Assembleia Municipal de Lousada
penumbra provocada pelo «apagão» de 28 de Abril serviu de reboque para a oposição falar da falta de luz, há anos, em certas artérias da vila e do concelho. Há sítios que vivem na escuridão noturna, disse o deputado Pedro Amaral. Em alguns casos, há cerca de 10 anos, apesar dos sucessivos pedidos dos autarcas, entre os quais Fausto Oliveira, que enunciou uma série de situações nas freguesias que tutela. O presidente da Câmara reconheceu que há problemas que precisam de ser resolvidos, entre os quais o excesso de intensidade na rua do Picoto.
Na sessão de dia 30 de abril, a Assembleia Municipal deteve-se no tema da luz, a propósito do apagão energético ocorrido dois dias antes. Na abertura dos trabalhos, como sempre com a intervenção dos grupos municipais, coube à oposição, pela voz da deputada Ana Leal Moreira interrogar o Município sobre a ausência de convite ao Hospital da Santa Casa do conclave de entidades locais promovida para enfrentar a situação preocupante que se abateu sobre Lousada e o país e parte da Europa. Respondeu Pedro Machado que o colapso das comunicações telefónicas impediu a comunicação com as chefias da Santa Casa da Misericórdia. Na senda deste tema, o presidente do Município asseverou que “mais preocupante que a falta de energia foi a falta de comunicações quando as entidades têm que comunicar entre si” ou com a sede de comando distrital.
O tema da luz e da falta dela prosseguiu na sessão. Recordando que vai fazer dez anos que a iluminação led foi instalada em Lousada e que a mesma custou um milhão e oitocentos mil euros de investimento, Fausto Oliveira, presidente da União de Freguesias Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga Passados, referiu que na ocasião foi dito que “não havia verbas disponíveis e não se podia fazer tudo de uma vez”. Teria sido prometido que mais tarde “iria ser resolvido um conjunto de situações no concelho” que afetam aquelas e outras freguesias.
Não obstante, dez anos “continuamos na nossa união de freguesias a ter um deficit muito grande de iluminação, ou seja, o apagão que aconteceu na segunda-feira afinal é geral em muitas ruas”, aferiu o autarca e deputado municipal do PSD. Apesar dos sucessivos pedidos para atuação do Município para debelar tais situações, as mesmas permanecem desde então. Algumas das solicitações de luz pública foram especificadas por Fausto Oliveira, que referiu que continua sem ser atendido um pedido feito por e-mail de 17 de março de 2022: “a falta de uma iluminária na rua da Mouta, em Silvares, que serve duas habitações no cimo do monte. Na mesma freguesia, na rua de Santo Adrião, um poste de frente a uma habitação e na rua de Mós também há postes sem lâmpada, assim como em Alvarenga, na rua do Passadiço, junto ao viaduto da auto-estrada e na mesma freguesia, na rua da Abessada, falta luz no cruzamento. Em Nogueira, três postes junto a habitações na rua do Campo estão sem iluminação”. Concluindo, Fausto Oliveira reclamou que “isto é uma questão de equidade e não apenas de justiça”, queixando-se depois que “uns têm tudo e outros não têm nada”.
Em resposta, o presidente da Câmara reconheceu que há ruas sem iluminação, mas “hão-de ser ruas de ligação entre aglomerados” e que “são situações que devem ser vistas caso a caso”, nomeadamente ruas que servem para caminhar à noite. Contudo, sublinhou que a prioridade da Câmara é colocar luz onde existem habitações legais. “Se alguém construir uma casa ilegal no meio do monte, a Câmara nem deve sequer colocar iluminação”, acrescentou o autarca.
Seguiu-se a intervenção de Pedro Amaral, do CDS: “diz o senhor presidente que o concelho não está às escuras? O concelho está na penumbra”, enfatizou o deputado. “Se eu viesse de carro pelo centro de Lousada e não conhecesse, este era o último sítio onde eu quereria parar o carro à noite para tomar um café. Neste momento, de noite, Lousada parece uma Vila fantasma”, afirmou o centrista.
“As pessoas abordam-nos recorrentemente com queixas sobre este tema” e alega que “o problema não está na quantidade de iluminárias, mas na qualidade, na intensidade da iluminação”. Deu o exemplo da rua do Picoto (na zona da central de autocarros). Ironizando, Pedro Amaral alvitrou “se não estará ali a ser praticado algum crime ambiental” e se “as cornélias ficarão ofuscadas com a luz”.
Sobre isto, Pedro Machado admitiu que a baixa densidade populacional daquela artéria nova não justifica tanta intensidade de luz, mas confessou que tal se deve a um erro que estará para ser resolvido.

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