Pedro Cabanelas Bessa (stage name: Jason Payne), de 20 anos, é já um nome de referência no panorama musical. A banda Louzada, da qual faz parte, tem-se afirmado principalmente em Portugal e Inglaterra, onde atualmente reside.

O estudo da música iniciou-se aos nove anos, altura em que começou a frequentar o Conservatório do Vale do Sousa. Aí, percebeu que a música não mais sairia da sua vida. Aos 15 anos conquistou o primeiro lugar no concurso interno de guitarra do CVS. O Conservatório de Música do Porto foi o local escolhido para continuar os estudos de nível secundário, o que lhe deu a oportunidade de estudar com o professor de guitarra Paulo Peres.
O estudo da guitarra elétrica iniciou-se no 11º ano, no projeto Rockschool Portugal, no Curso de Música Silva Monteiro. “Em dois anos fiz os 8 graus necessários para me poder candidatar a uma universidade de guitarra elétrica no estrangeiro”, conta. O músico reconhece que esses dois anos foram determinantes na sua formação: “Foi aí que aprendi técnicas de composição de música Rock, a dominar e a obter controlo total do som e da resposta de reação do meu instrumento… Acima de tudo, gosto de pensar que foi aí que me formei como músico, guitarrista e pessoa”. Neste período, destaca o professor Óscar Rodrigues, “uma vez que foi ele que apostou em mim, me desenvolveu e que tornou possível eu seguir os meus sonhos. Estarei para sempre grato pela experiência que ganhei como músico com ele”, afirma.
Rock britânico levou-o até Londres

Pedro Cabanelas Bessa está neste momento em Londres a frequentar o último ano de faculdade, continuando a investir no seu percurso musical. Porquê Londres? Em primeiro lugar, o músico destaca a necessidade de procurar novos desafios. Além disso, em Portugal, não existem cursos artísticos de Rock a nível do ensino superior. Estes dois aspetos, associados ao facto de ser adepto da cultura do Rock britânico e da cidade de Londres tornaram a escolha fácil. “Sinto que aqui em Inglaterra sou muito mais desafiado, visto que existem milhares de pessoas com as mesmas aspirações que eu e cheias de talento a trabalharem arduamente todos os dias. Para conquistar o meu lugar aqui, é preciso muito suor, trabalho e procurar fazer o máximo de contactos possíveis com pessoas da indústria da música”, explica.

Sobre a sua vida em Londres, não esconde a satisfação por poder viver novas experiências, contactar com outras culturas e usufruir de uma oferta a nível artístico que não teria em Portugal: “Agrada-me o facto de me poder inserir numa nova comunidade, adquirir novos conhecimentos e experiências culturais. Por exemplo, aqui, a maior parte dos museus são gratuitos, há milhares de espetáculos e de exposições de arte todos os dias. Respira-se cultura, o que é algo muito importante para me inspirar a escrever música”. A cidade deixou-o “encantado”, “devido aos monumentos e à cultura Rock. Posso mesmo dizer que é uma cidade que presenteia quem trabalha e se esforça, há sempre alguma oportunidade diferente à espreita”.
Há um único senão: o clima. Habituado ao calor e sol, o frio e a instabilidade atmosférica vivida num só dia não lhe agradam. Apesar disso, o principal motivo da sua estadia em Londres, a universidade, não defraudou as suas expectativas: “Estou a adorar o curso. É muito exigente, tem-me feito trabalhar e estudar muito, o que me tem levado a uma grande evolução, que eu considero ser positiva. A universidade garante oportunidades aos alunos de conhecer pessoas bem-sucedidas na indústria. Por exemplo, tivemos uma masterclass com o Duff dos Guns n’ Roses, uma entrevista com a companhia discográfica BMG e conhecemos agentes e managers da empresa de gestão e impulso financeiro para artistas – Raw Power Management”.
“Foi a melhor emoção que alguma vez senti”, Pedro Bessa, sobre a atuação em Lousada
Apesar de ter sentido necessidade de emigrar, Pedro considera Portugal “um excelente país”. O músico destaca a cultura gastronómica e artística e acha que os portugueses deviam ter mais orgulho no seu país. “Onde quer que vamos, sempre que conhecemos alguém que visitou ou morou em Portugal, essa pessoa só fala bem do nosso país. Raros são os casos contrários. Eu tenho muito orgulho em ser português”, frisa.

O mesmo orgulho tem em ser lousadense: “Para mim, Lousada é mais que uma mera vila. Ser lousadense é um estilo de vida. Ninguém é como o nosso povo. Somos muito trabalhadores, felizes, aguerridos e festeiros”, diz, com satisfação. Por isso, nesta “viagem fantástica” dos Louzada, tem especial destaque o concerto nas Grandiosas de 2018. “Como o nosso baixista – Ted – diz, foi uma experiência inesquecível. Atuamos para uma multidão de pessoas e sentimos nesse momento que era isto que estávamos predestinados a fazer, que é isto que queremos para as nossas vidas. Foi a melhor emoção que alguma vez senti”, confessa.

Quem são os Louzada?
Inspirado no concelho de Lousada, o nome da banda foi sugerido pelo produtor e bem acolhido pelos membros, dois dos quais eram de Lousada, muito orgulhosos das suas origens. Depois foi dar um toque especial e nasceu “Louzada”: “Trocamos a letra “s” por “z” para tornar o nome mais comercial e universal, e porque também dá um ar mais ‘cool’ ”, justifica.
A ideia de formação de uma banda não era nova: “Sempre tivemos presente a ideia de uma formação clássica das grandes bandas de Rock, como os Aerosmith, Guns N’Roses”. Assim, nasceu uma banda de hard rock “com um som peculiar”: “uma espécie de fusão entre o “old school rock’n’roll” dos anos 80/90 com o hard rock mais moderno e melodioso dos anos 2000 e 2010”, caracteriza Pedro. “O nosso atual guitarra ritmo é um membro novo, que começou a tocar connosco há duas semanas e veio acrescentar um som mais cru à sonoridade da banda”, explica.
Neste momento, a banda integra 4 membros: Izzy Taylor (bateria), Ted Phipps (baixo), Johnny Hail (guitarra ritmo) e Jason Payne (o Pedro, vocalista e guitarra “lead”).

Primeiro EP para breve
Os fãs podem contar com o primeiro trabalho em breve, pois a banda está a acabar a gravação do primeiro EP.
O caminho da consagração já está a ser percorrido, estando a banda na 12.ª posição das bandas mais ouvidas em Londres na plataforma da Reverbnation. Não é, contudo, um caminho fácil, como explica o músico: “É preciso persistência, muito trabalho e treino, liberdade criativa e o fator da diferença. Gostamos de pensar que não somos apenas mais um grupo de Rock que toca música com muitos decibéis e guitarras distorcidas. Nós acreditamos que temos um som único, que nos distingue e que isso nos poderá levar a atingir uns voos altos”. Pedro acredita que a paixão e a determinação dos jovens que integram a banda permitirão modernizar a inspiração que têm nos grandes ícones do rock e explorá-la de diferentes formas.
Relativamente às influências, Pedro explica que estas podem ser notadas por instrumentista: “John Bonham tem uma grande influência no estilo da performance do Izzy, a energia do Ted e a sua fantástica presença de palco deriva dos AC/DC; o Keith Richards influencia a forma de o Johnny tocar guitarra e de se apresentar em palco; na minha forma de tocar guitarra o Slash é a minha principal influência e na voz provavelmente é entre o Eddie Vedder dos Pearl Jam e o Bono Vox dos U2”.

Os primeiros tempos dos Louzada são descritos como uma “autêntica viagem fantástica”. Um ano com mais de 50 atuações, um lugar dentro do circuito da música ao vivo londrina e a atuação no prestigiado Camden Rocks Festival, no dia 1 de junho, são apenas algumas das evidências do sucesso. “As coisas não poderiam estar a correr melhor. Estamos muito gratos por ver que todo o nosso trabalho tem sido recompensado”, diz.
Mas o sonho da banda é ser um “grande e respeitado grupo de música na indústria musical”. “Almejamos conseguir isso sem nunca vendermos a nossa arte para facilitar o acesso a esse objetivo”, salienta. Pedro confessa-se ambicioso. Ter uma banda com uma grande reputação mundial e ser o melhor naquilo que faz: assim se resume o sonho de Pedro Cabanelas Bessa. É para isso que trabalha arduamente, mas sabe que há um caminho longo pela frente. “Quando se sonha, é sempre possível. É com esta mentalidade que cresci e é com esta mentalidade ambiciosa que defino a minha personalidade”, afirma.
O processo de criação
Normalmente é Pedro quem costuma compor as bases da música. Embora haja algumas exceções: “Por exemplo, o nosso baterista fez a estrutura da música Drown e da You’re Gone, o Ted está neste momento a acabar uma música há já uns meses e ainda teremos que o conhecer melhor e começar a trabalhar com o nosso novo membro, Johnny, na escrita de músicas”.
Pedro destaca o trabalho de conjunto: “Estamos juntos a escrever e a pensar no que pode ser melhorado, no que está a mais na música e no que está a menos. Eu nem posso chamar de música à base que escrevo. Prefiro designar isso como uma ideia de acordes organizados, visto que até pode soar bem, mas nunca soa a uma música feita. O trabalho é feito mesmo a 50:50 na escrita das músicas. Achamos que é desrespeitador chegar a uma banda com uma música já feita e dizer ‘toquem estes acordes assim’. Nós somos uma equipa, temos todos de colaborar de forma igual e é isso que fazemos”.

A inspiração para a composição está no dia a dia e, às vezes, até nas pequenas coisas: “os livros que leio, as experiências de vida que, o meu estado de espírito e as coisas que visito, vejo e ouço. Já escrevi uma música inspirada apenas no facto de eu estar a observar o comportamento das pessoas num café. É algo que parece banal e simples, mas na verdade tem muito que se lhe diga: quando tiramos tempo para observar o que nos rodeia, temos mais consciência do que está a acontecer e, como estamos a vivenciar o mundo à nossa volta, estamos a tirar ilações e a julgar o que estamos a ver ou a ouvir. Esse exercício de reflexão sobre a observação, inspira-me muito na escrita das músicas”, explica.
“Tenho que deixar um especial agradecimento à equipa do CVS, nomeadamente à professora Fernanda, por me ter apoiado a prosseguir os meus estudos de música; ao professor Sílvio, por me ter ajudado a desenvolver como músico; ao professor José Corvelo, por me ter ajudado a desenvolver como cantor, e ao professor José Ferra, que foi a pessoa que me mostrou o que era uma guitarra elétrica, o que era o Rock e me deu a conhecer um mundo musical que eu desconhecia. Tenho que agradecer ao professor Paulo Peres, do Conservatório de Música do Porto, visto que me fez suar muito e sempre exigiu o melhor de mim. Aprendi com ele que ser bom é banal. Temos que ser sempre excecionais naquilo que fazemos. Também tenho que agradecer, mais uma vez, ao professor Óscar do CMSM, porque, para além de ter sido o professor que mais me impulsionou como músico, guitarrista e ser humano, foi mais que um mero professor para mim, tornando-se um amigo meu. Tenho que agradecer à minha família, por me ter apoiado, em especial à minha mãe, por ser o meu maior ídolo e fonte de inspiração, e ao meu pai, por todos os dias me ligar com novidades, conselhos e propostas de marketing para impulsionar a minha banda. No fundo, tenho que lhe agradecer o facto de ele viver tanto a banda como os seus membros. E, por último, gostava de encorajar todas as pessoas a seguirem os seus sonhos e aspirações: a vida é curta de mais para sermos normais. Sejam vocês próprios, lutem pelos vossos objetivos e, só assim, poderão dizer que valeu a pena ter vivido. Como dizia um sábio filósofo – Sócrates: “uma vida não examinada, não vale a pena ser vivida.” |
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