Em Lousada, as comemorações do 25 de Abril tiveram início junto ao edifício dos Paços do Concelho, com o hastear das bandeiras e a interpretação do Hino Nacional pela Banda Musical de Lousada.
Seguiu-se uma sessão solene comemorativa dos 45 anos do 25 de Abril, no Salão Nobre da autarquia, onde intervieram todos os grupos parlamentares e os presidentes da Assembleia Municipal e da Câmara.
“25 de Abril, “um legado de liberdade e de tolerância, de compromisso e de transparência”, Lurdes Castro

A Presidente da Assembleia Municipal, Lurdes Castro, no seu discurso, valorizou o poder local, nomeadamente a intervenção das autarquias, a consolidação dos valores democráticos e a importância do municipalismo para a coesão social e territorial. “As autarquias permitiram a intervenção num vasto conjunto de necessidades básicas”, salientou. Apelou, ainda, a que se honre o legado do 25 de Abril, “um legado de liberdade e de tolerância, de compromisso e de transparência, de causas e convicções fundamentadas nos interesses exclusivos das populações”.
“A liberdade é respeito, não é insulto, não é violência, não é discriminação.”, António José

António José, do CDS-PP juntou liberdade e esperança, para mostrar que ainda é preciso fazer muitas conquistas. Referiu-se a alguns aspetos que considerou terem de mudar para se poder falar de liberdade: “A liberdade é respeito, não é insulto, não é violência, não é discriminação. Liberdade é responsabilidade, não é desleixo, liberdade é amar, não é odiar. Liberdade é ter respeito pelos animais e pela natureza, mas não é deixar os idosos e os deficientes sós”, afirmou. Lamentou, ainda, que o presente seja um “tempo de afastamento e alienamento dos atos eleitorais, sobretudo por parte dos jovens e isso é um ato de fraqueza. Por culpa própria, vamos caminhando em sentido contrário à conquista da liberdade”, defendeu.
“Comemorar o 25 de Abril não pode ser um mero ato simbólico, festivo, quase sempre inútil e vazio. “ Fausto Oliveira

No que toca ao poder local, Fausto Oliveira considerou que em Lousada “há também ainda muito a fazer, quer ao nível das liberdades, da democracia representativa, da promoção da igualdade, da aposta na educação, no reforço sério dos apoios sociais, no desenvolvimento económico e na melhora da qualidade de vida”, referiu, elencando alguns aspetos onde é necessário “consensos, de forma a fazer apostas mais assertivas que culminem num melhor desenvolvimento integrado de todo o concelho e uma maior equidade no tratamento dos lousadenses”.
Maria do Céu Rocha, líder da bancada socialista, relembrou que há 44 anos se realizaram as primeiras eleições livres, que registaram a maior participação de sempre e que o “25 de Abril é talvez a data mais marcante da história do povo português”. A liberdade de Abril “trouxe um inegável desenvolvimento para o país e, para esse desenvolvimento, contribuíram as autarquias locais”, salientou.
“A democracia não pode sobreviver quando a população de abstém de contribuir”, Maria do Céu Rocha

A deputada pôs também a tónica na linha descendente da participação política: “O distanciamento que a população tem para com a política é uma atitude que deve ser contrariada. A democracia não pode sobreviver quando a população de abstém de contribuir”, considerou, acrescentando que a “democracia é uma tarefa inacabada”.
Sobre Lousada, Maria do Céu Rocha referiu que “os resultados que não geram dúvidas: o município tem sido guiado por princípios que o colocam entre os concelhos mais transparentes e mais amigos das famílias e das empresas. Temos orgulho no trabalho desenvolvido em três décadas de governação socialista. Estamos por isso a cumprir Abril”, sustentou.
O seu discurso passou ainda pelos jovens: “O futuro está nas mãos dos jovens. Essa é talvez a maior riqueza de Lousada”, defendeu, acreditando que dar-lhes “ferramentas” e “conhecimento” é o caminho para “atingir melhorias no nosso concelho, mas também não regressar a um passado que não queremos que se volte a repetir”.
“Manuel Mota, Antero Alves Moreira e Arnaldo Mesquita, “para sempre símbolos lousadenses da resistência combativa e corajosa” Pedro Machado

O Presidente da Câmara, Pedro Machado, relembrou, no seu discurso, os lousadenses que mais sofreram, “os falecidos e expropriados na Guerra Colonial, os forçados à emigração, os excluídos das escolas e da educação da habitação decente e da assistência médica condigna, as mulheres discriminadas e coartadas dos seus mais básicos direitos e os filhos dos homens que nunca foram meninos, as vítimas da ignorância, da fome e da exploração: são estes verdadeiros mártires da ditadura que hoje homenageamos”, frisou. O autarca não esqueceu aqueles que, “de forma mais ativa e inconformada, se opuseram e lutaram, padecendo a perseguição, a prisão e a tortura”, disse, fazendo referência a Manuel Mota, Antero Alves Moreira e Arnaldo Mesquita, “para sempre símbolos lousadenses da resistência combativa e corajosa, para que não se apague a memória e para que os ensinamentos do passado sejam norteadores da construção do futuro”, sustentou.
Pedro Machado considerou que Lousada “é um exemplo notório da revolução de Abril, seja pelas profundas transformações que nos colocaram num incansável processo de modernização, patamar oposto de quando éramos o concelho mais atrasado de todo o distrito, seja pelo modo ativo e solidário, nesta dinâmica cívica e participativa que mobilizou todos”. Apesar disso, considerou que “as conquistas de Abril são um processo inacabado: “A melhor forma de comemorar 25 de Abril é continuar cumpri-lo, aprofundando as suas conquistas.
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