José Carlos Bandeira Carneiro Aires é o novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Lousada. A tomada de posse teve lugar no passado dia 25 de maio.
Nascido em 1965, natural de Baltar, o agora comandante ingressou nos Bombeiros de Baltar em junho de 1987 como motorista auxiliar. Depois de realizar a formação de Bombeiro, foi Adjunto de Comando, de 2007 a 2016, ano em que pediu a passagem ao Quadro Ativo como Oficial Bombeiro de 1ª Supranumerário. Em fevereiro de 2017, pediu a exoneração do Corpo de Bombeiros de Baltar.
O Louzadense quis conhecer melhor o homem o timoneiro dos bombeiros lousadenses e os seus projetos para a corporação.
Como surgiu o convite para ser comandante dos BV de Lousada?
O convite surgiu através do Sr. Presidente da Direção do Corpo de Bombeiros de Lousada, o qual me deixou obviamente surpreso e ao mesmo tempo muito orgulhoso. Será um reconhecimento do bom trabalho que realizei nos quase 28 anos no CB de Baltar. Muito orgulhoso também por ser uma escolha de um CB com a dimensão dos BVL.
Por que razão decidiu aceitar o cargo de comandante?
Demorei a decidir, não foi um sim instantâneo. Conversei com a família (a parte que mais é penalizada nestas decisões) e foi a paixão de ser Bombeiro Voluntário que me fez aceitar este desafio, tendo o apoio incondicional da minha família. Sabiam que me faltava algo, algo que me realiza como ser humano, e que tinha optado por deixar de o ser há um ano atrás, em nome de um valor que eleva quaisquer outros, a dignidade.
Qual o sentimento por si vivido neste momento de grande mudança profissional?
Não mudei de profissão! Sou Sócio-gerente de uma empresa familiar com 53 anos de existência no mercado fundada pelos meus pais, e sempre conjuguei o trabalho com os Bombeiros. Claro que sendo Comandante e até formar a equipa de Comando, terei um esforço suplementar que em nada me assusta. Quem anda por gosto não cansa, já diz a ditado.
Ser comandante era uma das suas ambições?
Não, de todo. Foi a forma como fui abordado pelo Sr. Presidente Antero Correia e o apoio dos restantes membros da direção que me fizeram acreditar que ainda não seria desta que deixaria de vez ser Bombeiro Voluntário. Estava perante uma equipa decidida a levar avante um projeto para o CB Lousada. O que me motiva não é o posto, mas sim a possibilidade de contribuir de forma altruísta para uma causa que sempre abracei, sem misturar os interesses pessoais, servir e não ser servido.

Na sua opinião, qual deverá ser o papel principal de um comandante?
Ser o estratega da gestão operacional dos Bombeiros. Ser um líder no verdadeiro sentido da palavra.
Que leitura faz do corpo atual de bombeiros de Lousada?
O CB de Lousada tem uma personalidade forte e muito própria (no bom sentido da palavra). É um CB com maturidade, responsável e com grande potencialidade.
Já tem alguns objetivos para a corporação?
Claro que sim, já enumerei alguns na minha tomada de posse, mas a aposta na formação e dotar o CB com formadores, será um dos objetivos principais. O conhecimento é a base de grandes projetos. Teremos a oportunidade de mostrar à comunidade lousadense o excelente CB que eles têm e do qual poderão se orgulhar. Temos boas pessoas e é com boas pessoas que se fazem grandes coisas.
Quais são as maiores dificuldades que acha que vai encontrar neste novo desafio?
Vou encontrar as dificuldades que são transversais a todos os corpos de bombeiros, mas tenho consciência que, com a minha humilde experiência e o apoio de todos os Bombeiros, quaisquer dificuldades serão ultrapassadas.
Quantos homens e mulheres vai ter a seu cargo?
No Quadro Ativo temos 100 Bombeiros, dos quais 23 são mulheres, mais 14 Estagiários, 20 Cadetes e 15 Infantes.
Quais as principais preocupações relativamente à corporação, tanto em meios humanos como materiais?
A renovação do quadro ativo é fundamental para todos os corpos de bombeiros e Lousada não é exceção. Temos que criar atrativos para os jovens ingressarem nos Corpos de Bombeiros Voluntários. Atualmente, o voluntariado está em crise, poucos são os jovens que se aventuram numa missão perigosa, desgastante e maltratada que é ser hoje Bombeiro Voluntário. Quanto aos meios materiais, o CB está equipado para fazer face às necessidades do concelho, mas com necessidade de substituição de vários veículos que, por quilometragem e/ou anos de vida, deverão ser renovados. Temos necessidade de renovação e aquisição de novos EPI Urbanos e Florestais devido ao desgaste das ocorrências e dos treinos necessários. Quanto a instalações, de facto, temos necessidade de melhorar as condições que temos, mas é um objetivo que a Direção está a trabalhar e tudo fará para acontecer.

O presidente da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado, reconheceu que os bombeiros no concelho são a instituição pela qual a comunidade nutre mais simpatia e com a qual mais se identifica. Leia o excerto da sua intervenção.
“É de facto um ato de grande importância, não só para a própria instituição, mas para toda a comunidade Lousadense. Os Bombeiros aqui em Lousada é a instituição pela qual as pessoas nutrem mais simpatia e com a qual as pessoas mais se identifiquem. São 93 anos de história, de dedicação à causa pública. Uma função nobre e corajosa, como a de bombeiro, bem expressa no lema “Vida Por Vida”. Por isso, é para mim uma enorme satisfação partilhar convosco este momento, que sinaliza um novo ciclo para esta associação, que tem tudo o que é necessário para ser aquilo que é. Engrandece o concelho, a região e o país. Por isso, é fundamental que haja estabilidade ao nível do comando.
Sei que como pessoa atenta já se informou e sabe que, ao longo dos tempos, tem existido uma estreita relação e colaboração entre os bombeiros e a Câmara Municipal e essa relação de colaboração será para manter. A Proteção Civil é cada vez mais importante. Infelizmente, por todas as razões que nós sabemos e pelas tragédias, sobretudo. Para qualquer autarca, a Proteção Civil é cada vez mais uma das principais preocupações. Sabemos que os bombeiros, a par da Câmara, são os principais elos da Proteção Civil e, por isso, por parte de qualquer câmara municipal há todo o interesse em que as coisas corram bem e tudo funcione.”
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