ORGANIZAÇÃO MUNDIAL TEM GRUPO EM LOUSADA
Fundada em 1953 nos Estados Unidos, esta organização espalhou-se pelo mundo. Trata-se de uma «irmandade» sem fins lucrativos, para pessoas com problemas com drogas. Narcóticos Anónimos (NA) identifica-se como «irmandade» pois os seus membros possuem algo que os une e os torna iguais entre si. “Somos adictos em recuperação, que nos reunimos regularmente para ajudarmos uns aos outros a nos mantermos limpos”, referem os seus membros. Em Lousada existe um dos 130 grupos portugueses. Reúnem-se às quartas-feiras às 21 horas numa sala paroquial da igreja do Senhor dos Aflitos.
Chama-se «Doze Passos» e é um programa para ser seguido pelos membros de NA. “São um conjunto de regras e princípios, mas não temos qualquer obrigação, nem pagamentos ou promessas; qualquer pessoa é livre de entrar, ficar e sair quando quiser; abstinência de todas as drogas e há somente um requisito para ser membro: o desejo de parar de consumir e manter-se limpo”, esclarecem desde logo.
O grupo chama-se “Força Louzada” e pode atingir cerca de 10 membros locais ou da região, de diferentes níveis etários e de ambos os géneros. “Começamos em 1995, numa sala da antiga escola de Cristelos, onde é a Junta de Freguesia, depois o padre Emílio cedeu-nos uma sala da igreja do Senhor dos Aflitos. Mais tarde, por causa de obras tivemos que nos mudar para a escola do Cruzeiro, em Nespereira e voltamos para o Senhor dos Aflitos, onde estamos atualmente, por deferimento do padre Paulo Godinho”, descreve um dos membros mais antigos.
A maior parte das reuniões de NA realizam-se em salas paroquiais, “mas isso não quer dizer que seja um grupo religioso, pois não temos nenhum credo específico, cada um é livre de o ter ou não; mas o nosso programa assenta numa forte componente espiritual, que se pode resumir em conviver de forma saudável connosco próprios e com o mundo que nos rodeia”, afirma.
O facto de ser anónimo significa “que não interessa as diferenças, o sobrenome, quem a pessoa é fora de NA; o mais importante é que todos são iguais na procura de solução para o seu problema, sejam pessoas ricas, pobres, crentes ou não, de diferente cor de pele, convicções políticas ou outras”. Salvaguardam que “ser anónimo não significa que somos secretos e fechados” e esclarecem que “os familiares, amigos e outras pessoas que tenham interesse em saber quem somos e o que fazemos, podem assistir à reunião do grupo na primeira quarta-feira de cada mês”. As restantes reuniões do mês são destinadas apenas a membros.
Dizem também que «o segredo» ou a função primordial de NA reside na força da identificação, ou seja, na entreajuda dos seus membros: “a união faz a força entre pessoas com problemas idênticos e que encontram soluções dentro do próprio grupo, através da experiência vivida pelos outros para superar esses problemas”.
A pessoa que chega pela primeira vez ou que está a iniciar o seu processo de recuperação “é a pessoa mais importante em qualquer reunião, pois transmitir a mensagem de recuperação, dar atenção, é retribuir aquilo que também recebemos quando chegamos cá”, sublinham os seus membros.

NÃO ACEITAM DOAÇÕES DE FORA
Nem só de drogas ou substâncias químicas sofrem os membros deste grupo. “Aparecem aqui pessoas com problemas de adição a compras, ao álcool, ao jogo, enfim, a tudo aquilo que usado ou consumido compulsivamente, de forma desregrada, pode afetar a vida pessoal, familiar e social da pessoa”, explica.
Embora seja um dos mais antigos, este membro diz-se “igual a todos os outros, mesmo aquele que chegou esta semana. Aqui não há hierarquias, nem chefias, nem ordens. Temos um sistema baseado em serviço voluntário e não em governo. Temos eleições para cargos de serviço, limitados em curtos períodos de tempo para poderem ser rotativos, e que são necessários para manter organizado o funcionamento do grupo e a sua ligação à estrutura regional e por sua vez à estrutura nacional, a qual está interligada com os níveis europeu e mundial”.
Normalmente não pagam renda, pois as entidades facultam o acesso livre às instalações, como é o caso em Lousada. “Temos despesas e fazemos doações de vária ordem, conforme pode aferir quem cá vier visitar-nos numa reunião aberta, na primeira do mês, e temos apenas e só uma receita: aquilo que cada um quiser dar. Sendo que é certo que ninguém é obrigado a contribuir e também é ponto assente que não aceitamos doações de fora, mas tão somente de membros, pois temos como propósito sermos autónomos e como tal recusamos qualquer financiamento externo”, conclui.
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