COMISSÃO DE FESTAS DO SENHOR DOS AFLITOS 2024

Em janeiro deste ano, Paulo Magalhães, Daniel Pires e José Coelho formaram o trio que se propôs organizar as «Festas Grandes» de 2024. Corriam contra o tempo, pois tinham apenas 6 meses para organizar as festas grandes do concelho de Lousada. Entretanto, entrou Natália Fernandes para o lugar de José Coelho, por desistência deste. A dez dias do grande evento, os organizadores revelam que as festas devem custar 290 mil euros. Tomaram-lhe o gosto e nem as adversidades lhes tiram a vontade de repetir a façanha em 2025, mas com mais ajuda.

São conhecidos como “os corajosos”, pois lançaram-se com poucos elementos e a poucos meses da realização das Festas Grandes. “Temos recebido incentivos e elogios, mas há de tudo, também há muitas críticas difíceis de aceitar e compreender”, diz Natália.

Admitem que “a maior dificuldade foi a angariação de patrocínios e donativos. Houve portas que se fecharam e outras que mal se abriram, por causa de problemas com outras comissões de festas”, afirma Paulo Magalhães. Referem a existência de “dívidas antigas”, mas dizem que não querem falar sobre isso.

A propósito da dificuldade de angariação de verbas, Daniel Pires diz que “não há bairrismo em Lousada” e Natália Fernandes acrescenta que “quem tem menos posses até é capaz de dar algum donativo para as festas, mas quem tem mais possibilidades até nos fecha as portas”. Este elemento feminino da comissão revela que teve de ir “seis e sete vezes à mesma firma, para poder receber um apoio; tivemos que ser muito insistentes e até mesmo chatos, para receber algum dinheiro”.

“Houve casos de firmas que no ano passado deram 6 mil euros e este ano deram quinhentos e firmas que deram 2.500 euros em 2023 e este ano dão 100 euros”, afirma Paulo Magalhães, que se queixa de “gente que nos chegou a maltratar e a puxar de pau”.

Além desses problemas, lamentam que “se calhar a única falha que tivemos até agora foi o peditório nas freguesias, que não correu tão bem como queríamos, em parte por culpa nossa, porque não arranjamos pessoas para ajudar, mas também por entraves que encontramos, até em certas Juntas que nos disseram que não valia a pena irmos pedir àquelas freguesias”, lamenta Paulo Magalhães.

Nos financiamentos, continua a surgir a Câmara Municipal à cabeça, com o conhecido donativo de 50 mil euros. “Só temos a agradecer ao presidente da Câmara, que nos tem apoiado muito”, reconhece Paulo Magalhães, que aqui lamenta a “mistura descabida e desnecessária da política com as festas que muitas pessoas fazem”.

Há seis meses, a expectativa de receitas “era maior e por isso fizemos um cartaz de espetáculos para 60 mil euros, esticamo-nos um bocadinho, mas está tudo controlado”, asseguram. Relativamente aos artistas contratados “eram aqueles que estavam disponíveis, pois começamos a preparar as festas quando já quase todos estavam indisponíveis”. Ainda assim estão confiantes no cartaz e na realização das Festas que, segundo Paulo Magalhães, devem custar 290 mil euros.

O assunto das “dívidas antigas” voltou à entrevista quando abordamos as Marchas Alegóricas, de segunda-feira. “O habitual fornecedor de carros alegóricos das Festas de Lousada queria que nós pagássemos uma dívida de comissões de festas anteriores e nós não aceitamos. Não pagamos dívidas de ninguém, assim como não deixaremos dívidas para ninguém”, declara Paulo Magalhães.

A maior marcha dos últimos 10 anos

Perante isso, as festas de Lousada terão outro fornecimento de carros alegóricos. “Vamos ter a maior marcha alegórica dos últimos dez anos”, diz aquele festeiro, que garante “a presença do dobro dos carros alegóricos habituais, assim como mais grupos de samba, grupos tradicionais vindos de vários pontos do país, vamos ter grupos de bombos de Lousada”.
Esta comissão quer deixar marcas de mudança e novidades: “queremos que o monte do Senhor dos Aflitos seja decorado à moda antiga” e haverá uma nova rua com comes e bebes, na artéria que liga a rua dos combatentes à Praça das Pocinhas. Outra novidade é a inclusão dum concerto na segunda-feira, antes do fogo e das marchas, com o conjunto típico Rosas Negras.

Apesar das dificuldades, esta comissão já manifestou interesse em fazer novamente o evento em 2025. “Já entregamos uma lista, que tem 25 nomes, entre os quais alguns empresários de Lousada”, revela Paulo Magalhães, que justifica essa decisão com o facto de “querer melhorar o que não correr bem e aproveitar o trabalho, os contactos e conhecimentos deste ano”.

Para rematar esta entrevista, Daniel Pires assegura que o grande propósito final da comissão é “sair de cabeça levantada, sem ficar a dever nada”. A contenção nos custos do evento pode fazer estes organizadores cortar na quantidade de fogo de artifício. E alegam que também há questões de segurança a ter em conta. “Ainda estamos a estudar se vamos lançar fogo preso. Esta comissão não quer arriscar, pois o monte do Senhor dos Aflitos não oferece muita segurança, tem árvores muito grandes e muita vegetação”, diz Daniel Pires.