por | 23 Mai, 2019 | Sociedade

Meireles da Silva está interessado na compra da Sioux e em resolver o problema social dos funcionários

O empresário lousadense Meireles da Silva, da empresa Grupo LeiloMeireles, SA, demonstrou ao nosso jornal interesse na compra das instalações da empresa Sioux, assegurando também que já tem um empresário de Santa Maria da Feira interessado na parte da fábrica de calçado: “Eu vejo ali uma oportunidade de negócio. Já tenho ali investimentos naquela zona, alugava parte do espaço…. O ideal é comprar tudo e, se assim for, claro que me interessa”, assegura o empresário.

Para Meireles da Silva, é negativo para este processo a continuidade dos trabalhadores em frente da empresa: “É mau eles estarem ali, pois desvaloriza o próprio empregado. Não é bom para eles. Se alguém comprar aquilo, para funcionar, quer um funcionário que defenda a empresa. Se estiver ali pessoal um pouco revolucionário, isso pode até ser prejudicial. Da forma como estes empresários fizeram, é sinal que não tinham intenção de tirar nada. A vigília só se justifica quando a empresa está mal, está em atraso com os ordenados, ou se alguém se apercebe que as máquinas estão a ser desviadas. Aqui isso não está a acontecer. É uma má imagem para a terra, e uma má imagem para eles”, lamenta.

Mesmo assim, explica-nos que, se o processo for célere, todos ficam a ganhar: “É apelativo o negócio. Se for declarada rapidamente a insolvência, em princípio o processo será apresentado no tribunal de Amarante. No meu caso, interessa-me comprar porque tenho esta opção de um empresário querer instalar-se cá. Eu fico com o resto para ter armazéns e alugo uma parte e, assim, tendo alguma rentabilidade. Também tenho hipótese de comprar e tentar vender. Sempre sem compromisso. Temos de ver o mercado e ver se tem viabilidade ou não. Tenho várias possibilidades, mas só me interessa tudo junto, sem retalhos. Se for um administrador que trabalhe rápido, pode ao fim de quatro a seis meses estar resolvido, porque não vai desvalorizar. Se estiver um ano parado, tudo desvalorizará”, conclui.

O fim da SIOUX e um possível reinício

O encerramento da empresa Sioux veio trazer a incerteza quanto ao futuro de cerca de 150 trabalhadores. Os funcionários mantiveram-se em vigília durante mais de duas semanas com receio da retirada das máquinas por parte da administração da empresa. Tudo acabou por terminar nesta terça-feira com a visita do administrador da insolvência, que serenou os receios dos trabalhadores.

Para Liliana Martins, foi o fim do martírio: “Foram 17 dias difíceis, que se tornaram numa mistura de sentimentos. Estávamos a ficar tristes, mas agora estamos satisfeitos”. Ao lado de outros trabalhadores, foi revelando as emoções ao longo do dia: “Hoje, tivemos oportunidade de entrar e estava tudo bem, e à partida os nossos direitos serão salvaguardados. Para a semana, já vamos ter a carta para pedir o subsídio de desemprego, e podemos assim lutar para termos outras saídas”, assegura a funcionária.

Mesmo no fim do “calvário”, os funcionários apenas esperavam que fossem trocados os códigos do alarme da empresa, para logo depois desmontar as tendas e abandonar o local: “Vamos desmontar a barraca. Todos estes dias só nos trouxeram mais união. Juntos há 30 anos e nunca tivemos este convívio”.

Aproveitamos a presença junto das instalações e informamos os trabalhadores desta possibilidade de a fábrica de calçado poder continuar a laborar. Foi com uma grande alegria que os trabalhadores receberam esta possibilidade: “Você não imagina a alegria que nos está a dar. Temos boas instalações a empresa é muito boa. É uma grande alegria. Não imagina, é tudo o que queremos”, garante Liliana Ribeiro.

A empresa Sioux não tem dívidas ao Estado, sendo assim os funcionários os primeiros credores da empresa.

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