Feminismo
Os meus olhos cruzam-se com a notícia de que foi inaugurada, em Lisboa, a primeira escola feminista do país. O que tem isto de relevante e qual a ligação aos temas da presente edição? Em termos sociais (e, diga-se, pessoais) tem tudo de relevante. A condição de género não pode subalternizar um a favor do outro, quando ambos são seres humanos, nascidos da mesma razão. A questão de fundo coloca-se ao nível do seu crescimento: político, social, cultural e filosófico. À mulher ainda são negados iguais direitos, induzidas formas de opressão e de exploração, condicionando a sua emancipação. É, ainda, frequente assistirmos a notícias de que as mulheres ganham menos e ocupam menos lugares de poder. É igualmente comum assistirmos a casos de violência doméstica, exercida maioritariamente sobre as mulheres idosas (ler artigo sobre violência doméstica). É, pois, curioso que em 2023 se inaugure a primeira escola feminista do país, depois de em 1910, perante a lei, as mulheres terem deixado o dever de obediência aos maridos, e de em 1931, aquelas que tivessem curso secundário ou superior, puderem votar, obtendo em 1968 o direito político igual aos dos homens, e um ano mais tarde salário equivalente ao masculino. São pequenos grandes passos que se vão dando em termos políticos e sociais, cada vez mais próximos da “libertação” da mulher e de não terem de existir mais. Mas, até lá, o 25 de Abril das mulheres ainda está por cumprir, como são testemunho os depoimentos das nossas entrevistadas e articulistas?!
25 de Abril (no feminino)
Nesta edição destacamos “Abril no feminino”. Sim, porque passados 49 anos ainda há abril por cumprir em muitos domínios da sociedade. Esta edição é muito rica na quantidade e qualidade dos testemunhos femininos que trazemos à estampa. Patrícia Queirós é a nossa Grande Louzadense. Tem o dom de pensar, agir, mobilizar e educar culturalmente um povo que se quer instruído e socialmente capaz. Quem a conhece sabe que é uma verdadeira ativista da cultura. Há dias a D. Guidinha Moreira celebrou o seu 100.º aniversário e como não poderia deixar de ser quisemos entrevistá-la. Nas páginas centrais encontra mais uma série de testemunhos, no feminino, de como se cumpre Abril no quotidiano. São testemunhos riquíssimos que desejamos aguçar-lhe o apetite para uma leitura profunda e pausada. É assim, também, que desejamos cumprir os ideais de Abril de 74, exercitando valores, condutas e informações que promovam mais democracia e equidade.
Parabéns!
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