A paralisia cerebral foi-lhe diagnosticada. Vinte e oito anos depois, Andreia Moreira, é psicóloga e aborda o seu percurso de vida.
“Lembro-me, como se fosse hoje, do receio da minha mãe quando entrei para o infantário”, principia. A sua progenitora tinha deixado de trabalhar para prestar cuidados à filha que, na época, necessitava de bastantes, pois realizava tratamentos no Porto e em Lousada. Para mais, praticava natação para estimular o andar, na medida em que o processo era mais tardio.
“A minha mãe era muito apegada a mim e, naturalmente, foi a chorar para casa quando me deixou no infantário”, sublinha com bastante lucidez dos tempos mais antigos. Posteriormente, iniciou os seus estudos na Escola Primária de Santa Margarida, sendo esta pequena a nível de estrutura e alunos.
Nesta entidade havia uma sala de meninos com deficiência profunda e, desta forma, a comunidade estava mais desmistificada em relação à deficiência. Andreia sempre frequentou o ensino normal.
De seguida, mudou-se para o 5º ano e foi para um colégio na vila. A partir de então, começou a “sentir na pele” a sua condição, resultante do facto de existirem poucos meninos com deficiência. “Foi uma adaptação forte, tanto para mim como para os docentes”, declara.
No início da sua adolescência foi acompanhada por uma psicóloga, a Dr. Carla Teixeira, tendo sido fulcral no seu processo de autoaceitação. Entretanto, esta não pode dar continuidade ao trabalho, mas marcou-a significativamente que decidiu prosseguir o mesmo caminho, isto é, seguir a área de psicologia.
Na faculdade ingressou em psicologia e, durante o período, encontrou-se com a Dr. Cláudia Cunha, psicóloga da ALDAF, que a ajudou também a olhar-se e posicionar-se. Hoje, com a ajuda da excelente estrutura familiar, aceita-se tal como é e ultrapassa os desafios à sua maneira.
Andreia é psicóloga e, atualmente, dá apoio psicológico a alunos de uma academia. Porém, já trabalhou com pessoas com deficiência, idosos e adultos.
Em 2019, descobriu que estava grávida de um menino para tamanha felicidade sua. Todavia, este sentimento foi contraditório ao que lhe haviam dito com apenas 13 anos de idade. “Um dia fizeram-me o teste da agulha e deu que não ia ter filhos. Desde então, tive receio em não poder ser mãe”, explica.
Essa experiência marcou-a negativamente mas, hoje, recorda com bastante carisma os momentos que antecederam o parto. De acordo com a própria, o momento que viu o seu filho é indescritível e transformou-a em outra mulher. “Era perfeitinho e cheio de saúde. Aliás, amamentei-o até aos 2 anos de idade”, salienta.
Andreia não tem dúvidas que o seu filho, Bruno, nasceu adaptado a si e ganhou perceção de quem era a mãe. Aliás, como refere que acontece em todas as gestações pois a natureza é bela. “Ele faz este mês 3 anos e, indubitavelmente, é um processo intuitivo e muitas questões vamos absorvendo/aprendendo com o passar do tempo”, afirma sobre a maternidade.
Em jeito de finalização, Andreia Moreira deixa uma mensagem encorajadora e realista às pessoas com diagnóstico de deficiência com filhos: “procurem ajuda, especialistas e apoios … tudo o que conseguirem. Hoje em dia existem muitas possibilidades para pessoas com deficiência”.

Vi inúmeras vezes a Andreia nas piscinas de Lousada a nadar no tanque de 25 metros…
Esforço, dedicação… eis a glória trabalhada e MERECIDA!