Nesta nova coluna, neste novo jornal “O LOUZADENSE”, a que demos o nome de “A CULTURA POPULAR E AS TRADIÇÕES”, pretendemos abordar assuntos relacionados com a etnografia, com a cultura popular e o folclore, principalmente no concelho de LOUSADA, onde tenho a honra de viver há 47 anos e do concelho de AMARANTE, onde nasci, e, também, nas outras terras do Vale do Sousa e Baixo Tâmega, nunca esquecendo de fazer a ponte e quando tal se justifique, nestas matérias, com outras terras portuguesas, nomeadamente as nossas queridas ilhas dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
A nível de etnografia propomo-nos tratar e transmitir, as recolhas e os conhecimentos que adquirimos ao longo de mais de 45 anos, ligados à Educação e Ensino, ao Associativismo e ao Folclore, no conjunto dos costumes, comportamentos, memórias, lendas, músicas e danças (modas), trajes, práticas, doutrinas e “leis” que são transmitidos de geração para geração, por via oral. E, também, cuidadosamente e com um carinho especial, vamos realçar os instrumentos musicais que antigamente, sobressaiam, nas mãos dos habilidosos tocadores, a maior parte deles construídos pelas próprias mãos do artesão e que sempre davam azo aos bailaricos, nas eiras ou terraços das casas que eram, o único “recanto”, onde se podia namorar…
A nível da cultura popular terão lugar de destaque as crenças populares, superstições, ensalmos, hábitos, tradições, usos e costumes, o artesanato, a gastronomia, o folclore, as festas e romarias bem como as festas religiosas e comemorações, em conclusão a “maneira de viver dos nossos antepassados”!…
Segundo Edward B. Tylor (1832-1917): -“a cultura é este todo complexo que incluí o conhecimento, a crença, a arte, a moral, as leis, os costumes, e todos os outros hábitos e capacidades adquiridas pelo homem como membro de uma sociedade” (cit.).
No que concerne ao Folclore, vamos tentar desmistificar o seu conceito que tantas vezes temos ouvido falar de uma forma depreciativa, quando na realidade Folclore é “a ciência das tradições usos e costumes populares”; “o conjunto das tradições, lendas ou crenças populares de um país ou de uma região expressas em danças, provérbios, contos ou canções” e “cultura popular de um povo – demopsicologia” (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/Folclore [consultado em 28-09-2016]).
Segundo Pedro Homem de Melo, grande poeta, professor e folclorista português (entre os seus poemas mais famosos estão o “Povo que Lavas no Rio” e “Havemos de Ir a Viana” ambos imortalizados por Amália Rodrigues e “O Rapaz da Camisola Verde”), quem se dedica ao Folclore “canta” os usos e costumes e tradições de um povo.
As semelhanças entre Cultura Popular e Folclore são bastantes que leva muita gente a confundir as duas vertentes etnográficas. Mas, o que é certo é que o Folclore tem a sua especificidade no que diz respeito às realidades culturais e vivências dos nossos antepassados, na ligação estreita com a sua ruralidade e os seus trabalhos nos campos férteis das terras de Lousada, e das terras vizinhas, onde se cultivava e produzia, principalmente o linho, o vinho, o milho e o centeio e que formam entre si duas regiões muito características a que deram o nome de Vale do Sousa e Vale do Tâmega. (Rios Sousa e Tâmega com os seus vários afluentes (ribeiros) que para além da beleza natural que dão às terras que banham, serviam de reserva natural de regadio dos produtos aqui cultivados).
Estas terras do Vale do Sousa e Baixo Tâmega que nos são muito familiares, são, também, privilegiadas no vasto património cultural de excelência que possuem, desde os Monumentos Românicos existentes, nomeadamente Igrejas, Pontes e Torres de Menagem, Mosteiros e Casas Senhoriais que proliferam por quase todas as freguesias, desde há vários séculos a esta parte; aos costumes e tradições populares; aos códigos de conduta e às celebrações cerimoniais populares e religiosas, passando por outros fatores ligados à vida das pessoas e ao modo de sentir, pensar e agir de todos. Portanto, propomo-nos dar enfase às práticas de antanho e que atualmente estão bem retratadas nas representações e apresentações dos vários Grupos Folclóricos existentes nestas terras (poucas freguesias existem que não tenham um Grupo Folclórico representativo).
Próximo tema: “A CULTURA POPULAR LOUZADENSE”
Comentários