O espírito natalício que se vive nas ruas e praças por onde caminhamos, na iluminação e nos enfeites próprios desta época, nas reuniões de família e nos encontros entre amigos à volta de mesas recheadas, nas compras e trocas de presentes, na magia dos espetáculos culturais e infantis em maior número nesta época, remete-nos para o desejo de Boas Festas, mas também para a reflexão sobre outras realidades.
Infelizmente, notícias recentes revelam um alarmante aumento de pessoas sem-abrigo nos últimos anos. Estima-se que existam, no nosso país, aproximadamente onze mil pessoas sem-abrigo. O agravamento das condições de vida, o aumento do consumo de droga e as novas vagas de imigração parecem estar a contribuir para o aumento da pobreza e do número de sem-abrigo, uma realidade que o Presidente da República disse querer erradicar.
Não pretendemos ser xenófobos, apenas refletir sobre a realidade, neste caso sobre entrada massiva de estrangeiros pouco qualificados, de várias proveniências do globo, e sobre as políticas de imigração e integração em Portugal. A diversidade cultural que a imigração traz, embora possa enriquecer a sociedade, requer condições propícias para uma integração bem-sucedida. O aumento notório de sem-abrigo em Lisboa, muitos deles imigrantes em situações precárias, destaca a necessidade urgente de abordar as lacunas na gestão da imigração e sobre a pressão que esta coloca nos sistemas de apoio social. Portugal não está a responder bem a este desafio.
A questão habitacional emerge, aqui, como um elemento crucial. O aumento dos preços da habitação, muitas vezes inacessível para aqueles que não têm rendimentos elevados, contribui para a marginalização de grupos de habitantes mais vulneráveis, ainda mais para imigrantes sem rendimentos. A solução encontrada por esta franja da população é (sobre)viver na rua. Portugal não pode ser isto!
Que Portugal temos e que Portugal queremos ter? Investimos na educação e qualificação dos jovens, mas não os estamos a conseguir reter. A emigração de portugueses altamente qualificados representa uma perda significativa para o país, não apenas em termos de capital humano, mas também em termos de potencial inovador e contribuições para o desenvolvimento económico. A verdade é que assistimos a algo paradoxal: perante o êxodo de habitantes qualificados, observamos a entrada massiva de estrangeiros pouco qualificados. Também é verdade que Portugal tem atraído a vinda de estrangeiros ricos, à procura do clima e das condições para o gozo de uma boa vida. Existirá, pois, um fosso cada vez maior entre aqueles (poucos) que vivem bem, perante aqueles (muitos) que lutam para alcançar condições básicas de vida.
Este desequilíbrio, económico e social, está a levar a uma polarização crescente na nossa sociedade. Sociedade esta que tem de se mobilizar para nivelar as condições de vida por cima, e não se quedar apática por medidas que promovam o desenvolvimento económico inclusivo, a equidade social e a coesão comunitária, onde todos tenham oportunidades justas e dignas.
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