O mercado histórico do passado fim-de-semana serve-me por estes dias de mote para uma reflexão mais profunda sobre o que foi, é e poderá vir a ser a “história” próxima de algumas das zonas urbanas mais emblemáticas da nossa Vila de Lousada.
De facto, o programa do mercado histórico serviu para mais do que simplesmente entreter miúdos e graúdos durante o fim-de-semana. Durante três dias, centenas de pessoas acorreram ao centro da Vila e trouxeram (ainda que momentaneamente) de novo vida à emblemática Avenida do Sr. dos Aflitos.
Não deixa de ser irónico que seja uma iniciativa “histórica” a devolver o alento a uma Avenida cuja vitalidade quotidiana acabou sugada pela própria reabilitação urbana que, supostamente, deveria tê-la salvaguardado.
É um facto que a diminuição do tráfego automóvel e a criação de acessos pedonais foi e continua a ser uma necessidade premente, mas se é certo que assim seja, também o é que tal aspiração deve ser alcançada de forma sustentável e equilibrada. A Avenida do Sr. dos Aflitos é prova disso.
Em prol da circulação pedonal, trocaram-se naquela via os impactos do trânsito pela criação de uma larga “promenade” empedrada, cujo único resultado foi transformar aquele local num descampado, deserto de pessoas e particularmente sujeito ao aumento da temperatura média em ambiente urbano. Ou seja, não cativa, não atrai, não chama.
Muito se tem falado de falta de visão política de futuro, pois bem, num quadro de outras obras de grande impacto urbanístico a realizar em breve, urge reflectir sobre aquelas que foram as escolhas do passado e repensar que futuro queremos para a nossa tão orgulhosa Vila.
Veremos…
Pedro Amaral – Advogado
*Escreve ao abrigo do anterior acordo ortográfico
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