A Casa do Porto queda-se no meio de campos, da mesma quinta que lhe dá o nome, muito próxima da estrada nacional que liga Lousada a Felgueiras, na freguesia de Santa Margarida, a poucos metros da Igreja Paroquial. Acede-se por uma alameda em latada, em terra batida, até se encontrar um portal que permite a entrada para o terreiro da sua fachada principal.
O portal é em «ferro forjado, (…) do século XIX, datado de 1862, formado por quatro folhas, sendo duas delas muito estreitas e fixas, além da sobreporta. [Apresenta] um friso inferior formado por “UUU” ligados, costas com costas, com as pontas enroladas para dentro. A meio e a finalizar o portal temos frisos com meios “SSS” com as pontas enroladas para dentro ou para fora. As folhas são formadas por réguas e fitas finas, formando as fitas “VVV” invertidos com as pontas decoradas. A sobreporta é formada por uma faixa larga de formato retangular e termina com um desenho que mais parece um arranjo floral. O friso inferior é formado por meios “SSS” com as pontas enroladas para dentro ou para fora, seguindo-se uma faixa larga com varas a formarem losangos, tendo no centro uma esfera, que termina com “UUU” ligados, costas com costas, com as pontas enroladas para dentro. A parte superior da sobreporta tem o formato de um arranjo floral formado por meios “SSS” com as pontas enroladas para dentro ou para fora. Do ponto de vista arquitetónico temos duas colunas fasciculadas com meias colunas adossadas, em silharia, de fiadas regulares. No capitel verifica-se que faltam elementos decorativos.» (OLIVEIRA, p. 63).

Pantaleão Pinto Ribeiro, nascido a 17 de julho de 1607, foi Capitão-Mor do concelho de Lousada (LOPES, p. 57 e 60, e NÓBREGA, – o. c., p. 295) e senhor desta casa, sucedendo-lhe Manuel Pinto do Valle Peixoto de Souza Villas-Boas, que, em 1730, era também senhor da Casa da Seara e do Bairro, bacharel, formado em leis, juiz de fora e dos Órfãos em Braga e Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo (LOPES, p. 57 e 60, e NÓBREGA, – o. c., p. 295).Manuel Henrique do Valle Peixoto de Souza e Villas-Bôas, seu sucessor, proprietário das casas de Baceiras e da Ribeira (LOPES, p. 57 e 60, e NÓBREGA, – o. c., p. 295). Sucedeu-lhe Manuel do Valle Peixoto de Souza e Villas-Boas, nascido a 13 de março de 1770, senhor que foi da casa do Bairro, de Baceiras e da Ribeira, e Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro e Comendador da Ordem Militar de Cristo, Capitão-Mor de Lousada, Escrivão da Câmara, Almotaçaria e Direitos Reais de Lousada, Provedor do mesmo concelho, Comandante de uma das Subdivisões da 7ª Brigada e do Batalhão Nacional de Lousada e de Aguiar de Sousa.1
Tipologicamente é uma casa com uma planta do tipo L e capela adossada ao topo esquerdo da fachada principal, virada a Sul, dividida, verticalmente, em três zonas por pilastras que criaram dois panos de parede simétricos; estes flanqueiam um pano central, onde se abre uma portada moldurada com chave ao centro, ladeada por duas janelas de peitoril, gradeadas. No andar nobre, ainda do frontispício, uma janela de sacada, com fecho e painel, entre duas janelas de peitoril, é coroada por um frontão triangular, com a pedra de armas dos “Peixoto, Pinto, Sousa, Vilas-Boas”.2 (NÓBREGA, p. 26 e Revista de Lousada, 1991, p. 23.) À direita do frontispício, no rés-do-chão, duas janelas de peitoril, gradeadas, e no andar nobre, duas janelas de sacada. No rés-do-chão, à esquerda, vêem-se duas janelas de peitoril gradeadas, e no andar nobre, duas janelas de sacada.
A fachada Oeste, da casa, está dividida em três corpos, por duas pilastras, sendo o corpo central um torreão de três andares. O primeiro corpo, à esquerda, rebocado, é rasgado por quatro aberturas retangulares, molduradas e gradeadas, e uma portada. No primeiro andar, aparecem cinco janelas de peitoril molduradas.
O corpo central exibe, no rés-do-chão, duas aberturas molduradas e gradeadas, e no primeiro e segundo andar, há em cada um, duas janelas de peitoril, enquanto no terceiro andar sobressai uma sacada com duas janelas. O terceiro corpo, à direita, exibe, no rés-do-chão, cinco aberturas gradeadas, e no primeiro andar, mostra cinco janelas de peitoril, todas molduradas.
Na fachada Norte, há uma portada ladeada por quatro aberturas quadrangulares e gradeadas, no rés-do-chão, e no primeiro andar, evidencia três janelas de peitoril.
A fachada Este, ostenta, no pátio interior, do rés-do-chão, à esquerda, uma escadaria de três lanços e dois braços, duas portadas e uma janela de peitoril gradeada. Pode ver-se, ao cimo desta, duas portadas e uma janela de peitoril, sendo de referir, ainda, à direita, no rés-do-chão, três portadas e uma janela de peitoril, gradeada. No primeiro andar existem seis janelas de peitoril, gradeadas e duas pequenas aberturas retangulares envidraçadas, havendo mais uma grande janela de peitoril gradeada, todas molduradas. No segundo andar lobrigam-se três janelas de peitoril. O “torreão”3 exibe uma janela de peitoril gradeada e moldurada.

A fachada principal da capela, segue o mesmo ritmo construtivo da fachada Sul da casa, a que está adossada. Apresenta no pano principal, um portal arquitravado, com fecho e lintel curvilíneo, sobrepujado por uma janela de peitoril, e um frontão triangular, que é rematado por uma cruz granada, sendo as pilastras sobrelevadas por fogaréus estriados. No pano da direita, no rés-do-chão, há uma porta de cocheira moldurada, e no primeiro andar, uma janela de peitoril, enquanto no pano à esquerda, no rés-do-chão, existe uma abertura moldurada, e no primeiro andar uma janela de peitoril. A fachada Norte, exibe uma janela fixa e uma portada, umas escadas de um só lanço e uma porta que conduz ao interior da capela.
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1 – A sete de abril de 1831 era Capitão-mor do concelho de Lousada, João José Ribeiro, da Casa da Rabada, da freguesia de Alvarenga: “Escriptura de 600.000 réis que fez o Cappitam mor deste concelho José João Ribeiro á Confraria de Santíssimo Sacramento de S. Marinha de Lodares deste Concelho em sette de Abril de 1831.” A.D.P., Secção Notarial, Po- 4, 2ª Série, Livro n.º 151, 1831, fl. 16.
2 – “E a fachada principal foi edificada propositadamente para os seus salões receberem o Rei D. Miguel, que por fortuna das armas nunca aí se chegou a deslocar. E a mistura das alças brancas com outras de granito à vista e pedra aparelhada ou assente em argamassa unida nas juntas, constitui uma característica vulgar na edificação da casa nobre.”
3 – Segundo o proprietário João Maria Cabral Peixoto de Magalhães, esta residência foi alvo de vários acrescentos em épocas bem distintas.
Obras consultadas e seus autores:
– LOPES, Eduardo Teixeira – o. c., p. 57, 60 e 61;
– NÓBREGA, Artur Vaz-Osório – o. c., p. 295 e 296;- Revista de Lousada. In Suplemento do Jornal Terras do Vale de Sousa (19 de setembro 1991), p. 23
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