eventos culturais. Nesse âmbito dedicou-se grandemente à associação O Farol, onde fomentou a homenagem e atribuição de prémios a instituições e pessoas da cultura do Vale do Sousa e Baixo Tâmega. Através daquela coletividade ajudou à divulgação da banda musical GOBB e do grupo de música tradicional portuguesa “Raízes Vale do Sousa”.
Em 2010 concretizou um projeto que acalentava há muito: produzir um livro gigante. Com a colaboração da tipografia RABISCOS & TELAS nasceu a edição do exemplar único “Na idade de brincar com brinquedos de papel”, com dois metros e meio de altura. Esta obra de Orlando Pinto incluiu 50 trabalhos em prosa, poesia e desenho, e foi apresentada na RTP a 29 de Outubro de 2010, no programa Lado B, de Bruno Nogueira.
Entre 1991 e 2011 foi autor das seguintes publicações: Imagem (1991); Real Imaginário (1992); Real Abstracção (1993); Ao Vento (1995); O Cérebro é louco quando pensa que é herói (1996); Disco Voador (1997); Barquinho de papel (1998); O Menino Sonhador (1998), Ponto(s) de vista & Preferências (1999); Na idade de brincar com brinquedos de papel (2010); Biografia de um lousadense, 20 anos de Moquinhas (2011).
Embora muitas vezes incompreendido (até por si próprio, como Orlando Pinto costumava admitir), foi um destacado autor alternativo e provocador, que deixou o seu nome vincado na vida artística local.
Como Lousadense, muito agradeço este trabalho em memória, de um homem que sempre dignificou e divulgou Lousada
Bem hajam, pela Vossa bonita homenagem…e parabéns pelo Vosso trabalho,
Paula Pinto( irmã)