O novo presidente da Câmara Municipal de Lousada, Nelson Oliveira, do Partido Socialista, obteve o melhor resultado (percentual) em relação aos outros presidentes eleitos pela primeira vez. É um feito notável, diríamos mesmo histórico, num cenário em que nem tudo foram rosas para o partido… rosa. A perda de um vereador, além da perda da presidência da Junta de Freguesia do Torno, um bastião icónico dos socialistas, foram alguns dos poucos espinhos de uma noite eleitoral onde a vitória socialista nunca esteve em causa desde as primeiras contagens nas mesas de voto.

O quarto presidente da Câmara Municipal de Lousada eleito democraticamente (desde 1976) é Nelson Ângelo Coelho Oliveira, de 41 anos, casado com a médica Marta Santalha e têm duas filhas. É natural de Cristelos e é filho de Armando Oliveira e Ângela Coelho, e neto de Ângelo Ribeiro Neto Coelho, antigo militante do Partido Socialista de Lousada. Herdou do avô os genes da política e acentuou essa vertente pessoal durante a carreira que percorreu na Juventude Socialista distrital e concelhia, onde foi presidente.

Nasceu a 15 de junho, o que, segundo os signos astrológicos do Zodíaco, corresponde a Gémeos, que são, por norma, comunicativos, críticos, versáteis e curiosos, mas também podem ser impulsivos — quiçá características do novo presidente.

Na juventude destacou-se sempre por diversas aptidões, mas também pela sua tez clara e cabelo louro. Foi um jovem com aproveitamento escolar acima da média e, fora da escola, foi em tudo idêntico à generalidade da sua geração. Jogou hóquei em campo, na Associação Desportiva de Lousada, onde foi um atleta de relevo. A par do desporto, a música filarmónica esteve muito presente na sua tenra idade, seguindo as pisadas de vários familiares. O trompete foi o instrumento de eleição, na Banda Musical de Lousada.
Também, enquanto jovem, fez trabalho sazonal, ou seja, em vários períodos de férias escolares, entre 2000 e 2007, trabalhou na firma do seu pai, a Lousapinta, dedicada a pinturas exteriores e interiores na construção civil.

Dedicou-se à escrita de artigos de opinião na imprensa local e regional, nos quais sobressaíam análises sociais e políticas com um cunho marcadamente socialista.
Entre 2002 e 2007 licenciou-se em Psicologia Clínica, no Instituto Superior de Ciências da Saúde – Norte, e mais tarde, entre 2013 e 2015, fez um mestrado em Gestão, no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave.

Exerceu Psicologia Clínica na cooperativa de serviço social ACIP, em Lousada, e na Clínica Médica Dr. Paulo Campos. Em 2013 entrou como assessor de Pedro Machado, então eleito presidente da Câmara Municipal de Lousada, e em 2019, como vereador suplente, substituiu Cristina Mendes da Silva no Executivo Municipal, quando a então vice-presidente socialista foi para deputada na Assembleia da República, no primeiro governo de António Costa.

MELHOR QUE OS ANTECESSORES

Dessa vez, Nelson Oliveira assumiu os pelouros da Ação Social, Economia, Indústria, Saúde, Juventude, Turismo, Emprego, Habitação, Defesa do Consumidor e Inovação. Em 2021 foi eleito vereador, desta vez passando a abarcar os pelouros do Urbanismo e Ordenamento do Território, Licenciamento de Atividades Económicas, Juventude, Habitação e novamente Saúde, âmbito no qual arcou com a árdua tutela das medidas de combate à epidemia da Covid-19 que surgiu em Portugal em março de 2020.
Foi eleito presidente da Comissão Política do PS Lousada já este ano de 2025 e, na sequência disso, foi indigitado como cabeça de lista à Câmara Municipal para as Eleições Autárquicas do passado domingo, tendo sido eleito com 52,70% dos votos. Este é o melhor resultado de um presidente estreante em Lousada: Amílcar Neto (PSD) obteve 51,14% em 1976, Jorge Magalhães (PS) obteve 44% em 1989 e Pedro Machado (PS) obteve 49,66% em 2013.

O novo presidente da Câmara surge com uma carreira política que os seus antecessores não tiveram antes de chegar ao cargo. Essa foi uma das características que mais sobressaiu durante a campanha eleitoral e confere a Nelson Oliveira uma preparação que parece inequívoca para o desempenho do cargo para o qual foi eleito. Para isso muito terá contribuído a mentoria e influência do “mestre em autarquias locais” em Lousada, José Santalha, a quem Nelson Oliveira não esqueceu de agradecer no seu discurso de vitória, no corolário da noite eleitoral de domingo, na varanda da Câmara.

Em declarações recentes, o novo edil lousadense já disse que vai manter a linha de gestão que pautou os mandatos socialistas anteriores e cuja premissa principal é o cuidado com a gestão financeira equilibrada. “Podem contar com um percurso de estabilidade e rigor orçamental”, disse Nelson Oliveira, salientando que vai aportar ao exercício do seu mandato “novas ideias e nova ambição”. Disse confiar numa “nova equipa pronta a dedicar-se a Lousada”. Nessas declarações prestadas ao Novum Canal, o autarca referiu ainda: “Temos muito para trabalhar, muito para fazer acontecer e muito para conquistar”.

INÉDITO: 3 MULHERES NO EXECUTIVO

Em resposta à pergunta d’O Louzadense — “Como imagina Lousada daqui a quatro anos?” — na entrevista enquanto candidato à Câmara, Nelson Oliveira respondeu:

“Acredito que Lousada terá um crescimento muito significativo. Teremos mais habitação acessível, a Loja do Cidadão em funcionamento, reforço dos equipamentos desportivos, Pista da Costilha terminada, novas creches e o lar para idosos concluído. Na economia, continuaremos a atrair empresas e a diversificar a indústria. No social, estaremos mais bem preparados para apoiar as famílias. Quero que Lousada continue a ser um concelho moderno, competitivo e ao mesmo tempo próximo das pessoas, onde cada cidadão sinta que tem voz e que as suas necessidades são ouvidas.”

São estas as linhas gerais de intervenção do novo edil lousadense, que vai presidir a um Executivo formado pelos seus pares António Augusto Silva, Maria do Céu Rocha e Eduarda Ferreira, e três vereadores da oposição: Leonel Vieira (ou Filipe Costa, caso Leonel Vieira nao pretenda avançar com a vereação), Fausto Oliveira e Ana Leal Moreira. Está aqui um facto inédito: Lousada nunca teve um Executivo Municipal com três mulheres.

Por falar em vereação, irá o novo presidente atribuir pelouros aos opositores? Em resposta a esta pergunta antes das eleições, Nelson Oliveira respondeu: “Talvez”.