A Estrutura Arquitetónica de Lousada, segundo as Memórias Paroquiais de 1758
Os Efeitos do Terramoto de 1755 em Lousada.
Por entre os setenta e três fogos de Boim (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 955), a igreja, a casa da residência, a capela de S. Jorge e dois moinhos, enriqueciam a sua paisagem arquitetónica.
A igreja era de uma só nave e contava com quatro altares1. No altar-mor estava colocada a imagem do padroeiro da freguesia, o mártir S. Vicente; no altar colateral direito achava-se posta a imagem do Santo Nome e a ladeá-la, as imagens de Stº António e do mártir S. Jorge (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 956).

No altar colateral esquerdo exibia-se a imagem de Nossa Senhora do Rosário. O quarto altar situava-se num acrescento na parte Norte desta igreja, numa capela «novamente erecta e encorporada na mesma igreja com arco que se fez na parede da mesma pela devoção e zello dos freguezes em cuja capella e altar está collocado o Santissimo Sacramento, e por cima huma veneravel imagem do Senhor Crucificado com a invocação do Senhor dos Dezamparados, (…).» (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 956).
Alcandorada no alto de um monte, perto da igreja, apresentava-se a capela do mártir S. Jorge, que era da “freguezia ou dos moradores della, que estão obrigados à fabrica, reparo e ornato della, a qual he vigiada pelo ordinario, e seus visitadores.” (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 956).
A freguesia tinha ainda um cruzeiro «pequeno e simples (…) que se encontra mesmo à entrada do adro da igreja matriz. Construído em granito no ano de 1770.» (Vieira: 2004,38).
A Norte, nas margens de um regato «dous moinhos» (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 956) moíam «pao de segunda no tempo de inverno.» (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 956).
Freguesia de Boim: Património Edificado | ||||
População/ Habitantes | Fogos | Igrejas/ Residência | Capelas | Moinhos |
238 | 73 | Igreja de S.Vicente de Boim Residência Paroquial | Públicas | 2 |
S. Jorge |
A quarta freguesia do concelho de Lousada, S. Tiago de Cernadelo, compreendia oitenta e oito fogos, no ano de 1758 (Dicionário Geográfico: 1758, fl. 1875), e a sua igreja matriz era uma construção de gosto românico, pequena e singela, como seriam todos os pequenos templos rurais da época. Foi sofrendo alterações ao longo do tempo, mas não perdeu de todo a sua matriz arquitetônica inicial.2
Contava com o altar-mor onde estava a imagem de S. Tiago3 e tinha ainda mais dois altares: um à direita, de Nossa Senhora, outro à esquerda, do Menino Deus.4 A casa da residência ficava-lhe ao lado.

Em meados do século XVIII, a capela de S. Sebastião era a única de Cernadelo. Situada no lugar da Carreira, na estrada que vai do Porto para Chaves, pertencia «ornalla a camera do concelho, do que necessita muyto, por dizerem a mandara fazer El Rei Dom Sebastião.» (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 1876). Outrora, existiu, a capela de Santo Eusébio no monte do mesmo nome.5


S. Tiago de Cernadelo era uma freguesia com alguns moinhos nas margens do rio Sousa. E tinha «huma ponte que passao carros por ella, porem nao he de cantaria mas sim sao humas pedras compridas postas toscamente.» (Dicionário Geográfico, 1758: fl. 1876).
Freguesia de Cernadelo: Património Edificado | |||||
População /Habitantes | Fogos | Igrejas/Residência | Capelas | Pontes/Pontões | Moinhos |
237 | 88 | S. Tiago de Cernadelo Residência Paroquial | Públicas: | Ponte de pedras toscas | Diz que tem moinhos, mas não especifica o número |
S. Sebastião (em ruínas) . |
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1 – O Padre Luís Cardoso, na sua obra: “Dicionário Geográfico ou Noticia Histórica”, refere-se só aos três primeiros altares. O quarto altar ainda não existia. I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758, vol. 7, fl. 955.
2 – À Descoberta do Vale de Sousa. Rotas do Património Edificado e Cultural.
3 – «O Mor he de S. Thiago.» I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758, vol. 10, fl. 1876.
4 – 256 – “ (…) os dous de bayxo são hum de Nossa Senhora, e outro do Menino Deus, não tem naves, nem irmandades, he pequena.” I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758, vol. 10, fl. 1876.
5 – « (…) porque antigamente dizerem estivera huma cappella de Santo Euzebio no alto do dito monte.» I. A. N./ T. T. – Dicionário Geográfico, 1758. vol. 10, fl. 1877.
Obras consultadas:
– CARDOSO, Padre Luís, Dicionário geográfico, ou noticia histórica de todas as cidades, vilas, lugares, e aldeias, rios, ribeiras, e serras dos Reinos de Portugal, e Algarve (…), Lisboa, Regia Oficina Silviana, e da Academia Real, 1747-1751.
– VIEIRA, Leonel – Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004.
– À Descoberta do Vale de Sousa. Rotas do Património Edificado e Cultural.
– Jornadas Europeias do Património.
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